Um velho ditado celta diz que o momento mais escuro da noite é aquele que antecede ao amanhecer. Essa frase nunca saiu da minha cabeça. Acho que é uma metáfora inteligente, pois mexe com o lado da solidão humana, aquela que fica no escuro dos nossos pensamentos sempre ali, presentes.
Quando nos sentimos desamparados, somente enxergamos a luz após um período breve de profundo negrume. Como se fosse necessário mostrar às nossas mentes de que a luz é grandiosa e poderosa. No entanto, sem o escuro, a luz nada seria, então para que possamos entender a grandeza de um amanhecer, é preciso passar pela noite inteira, inclusive por seu período de total escuridão. Isso se parece muito com as vidas que levamos. Muitas vezes sentimos aquele desespero que parece tomar conta de nossas vidas, quando na verdade, estamos apenas preparando os olhos para a luz.
A humanidade passa por momentos como esse com frequência. Ela encara seu abismo mais vezes do que percebe, sempre ali, à beira do caos completo, margeando o penhasco que a levará à sua derrocada. Sejam doenças, desastres naturais ou provocados pelas atividades humanas, seja pela iminência de um meteorito ou cometa, nossa vida é algo transitório para o universo. A vida biológica é uma de suas emanações, mas ele pode ser tão indiferente quanto presente para nós.
O ferro de nosso sangue, o cálcio de nossos ossos se formaram há muitos milhões de anos atrás. Da escuridão do espaço profundo à função que exerce em nossos corpos, estes elementos conseguiram ver a luz e estão hoje sustentando as formas de vida aqui e, quem sabe, pelo restante do universo. Cabe à humanidade manter a cabeça no lugar e usar a força de sua inteligência para não observar demais o fundo do abismo e se sentir tentada a cair nele. O universo ainda está nos aguardando.
Até mais!
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