Looper: um clichê bem trabalhado

Ficção científica tem estado engessada em alguns sub-gêneros, sabemos disso e eu trato deste assunto com bastante frequência aqui no Saga. Quando um filme é lançado, sabemos que ele, em geral, trará mais do mesmo. Eu não sou contra os clichês, mas eles precisam ser bem trabalhados, precisam se tornar interessantes para não caírem nas mesmices conhecidas. Acho que Looper se enquadra num bom clichê.

Looper: um clichê bem trabalhado



O filme saiu com o nome Looper, Assassinos do Futuro, aqui no Brasil. Foi lançado em 2012 e causou reações variadas dos expectadores. Uns amaram, outros odiaram. Eu devo dizer que curti o filme. Comecei a assistir achando que seria só mais do mesmo, mas o modo como a viagem no tempo foi abordado consegue cativar o público.

O filme se passa em 2044. A viagem no tempo foi inventada no futuro mais a frente e é usado pelas organizações criminosas para se desfazer de seus desafetos. Eles os enviam para o passado onde os loopers - um tipo de assassino de aluguel - recebe para terminar o serviço. É uma maneira eficiente de se livrar do corpo.

No futuro um tal de Fazedor de Chuva (tradução livre) começa a se desfazer dos loopers, que são avisados no tempo presente e pagos, tendo 30 anos para viverem na boa até serem enviados para o passado e eliminados. O problema começa quando Joe, um looper viciado e que está juntando uma pequena fortuna, se depara com o seu eu mais velho, enviado para a execução.

O Joe novo percebe que seu eu mais velho vai estragar seus 30 anos seguintes e decide cumprir sua missão. O Joe mais velho, regenerado de uma vida de drogas e assassinatos sai em busca do tal Fazedor de Chuva, ainda criança, para mudar sua própria realidade. Em algum momento enquanto você assiste, parece que são dois filmes diferentes. A primeira parte repleta de ação e cenas vibrantes, seguida de uma parte carregada na tensão psicológica que te prende até o final.

Uma pequena parte da população humana apresenta a capacidade de telecinese - capacidade de mover objetos com a mente - e esse fato, quase sobrenatural, pouco explorado no começo, torna-se vital no final para compreender o final do enredo. O filme volta para o início, em uma bela demonstração de como alterar situações no presente inexoravelmente muda o futuro também. E como Joe tem a capacidade de alterar ou não esse futuro com um único ato.

Este é um enredo já meio batido pela ficção científica. Posso citar N filmes com estas características de viagens no tempo, assassinatos e terror psicológico e que ficaram péssimos. Mas a forma criativa com a qual o clichê foi trabalhado e a ótima atuação de Joseph Gordon-Levitt (o Joe mais novo) tornam Looper um grande filme, talvez uma das melhores ficções científicas de 2012.

Looper

Ray Bradbury trabalhou com este tipo de viagens no tempo - ao passado para alterar o futuro - em um de seus melhores contos Um Som de Trovão, que você ler na íntegra neste link. Podemos dizer que assim como HG Wells fez com o futuro, Bradbury inspirou filmes cujos enredos tentam mudar o passado. Alguns filmes saíram um desastre, porém Looper conseguiu usar o clichê para criar um filme. E se tem algo que Bradbury mostrou com maestria em seu conto é o quanto uma ação de aparência insignificante causa tamanho impacto no futuro.

Eu curti Looper, e você? Já assistiu? O que achou? Se não assistiu, ficou animado? Deixe seu comentário, até mais!

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