Resenha: O segredo final, de Dan Brown

E Robert Langdon está de volta depois de quase dez anos de hiato! Em um lançamento mundial, a nova aventura do nosso querido professor de simbologia chegou trazendo questionamentos sobre a consciência e sobre o sentido da vida. Poderá Langdon descobrir a grande conspiração que tenta destruir um manuscrito inédito?

O livro
Robert Langdon está em Praga, na República Tcheca, para assistir à palestra da neurocientista e entusiasta da noética, Katherine Solomon. Se você leu outro livro de Dan Brown, O símbolo perdido, deve lembrar dela. Solomon está prestes a lançar um livro que já conseguiu um contrato milionário com a Penguin Random House e que promete sacudir tudo o que se sabe sobre a consciência e de onde ela vem.

Resenha: O segredo final, de Dan Brown

Todos nós mentimos melhor quando realmente acreditamos na mentira que contamos.

As descobertas de Katherine têm o potencial de abalar paradigmas científicos, filosóficos e religiosos estabelecidos há séculos. Então é de se supor que isso possa incomodar alguns grupos. Mas quando um assassinato bizarro acontece, os eventos que se desenrolam a partir daí poderão deixar um rastro de destruição por Praga. Langdon e Solomon precisam ir fundo nos segredos e descobertas da consciência para descobrir quem está por trás disso.

A narrativa se divide em três lugares: o principal palco é Praga, a bela e histórica capital da Boêmia e suas principais atrações turísticas; Londres e; Nova York, mais especificamente na sede da Penguin Random House. Langdon é nosso herói por boa parte da leitura, como era de se esperar, e ele se coloca em ação quando Solomon desaparece em Praga, junto de seu bombástico livro. Ele terá que decifrar códigos e percorrer atrações da cidade na tentativa de descobrir o que houve com Katherine e, quem sabe, impedir que mais alguém morra.

Este é um dos mais esotéricos livros de Dan Brown, pois muito do que ele discute sobre a consciência não é reconhecido pela ciência tradicional, algo que a própria Katherine discute em seu livro e sua palestra. Langdon por estar apaixonado, talvez não debata o assunto com o mesmo vigor que o vimos debater sobre a verdadeira Maria Madalena, em O código da Vinci. O professor de simbologia de Harvard também tem atitudes estranhas, como acionar o alarme de incêndio de um hotel cinco estrelas e então pular em um rio congelante.

Se você já leu outros livros de Brown, sabe a paixão que ele tem por infodumps quilométricos e aqui não é diferente. As pessoas estão tomando tiros e correndo para salvar suas vidas pelas ruas de Praga e o autor ainda acha espaço para te contar que o prédio da embaixada dos Estados Unidos foi construído em 1656 por um conde perneta. As pessoas são apanhadas na rua, enfiadas em vans, traídas, decifram códigos em questão de segundos e dão aulas dignas de uma palestra de Harvard enquanto Brown nos informa que no andar da literatura infantil do prédio da Penguin Random House tem uma cafeteira Franke A1000 com tecnologia FoamMaster.

O ritmo é frenético em boa parte da leitura, mas senti que ele derrapou no final. Os vilões aqui não são tão místicos quando o tema do livro de Katherine ou um padre albino, mas são tão perigosos quanto. Mas senti que ele não resolveu muita coisa, sabe? Eles ficam discutindo moralidade e ética de uma entidade que tem bem pouca para começo de conversa e depois meio que entregam o ouro ao bandido. Sei que parece meio vago, mas não vou dar spoilers, obviamente. Não é possível que eles tenham acreditado nisso e aceitado de boas.

As partes em que Katherine explica suas descobertas são interessantes, mas Brown passa muito tempo nos dizendo do que nos mostrando. Quando ele percorria igrejas e tumbas em cidades milenares, nós víamos o que ele queria dizer, porque elas faziam parte do enredo e tinham significado para o mistério que ele estava investigando. Praga tem pontos turísticos interessantes, mas que não têm o mesmo peso para o enredo. Ela é só um cenário exótico, mas qualquer cidade teria servido para esse fim. Para quem gostava das histórias sobre as obras de arte, elas até existem aqui, mas não têm muito lugar para a narrativa. São só curiosidades.

Historicamente falando, verdades importantes muitas vezes nascem como algo impossível.

Não é um livro ruim, só é um livro OK, daqueles que fazem a gente se divertir por algumas horas, mas Brown certamente já escreveu coisa melhor e tenta repetir a fórmula. Este livro me pareceu um grande roteiro para o próximo contrato de Tom Hanks do que qualquer outra coisa. E tem também o Golem de Praga! Que percorre a cidade em botas de plataforma e casaco de couro. Lá na metade do livro já dá para matar a charada de quem ele seja, não teve surpresa alguma, se é que era essa a ideia de Brown.

O livro está bem traduzido por Fernanda Abreu e não encontrei problemas de revisão ou diagramação nele.

Obra e realidade
Uma coisa que eu admiro em Dan Brown é sua capacidade de pegar fatos e coisas aleatórias e criar uma farofada ficcional que funciona. Eu trabalhava em livraria quando O código da Vinci estava bombando e me lembro da quantidade de livros lançados para "refutar" as proposições do autor, principalmente sobre a de Jesus ter tido uma esposa. As pessoas estavam escrevendo livros que se pretendiam refutar uma obra de ficção!

E por mais que eu ache a proposta de uma esposa de Jesus muito legal, historicamente não há fatos que a comprovem. O livro de Dan Brown é apenas uma grande farofa de fatos históricos e suposições que nem são originais do autor, pois elas já foram propostas antes. Mas calhou de fazer muito sucesso na época e gerou muita discussão. Sem falar nas vendas, que com certeza mudaram a vida de Dan Brown para sempre.

Dan Brown

Dan Brown é um escritor norte-americano.

PONTOS POSITIVOS
Ciência
Mistérios da consciência
Langdon e Solomon
PONTOS NEGATIVOS
É lento
É óbvio
CIA

Título: O segredo final
Título original em inglês: The Secret of Secrets
Autor: Dan Brown
Tradutora: Fernanda Abreu
Editora: Arqueiro
Ano: 2025
Páginas: 560
Onde comprar: na Amazon!

Avaliação do MS?
É um livro OK, mas eu esperava mais. Acho que vale a leitura, principalmente se você for fã de Dan Brown como eu e depois horas de uma conversa na mesa do bar, porque dá assunto! Se você é fã de Robert Langdon e seu relógio de Mickey, vai curtir o livro. Três aliens para o retorno do professor de simbologia.


Até mais!

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Comentários

  1. Depois de 8 anos esperando um novo livro, posso dizer que foi decepcionante. Com certeza o pior trabalho de Dan Brown. Robert Langdon o personagem principal, tem muito destaque com pouco conteúdo (Seu conhecimento histórico e sua capacidade dedutiva são pouco explorados), Katherine é uma personagem 'ok' e os demais são todos 'atores' genéricos como co-adjuvantes.

    As descrições de Praga não são suficientes para arrebatar o leitor e fazê-lo morrer de vontade de conhecer os locais. O livro foi extremamente previsível. Não existe um Plot Twist, pois na metade do livro você já desvenda o mistério da identidade do Golem de Praga, mesmo com o autor forçando o Plot no fim. Foi previsível demais.

    O livro é extremamente esotérico e o 'grande' "Segredo Final" é ridículo. A impressão que me causou foi a de que Brown estava escrevendo o roteiro de seu novo Blockbuster e não um livro que deveria honrar o legado de seus antecessores. "Origens" já havia sido um livro bem abaixo dos outros e este, PARA MIM, foi para enterrar de vez a admiração pelo autor.

    O livro é prolixo e raso. Tem seu grande ápice lá pela metade e se arrasta até o final. Diferente de seus antecessores, não foi um livro que consegui 'devorar', eu lia, descansava, adormecia, e com muito esforço consegui terminá-lo.

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