A beleza subestimada de Sunshine

Sunshine (2007) é daqueles filmes de ficção científica pouco conhecidos e subestimados, que a gente celebra sempre que pode. Dezessete anos depois, Sunshine continua sendo um dos filmes de ficção científica mais sombrios e bonitos já feitos.

A beleza subestimada de Sunshine

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O enredo de Sunshine é aterrador. Em 2057, com a Terra em perigo devido ao Sol agonizante, uma tripulação é enviada na nave Icarus II para reiniciar nossa estrela com uma enorme bomba nuclear, um dispositivo atômico com massa equivalente a ilha de Manhattan. Sabemos conforme o filme passa que uma primeira missão já havia sido enviada com o mesmo propósito e misteriosamente falhou. Ou a segunda missão é bem-sucedida ou não sobrará mais ninguém na Terra gelada e desolada.

Sunshine foi a segunda colaboração entre o diretor Danny Boyle, o roteirista Alex Garland e o ator Cillian Murphy. O primeiro, 28 dias depois, foi um sucesso surpreendente. Além de reinventar e revitalizar o filme de zumbi, mostrou como a produção cinematográfica portátil e de baixo orçamento poderia ser usada para misturar ficção científica e terror de uma forma que fosse ao mesmo tempo emocionalmente atraente e assustadora como nunca.

E embora fosse mais ficção científica do que 28 dias depois, com um orçamento maior, Sunshine ainda parecia um sucessor espiritual, trazendo a mesma abordagem indie para o espaço sideral. Infelizmente, após seu lançamento no verão de 2007, Sunshine teve um desempenho inferior nas bilheterias, faturando apenas US$ 32 milhões (em comparação com os US$ 85 milhões ganhos por 28 Dias Depois), com insignificantes US$ 3,6 milhões nos Estados Unidos. E embora Boyle, Garland e Murphy tenham tido sucessos subsequentes, eles não fizeram outro filme juntos.

Ao longo do filme, Robert Capa, interpretado por Cillian Murphy, e uma equipe de cientistas internacionais, são forçados pela má sorte e por seus próprios erros a tomar decisões impossivelmente difíceis. Repetidamente, eles enfrentam a questão de quanto valem suas vidas no contexto de uma missão que vai literalmente decidir o destino da humanidade.

Por mais que o último ato do filme descambe mais para o terror do que para a ficção científica, o filme como um todo é uma história de sacrifício. Nos belos momentos em que apreciam a solidão cáustica de Mercúrio em seu balé junto ao Sol, a tripulação da Icarus II está cada vez mais convencida de que aquela missão é só de ida diante da magnitude da estrela que fica cada vez maior pelas escotilhas.

É algo a se pensar: se você estivesse em uma nave, sabendo que suas ações e seu conhecimento podem ser determinantes para garantir a vida de um planeta inteiro, que tipos de tensões, de ansiedades, se abateriam sobre sua cabeça? Quantas angústias e esperanças aquela tripulação levava consigo junto de sua carga atômica, sabendo que a Terra está morrendo e que uma missão anterior já tinha falhado?

Em um momento em que caminhamos para um futuro cada vez mais turbulento, com desafios que beiram a magnitude da missão da Icarus II, é possível olhar para esse filme e ver como aqueles personagens se sacrificaram por um bem maior e se empenharam na missão, sem parecerem fatalistas, sem pensarem no quanto estão condenados. Apenas trabalham e vivem um dia após o outro para fazerem do seu trabalho o melhor possível.

É também sobre o poder transformador das circunstâncias. O Sol, uma divindade em várias culturas, causa um efeito psicológico nos tripulantes da nave e é a explicação para o derradeiro final do filme, quando eles encontram a Icarus I. Diante da grandeza do universo, devemos questionar nossa importância e nosso lugar nele, mas essa compreensão é prejudicada pela magnitude da função que desempenham. Reiniciar o Sol? Que loucura é essa?

Se você nunca assistiu Sunshine, ele está disponível no Star+. Se você já assistiu, deixe seu comentário a respeito!

Até mais! ✺

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Comentários

  1. Assisti esse filme no cinema, por ocasião de seu lançamento. Quase vinte anos, e ainda lembro de muitas cenas. Que experiência impressionante! Quanto ao último ato, realmente destoou do resto...

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