A primeira pessoa a usar o termo foi Gardner Dozois, um dos editores da revista Science Fiction. Mas o termo se popularizou com as novelas cyberpunks de William Gibson, começando com Neuromancer (que inspirou Matrix) e com as suas continuações - Count Zero e Mona Lisa Overdrive. Surgiu por volta dos anos 80, que foi sua época de maior destaque, em especial com todas as mudanças mundiais que vinham acontecendo.
High tech, Low life, essa é a principal descrição de um ambiente cyberpunk. É a combinação entre cibernética e punk, descrevendo um lugar controlado por tecnologias da informação num ambiente de dominação ou destruição da sociedade, da revolta de seus cidadãos e da degradação do estilo de vida. As sociedades são marginalizadas em sistemas avançados culturalmente, mas o povo é controlado por um governo opressivo, uma religião fundamentalista, um computador ou sistema dominador, ou um conjunto de corporações.
É o estilo mais underground que surgiu para se contrapor ao estilo de ficção científica que vinha se impondo com as utopias, como Jornada nas Estrelas. Dificilmente as coisas acabam bem nesses ambientes suburbanos, sujos e caóticos. As novelas cyberpunks também costumam associar a tecnologia ao corpo do ser humano. São comuns os implantes para melhorar a performance, sendo em geral implantes cerebrais e oculares. Tanto que muito do enredos se desenrolam neste ciberespaço, termo surgido deste gênero. Esta é a parte cyber.
A parte mais interessante do estilo cyberpunk, que poucos sub-gêneros ou estilos focam, é dar destaque ao que o sistema cultural humano sempre deu pouco valor: os criminosos, os excluídos, visionários, párias, os dissidentes. Aqueles que vivem à margem da sociedade se tornam os heróis, mesmo que imperfeitos, para libertar o sistema ou a si próprio de uma dominação. Não existe aqui o ideal perfeito de um herói sem defeitos, puro e de boa índole, mas sim pessoas inspiradas no ser humano, capazes de grandes feitos e de grandes bobagens. Esta é a parte punk.
Os cenários sempre são urbanos, escuros, pessimistas, sujos, degradados, num futuro próximo e bastante familiar. A ambiguidade natural do ser humano aparece com frequência e seus heróis em geral não querem participar de nenhum projeto ambicioso para salvar o mundo. Eles entram por seus próprios motivos, ou por acidente e querem apenas levar o seu. A tecnologia que hoje nos é avançada dificilmente é explicada e aparece como algo comum e muito banal. Viagens espaciais não são frequentes, os enredos limitam-se à boa e velha Terra, poluída e super populosa, imersa num cenários pós-guerra. É talvez o primeiro enredo a tratar do controle das mega corporações na vida das pessoas, ao invés dos governos.
Obras de referência:
Até mais!
Ótima matéria, tenho me interessado pelo tema mas ainda não sabia muito sobre. Parabéns.
ResponderExcluirMeu Deus eu estava a procura de uma matéria como essa, estou muito feliz por ter achado uma tao bem escrita como a sua. ESTA MUITO DE PARABÉNS VIU <3
ResponderExcluircurti o artigo! gosto do estilo literário e estou estudando bastante... obrigado pelas fontes
ResponderExcluirMuito claro e explicativo artigo, além de saborosa leitura...gostei.
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