Resenha: A Morte da Luz, de George R. R. Martin

Eu prometi a mim mesma, desde que comecei a fazer resenhas de livros aqui no Saga, que não falaria de livros ruins que tive o desprazer de ler. Mas acho que devo deixar para cada um o direito de ler ou não o que indico por aqui. E mesmo que eu não tenha gostado, não quer dizer que você também não goste. O livro de hoje é um que me fez perder tempo.

O livro
A Morte da Luz é o primeiro livro do aclamado autor de As Crônicas de Gelo e Fogo, que deu origem à série Game of Thrones, da HBO, George R.R. Martin, publicado em 1977. Ele fala sobre um planeta errante chamado Worlorn, cuja glória do passado levou povos de diferentes outros mundos a criar imensas cidades para um festival maravilhoso. O planeta estava em um sistema formado por 6 estrelas amarelas e pequenas quando comparadas à gigante vermelha que rodeavam, formando o sistema Roda de Fogo.

Resenha: A Morte da Luz, de George R. R. Martin

Dirk t’Larien, um dos personagens principais, recebe então uma joia-sussurrante, capaz de armazenar e buscar memórias de um amor esquecido. Quem a enviou foi Gwen Delvano, sua amada Jenny, voltando à uma promessa antiga estabelecida por ambos: se quisessem se reencontrar, em qualquer momento do futuro, bastava mandar a joia para o outro, que ele ou ela voltaria. Dirk tentou por muito tempo voltar para sua Jenny, sem sucesso. Mas então, Gwen enviou a joia para Dirk em uma situação totalmente inusitada: ela era betheyn (um tipo de escrava-esposa) de um Jadeferro e seu irmão de caça, de Alto Kavalaan, um planeta próximo.

Como é característico de Martin, o livro tem muitos nomes, designações, tradições e uma excessiva (ou obsessiva?) fixação por nomes e o que eles significam. Em um dado momento, Gwen dá um esporro em Dirk que insiste em chamá-la de Jenny e diz que esse nome não deve ser mais usado, pois ela se sentia mal com ele, diminuída, sem se sentir quem de fato era. Enquanto todo esse imbróglio com Gwen anda e desanda, ata e desata, Dirk fica conhecendo a situação complicada em que Jenny se encontra com os irmãos Jadeferro.

O problema do livro? Todos, apesar de gostar muito da escrita do Martin. Até porque você lê, lê, lê, chega no final e nada, NA-DA se resolve. Você é jogado em um universo com tantos nomes, tantas designações, tantos detalhes culturais e mundos diferentes, que precisa consultar o Glossário o tempo inteiro. E ainda assim se perde, pois já não sabe mais o que é o que e tem que voltar o parágrafo constantemente para entender a complicada situação de Jenny, que te obriga a dar várias voltas no mesmo lugar e quando chega no final, nada acontece.

Foi bastante frustrante ler toda aquela verborragia para no final não chegar a lugar algum. Curto muito a construção de mundo que Martin cria, mas sinto que A Morte da Luz teria sido melhor aproveitada se fosse um conto, algo mais imediato. Não funciona romance. Talvez na época em que foi lançado, em 1977, ele funcionasse, mas nos dias de hoje sinto que ele parece datado.

O livro em si está bem traduzido por Marcia Blasques e não encontrei problemas de revisão ou diagramação. Li o ebook, então não sei dizer como está a edição física. Infelizmente, a editora Leya parou de publicar ficção especulativa no Brasil, então alguns desses títulos estão esgotados ou só são encontrados em sebos.

Obra e realidade
O aspecto mais legal do livro é o fato de o enredo se passar em um planeta errante, já que a ciência falou muito sobre isso a pouco tempo com a descoberta de planetas que não orbitam nenhuma estrela pelo universo. Worlorn acabou se fixando no sistema Roda de Fogo depois de muito vagar pelo espaço e depois de tanto atrair civilizações, é um mundo moribundo.

Além disso, é possível ver culturas diversas que se estabeleceram no espaço depois de sair da Terra muito tempo antes. Quanto mais distante dela, mais diversas ficaram algumas civilizações e em alguns aspectos acabaram até meio medievais, com pactos de sangue e caçadas em planetas distantes ou exóticos. Poderia essa ser uma tendência depois de tanto tempo longe do planeta de origem? Algo a se pensar na nossa futura colonização do espaço.

George RR Martin

George R. R. Martin é escritor e roteirista, formado em Jornalismo, com mestrado na mesma área. De família pobre, já desde criança era um ávido leitor de quadrinhos e contos, escrevendo seus primeiros ainda na década de 1970. Hoje é considerado um dos mais influentes escritores e roteiristas do mundo, mas no início da carreira uma de suas histórias foi recusada por revistas nada menos que 42 vezes.

Pontos positivos
Livro do Martin
Escrita madura
Boa análise da civilização humana

Pontos negativos
Final em aberto
Excesso de nomes, detalhes, culturas
Enredo confuso

Título: A Morte da Luz
Título original em inglês: Dying of the Light
Autor: George R.R. Martin
Tradutora: Marcia Blasques
Editora: Leya
Páginas: 336
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Avaliação do MS?
Ahhh, bem. Vejamos. O livro certamente trouxe um assunto interessante quando fala sobre o planeta em si, seu sistema estelar, a complexidade das culturas retratadas, mas nem de longe lembra o fenômeno de As Crônicas de Gelo e Fogo, onde até os livros chatos merecem ser lidos. A Morte da Luz, por ser o primeiro, pode de fato apresentar problemas, mas eu esperava uma coisa e encontrei outra completamente diferente. A avaliação mais baixa até agora, dois aliens para Martin.


Até mais!

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