Os refugiados ambientais

O clima está mudando e todos estamos sentindo isso. Quem mais sofre com as mudanças são os países pobres, enquanto os ricos ainda adotam posturas tímidas, sem se engajarem de verdade com o futuro da humanidade. As consequências regionais e locais das mudanças climáticas criaram um novo tipo de refugiado no mundo: os refugiados ambientais.

refugiados do clima



Mudanças climáticas são um evento constante na história do planeta. Mas o planeta nunca teve uma população humana na casa dos 8 bilhões consumindo recursos naturais em ritmos alarmantes, com pouca consciência ambiental envolvida neste consumo. E isso castiga pesadamente todos aqueles que justamente dispõem de poucos recursos. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), um refugiado é:

(...) uma pessoa que está fugindo de onde vive por conta de perseguição à sua raça, religião ou nacionalidade.

No entanto, uma pessoa pode abandonar seu lugar de origem ou lugar onde vive se as condições do meio ambiente se tornarem instáveis o suficiente para impedir seu modo de vida. Desta forma temos os refugiados ambientais, refugiados do clima ou migrantes climáticos. São aqueles que precisam buscar condições de vida favoráveis em outras regiões ou até mesmo países, porque não tem condições de sobreviver.

Estimativas apontam que até 2020 existirão cerca de 50 milhões de pessoas expulsas de seus lares pelas mudanças climáticas, com uma previsão de até 100 milhões em 2050. Seca, erosão, desertificação, desmatamento, perda de terras aráveis, seca de rios e processos de degelo são os principais motivos para o êxodo. O termo "refugiados ambientais" foi criado em 1985 pela divisão do Meio Ambiente da ONU, referindo-se às pessoas que foram forçadas a deixar seu habitat tradicional, temporária ou permanentemente, por causa de uma perturbação ambiental acentuada (natural e/ou desencadeada por pessoas) que comprometeu sua existência e/ou afetou seriamente a qualidade de vida.

  • aqueles que se refugiam em decorrência de um desastre natural;
  • aqueles que se refugiam em decorrência de um evento de destruição ambiental que põe em risco a saúde da população;
  • aqueles que se deslocam permanentemente em função de mudanças insustentáveis no local de moradia.

Meio ambiente é de difícil conceituação, mas sua principal função é garantir o bem-estar. O ambiente influencia no bem estar das populações - e aqui me refiro a todos os seres vivos, não somente seres humanos. Qualquer desequilíbrio neste ambiente e nossa qualidade de vida e bem estar são afetadas.

A tragédia maior destes refugiados é que os processos de mudança climática atingem mais os países pobres do que os ricos e desenvolvidos. Bangladesh, já bastante sacrificado por tufões, elevação dos níveis dos oceanos, derretimento das neves eternas do Himalaia, enchentes e regime de monções desregulados, possui refugiados na casa dos milhões e os únicos países vizinhos que poderiam recebê-los - Índia e Mianmar - não veem os bengalis com bons olhos. Ou seja, a tragédia humana vira um jogo de empurra-empurra que ninguém quer assumir.

As regiões que mais serão afetadas e hoje já apresentam casos severos de migrações por conta das mudanças climáticas são:

  • os deltas como do Nilo, Ganges, Mekong e Bhramaputra;
  • faixas litorâneas como o sul dos Estados Unidos;
  • regiões semi-áridas como o nordeste brasileiro, região do lago Chade e o interior da China;
  • sistemas insulares no Pacífico, como Tuvalu;

A Convenção de Genebra, em 1951, reconheceu o status de refugiado, mas este status precisa ser ampliado também para os que estão fugindo das severas mudanças do clima em seus países de origem, em especial para fazer valer os Direitos Humanos, que defendem o direito de viver e de ter acesso ao alimento, água e dignidade, entre outros. Este já seria um avanço significativo para estes povos, já que a sociodiversidade também se perde quando um grupo étnico perde seu lugar de origem. Acredito que estamos muito longe disso e que a situação tende a piorar.

Até mais.


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