São Paulo, Brasil

10 mulheres incompreendidas na Grécia Antiga

A mitologia grega antiga apresenta muitas mulheres marcantes e admiráveis, como a deusa Atena e a heroína Atalanta. Porém, existem inúmeras outras mulheres que ganharam uma má reputação por falta de conhecimento ou um conhecimento superficial sobre seu passado, ou ainda por ações de homens de suas vidas que as levaram a ações impensáveis. Algumas seguem incompreendidas até hoje, sendo que foram as verdadeiras vítimas. Vejamos então as dez mulheres míticas mais incompreendidas da Grécia Antiga.

10 mulheres incompreendidas na Grécia Antiga

Lembrando que essa lista é pessoal! Lembrando também que os personagens dos antigos mitos gregos não são necessariamente “maus” nem “santinhos”. Estes termos e arquétipos surgiram muito depois. Na religião pagã grega, os deuses e deusas eram semelhantes aos humanos, ou seja, possuíam características negativas e positivas. Com isso em mente, devemos entender que os gregos antigos não necessariamente julgavam essas heroínas da maneira como julgamos hoje. Mas uma coisa que a gente deve se perguntar é por que tantos monstros mitológicos ou pessoas que cometeram crimes hediondos são mulheres enquanto homens que cometeram os mesmos crimes não são julgados da mesma maneira.

10. Hera
Hera
Hera, a deusa do casamento, do parto da mulher e da família, é uma das personagens mitológicas mais vingativas e agressivas, punindo as mulheres com quem Zeus a traía e seus filhos ilegítimos de formas bastante cruéis. Mas é preciso também entender seu passado e como Zeus praticamente fazia gaslight com Hera o tempo todo com suas puladas de cerca. Hera foi comida viva por seu pai, Chronos, até ser finalmente resgatada por seu irmão, Zeus. No final, ela foi forçada a se casar com ele e testemunhar suas infidelidades, sem reclamar, ao longo das eras. Como protetora da sanção do casamento, a própria personificação da união marital, ela queria proteger seu próprio casamento de quaisquer forças externas, mas escolheu os alvos errados. Será que ela está à altura de sua terrível reputação? Hera pode ter sido a primeira deusa a quem os gregos dedicaram um santuário com teto fechado, em Samos cerca de 800 a.C..


9. Pandora
Pandora
O mito de Pandora e sua caixa já caiu no senso comum faz tempo. Pandora era uma mulher parecida com um robô; uma criação de Zeus e Hefesto que foi oferecida à humanidade como “presente” e “maldição” ao mesmo tempo. Assim como Eva no mito da criação, Pandora é frequentemente acusada de ser a mulher que condenou a humanidade ao abrir uma caixa que continha todos os males. Mas se olharmos atentamente para os detalhes do mito, se alguém é o culpado aqui, seria Zeus. O rei dos deuses e deusas do Olimpo queria dar algumas desvantagens aos humanos, já que eles tinham adquirido o fogo, permitindo-lhes criar inovações tecnológicas avançadas. Pandora tinha livre arbítrio mas, ao mesmo tempo, foi criada de uma forma que predeterminou a abertura da caixa. Os deuses deram a ela o traço da curiosidade e então ofereceram a ela uma caixa destrancada e disseram a ela para nunca abri-la. Pandora ficou mesmo curiosa, ela foi feita desta maneira, mas não teve más intenções quando a abriu. Ela era simplesmente um peão no plano de Zeus.


8. Clitemnestra
Clitemnestra
Clitemnestra entrou para a história como sendo a mulher que assassinou seu marido Agamenon, rei de Micenas, com a ajuda de seu amante. Mas nem todo mundo compreende porque ela cometeu tal crime. Clitemnestra, irmã de Helena de Troia, teve uma filha, Ifigênia. Quando Helena foi sequestrada por Páris e levada para Troia, Agamenon reuniu sua frota e seus homens para ajudar Menelau, o marido de Helena, a trazê-la para casa. No entanto, os ventos eram fracos e eles não conseguiram navegar. De acordo com um presságio, a deusa Ártemis teve que ser apaziguada com o sacrifício de Ifigênia, filha de Agamenon. O homem sacrificou sua própria filha e depois navegou para Troia e voltou com uma concubina chamada Cassandra. Clitemnestra ficou furiosa com o fato de seu marido ter matado a filha e depois ter a audácia de voltar para casa com sua amante. Ela o matou e Agamenon ficou lembrado como um herói da guerra de Troia, enquanto ela é lembrada como a esposa ciumenta que matou o marido.



7. Electra
Eletra
Muitos conhecem Electra do complexo neofreudiano, de Carl Jung, uma contrapartida feminina do complexo de Édipo, que descreve a hostilidade de uma filha em relação à mãe. Electra é um personagem da mitologia grega antiga e de inúmeras tragédias gregas. Era filha do rei Agamemnon e sua rainha Clitemnestra, irmã de Orestes, Crisótemis e Ifigênia. Quando Agamenon voltou para casa, ela estava fora de Micenas e não sabia de seus atos hediondos. Assim que voltou para casa e soube que sua mãe havia matado seu pai e agora vivia com seu amante, Electra planejou o assassinato de Clitemnestra com a ajuda de seu irmão, Orestes. Não sabemos quais os sentimentos de Electra, nem se adorava o pai ou se sempre foi hostil com a mãe, apesar da crença popular, mas Medeia talvez tenha pensado que seu pai precisava de justiça, algo que ninguém mais poderia prover.


6. Medeia
Medeia
Medeia é uma personagem bastante conhecida pelas pessoas, sejam elas interessadas na mitologia grega antiga, em drama ou não. Ela era sobrinha de Circe, sacerdotisa de Hécate, e, como você pode imaginar, esses dois fatos são mais que suficientes para colocá-la na categoria de “mulher má”. Medeia é conhecida por assassinar seus filhos, mas precisamos entender como ela foi levada a isso. Originalmente, Medea era a princesa da Cólquida e foi usada pelas deusas do Monte Olimpo como um peão em seus planos para ajudar Jasão a fugir com o velo de ouro. Medeia foi cegada pelas flechas de Eros e se apaixonou perdidamente. Isso significava que ela faria qualquer coisa para impedir algo ou alguém que se interpusesse entre ela e Jasão. O herói não tinha nenhum sentimento por ela, mas se casou com Medeia para receber o velo de ouro e assim ganhar poder. Depois de ter dois filhos com ela, o greguinho decidiu se casar com uma mulher mais jovem, o que a enfureceu. Ela partiu para uma matança e fugiu da cidade de Iolcos.


5. Hécate
Hécate
Hécate é uma deusa de múltiplas representações na Antiguidade. A mais predominante no imaginário contemporâneo é a da terrível deusa da magia, da escuridão, bruxaria e necromancia. Muito conhecida por sua aparição em Macbeth, de Shakespeare, Hécate ganhou essa fama na representação da deusa em Roma. Divindade ctônica, o que significa que residia sob a superfície da Terra e não no Monte Olimpo com Zeus e o resto dos deuses e deusas, Hécate foi associada no cristianismo e nas religiões monoteístas como sendo uma deusa do submundo, um lugar de punição e um lugar onde reside o mal, ao contrário do céu. Mas ela era uma das divindades menos malignas da mitologia pagã. Ela até poderia ajudar uma pessoa a amaldiçoar alguém, mas não cometeu nem um terço dos crimes de outros deuses e deusas de melhor reputação. Hécate pode ter origem na Cária, na Anatólia, onde variações do seu nome são usadas ainda hoje para dar nome a crianças.


4. Helena de Troia
Helena de Troia
Helena de Troia foi uma das primeiras “esposas-troféu” da história. Considerada a mulher mais bonita do mundo em sua época, acreditava-se que ela era filha de Zeus e Leda, e era irmã de Clitemnestra, Castor e Pollux, Philonoe, Phoebe e Timandra. Foi casada com o rei Menelau de Esparta e depois sequestrada por Paris de Troia ou enganada para segui-lo até Troia. Este ato acabou manchando sua reputação para sempre, pois a acusam de ter sido a deflagradora da terrível e sangrenta Guerra de Troia e por ser a fonte de tantos males que se seguiram. Porém, mesmo sem fazer nada, Helena acabou tendo sua reputação manchada, pois ela era a causa de discórdia entre dois homens, Menelau e Páris sem ter feito algo. Sua reputação foi restaurada em uma peça de Eurípides, onde o autor condena a guerra e a hostilidade como raízes de todos os males, e retrata Helena como uma personagem franca, confiável e incompreendida.


3. Circe
Circe
Circe era uma poderosa feiticeira que nos foi apresentada na Odisseia, de Homero e em outras lendas. Ela é conhecida como a “bruxa má” da mitologia grega antiga e inspirou uma supervilã fictícia que aparece na DC Comics com o mesmo nome. Profunda conhecedora de venenos, considerada a deusa da feitiçaria, será que ela era realmente tão ruim? Circe teria usado suas poções e poderes mágicos para transformar seus inimigos em animais e manter os homens que ela desejava como cativos. Odisseu foi um desses homens. Ela definitivamente não era uma santa, mas, se você contar e avaliar os crimes que ela cometeu na Odisseia com os cometidos por Odisseu, ela é bastante inocente. Sua história foi recontada por Madeline Miller num livro maravilhoso, onde Miller deu uma humanidade a Circe que não existia nos mitos antigos, nem na Odisseia, onde ela acaba derrotada pelo sagaz Odisseu, fazendo-a implorar por misericórdia.


2. Lâmia
Lâmia
Fãs da mitologia, de vampiros e de The Witcher talvez se lembrem de Lâmia, um monstro mítico que tomava a forma de uma mulher para seduzir os homens e se alimentar deles. Ela também era conhecida por sequestrar bebês de seus berços. Mas por que ela tinha como alvo homens e por que estava sequestrando bebês em primeiro lugar? Lâmia foi outra vítima de uma injustiça causada por Zeus. Lâmia seria uma rainha líbia violentada por Zeus, deixando-a grávida. Outras versões do mito dizem que ela era amante de Zeus e mãe de vários de seus filhos. Hera ficou furiosa não com o marido, mas com Lâmia e decidiu punir a vítima matando seus bebês e amaldiçoando-a com a incapacidade de dormir. Lâmia ficou profundamente traumatizada e se transformou no monstro que conhecemos hoje. Sua aparência varia de lenda, mas em geral ela é representada como uma mulher com corpo de serpente.


1. Medusa
Medusa
A personagem feminina mais incompreendida da mitologia grega antiga é a Medusa. Um monstro aterrorizante com cobras venenosas na cabeça assustaria qualquer um. Aqueles que olhassem para seu rosto se transformariam em pedra, mas ela foi finalmente morta pelo herói grego Perseu, que usou sua cabeça como arma. Medusa foi interpretada por Freud como uma representação do medo da castração em meninos. No entanto, a Medusa agora é considerada um símbolo da raiva feminina contra a violência de gênero. Medusa já foi uma mulher, estuprada por Poseidon no templo da deusa Atena. A deusa então decidiu culpar a vítima pelo ataque e a transformou em um monstro com cabeça de serpente que ninguém seria capaz de olhar sem virar pedra. Como resultado, Medusa se escondeu em uma caverna na ilha em que residia e, embora ela mesma não tenha cometido nenhum ato hediondo, foi morta por Perseu e sua cabeça foi usada como arma contra seus inimigos. Quer coisa mais injusta e incompreendida do que essa?

Até mais!

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