A menos que você esteja acessando este texto diretamente da Idade Média, você é morador de uma aglomeração urbana, não interessando o tamanho dela. Mas o futuro das cidades é grandioso, não porque farão sucesso, ao contrário, algumas entrarão em decadência justamente pela superaglomeração. Elas incharão e poderão entrar em colapso.
Uma megacidade é uma cidade muito grande, normalmente com uma população de mais de 10 milhões de pessoas. As definições precisas variam: o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas em seu relatório "Perspectivas de Urbanização Mundial" de 2018 contou aglomerações urbanas com mais de 10 milhões de habitantes.
A tendência hoje é que o mundo seja cada vez mais urbano e digital. Cidades planejadas ao custo de bilhões surgem na Índia, França e China, prontas para os desafios do século XXI. Mas e quanto às outras? O que as levou a este padrão caótico, com periferias e bolsões de pobreza que existem em cidades como São Paulo e Nova York?
Estimativas da ONU apontam que em 2015 o mundo contará com 23 cidades com mais de 10 milhões de habitantes e 600 cidades com mais de 1 milhão, 400 delas em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Os três últimos séculos registraram aumentos cada vez mais significativos da população urbana em grande parte devido ao êxodo rural, aumento populacional e pela Revolução Industrial, que deu nova importância aos centros urbanos.
As cidades passaram por um período de grande desenvolvimento na Antiguidade, mas após a queda do Império Romano, elas decaíram e muitas desapareceram no Ocidente, para no século XV voltarem com força em especial devido às rotas comerciais reabertas pelas Cruzadas. Em geral estas cidades no estilo clássico possuem uma igreja ou catedral em seu centro, tanto que na Inglaterra do século XVIII só era considerada uma cidade uma vila que contivesse uma igreja. Basta notar por exemplo na maior cidade da América Latina - São Paulo - que em seu centro tem a Catedral da Sé.
Se essas megacidades quiserem sobreviver, elas precisarão resolver megaproblemas. Precisarão ser autosustentáveis em especial no que diz respeito ao lixo e à água. São Paulo já coleta água de Minas Gerais e ainda não é suficiente para a população de 11 milhões hoje, quanto mais daqui cinquenta anos. Quanto ao lixo, por dia, a cidade produz o equivalente ao estádio do Pacaembu até a boca e a maior parte não passa por coleta seletiva. Além de não ter mais espaço. A região metropolitana de Tóquio já passa dos 35 milhões de habitantes e São Paulo está pressionada entre as serras da Cantareira e do Mar, não tendo mais para onde expandir.
Eu sou da opinião que as cidades devem ser menores, pois desta maneira é mais fácil gerenciar. Uma mega cidade precisa de uma megagestão, que infelizmente não resolve os problemas em quatro anos de um prefeito. Desta maneira, cresceram as periferias, as favelas e os cortiços, na sombra de gestões imperfeitas e na falta de espaço para as cidades crescerem.
A alternativa? Voltar para a Idade Média e voltar para o campo, rodeando um castelo não é bem uma opção. Seria mais fácil o país estimular as aglomerações de médio e pequeno porte do que levar todos os investimentos para uma única metrópole que vai articular todas as outras da região. Já é possível ver algumas mudanças, como que cidades do interior se desenvolveram em pouco mais de trinta anos, mas o futuro das cidades vai depender em grande parte da sua capacidade de se reinventar. Elas fizeram isso na Idade Média, podem nos surpreender ainda.
Até mais!
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