Uma nave alienígena imensa paira sobre a África do Sul. Em meio ao rebuliço geral, ao pânico, às questões que são feitas, as autoridades decidem entrar na nave e encontram alienígenas doentes, sucumbindo à alguma enfermidade que, ao que parece, não acomete seres humanos. Ilhados na Terra, sem ter como voltar para casa, eles são alocados em campos de refugiados pobres e insalubres, morando em barracos, disputando comida e vivendo à mercê de gangues e aproveitadores. É um apartheid espacial, uma reimaginação do apartheid que existiu na África do Sul, só que com ETs.
O que realmente chama a atenção é que a ação se passa na Terra, e não fora dela como costumamos ver. Toda a franquia Alien, por exemplo, se baseia nessa premissa. Eles já estão aqui, encalhados, sem poder voltar, lembrando muito a franquia Missão Alien, debatendo-se com as mesmas críticas sociais dos anos 1990, afinal pouca coisa mudou de lá para cá.
Ainda mais interessante do longa é o tratamento dado a eles. O diretor acertou em cheio no tom da crítica e na violência. Capaz até de ter suavizado e olha que o fimle é sangrento e bem violento. Os humanos querem as armas, a tecnologia e tratam os aliens muito mal, extorquindo-os usando latas de comida de gato como recompensa. É uma situação degradante que piora com a chegada de um oficial do governo que não tem o pulso necessário para lidar com o caos do Distrito 9.
É muito fácil reconhecer a violência nas periferias, nada que um jovem negro nunca tenha experimentado ao ser parado pela polícia apenas por ser jovem e negro e andar na quebrada. O Distrito 9 é uma grande representação de quebradas do mundo inteiro, onde populações excluídas, segregadas em guetos insalubres, exploradas em sub-empregos, precisam lutar por mais um dia.
Temos aqui uma grande obra de ficção científica com a crítica social que a tornou famosa. Nossos "irmãos" vivem em condições como aquelas em países ditos desenvolvidos. Há todo um paralelo a ser traçado entre a nossa civilização com o que acontece em Distrito 9. A exploração do mais forte, a insurreição, toda a podreira da sociedade. É um filme que não ofende a inteligência do público com cenários impossíveis, pois tudo ali é muito familiar. Nós vemos aquilo, as pessoas vivem daquela maneira, sendo escorraçados pelas autoridades e impossibilitados de revidar.
Vale a pena assistir e ter em casa. Quem quiser ver o trailler, manda ver.
Até mais!
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