5 livros clássicos que foram detonados pelos críticos

Muita gente pensa que só porque um livro alcançou o status de clássico, ele é intocável e imexível, um cristal sem defeitos. Mas muitos livros amados pelo público foram detonados por críticos literários, que não pouparam suas penas para apontar problemas e inconsistências nas obras. Aliás, é bem interessante ler algumas dessas críticas para vermos como o olhar literário mudou ao longo do tempo.

5 livros clássicos que foram detonados pelos críticos

Pode parecer inacreditável nos dias de hoje que estes livros listados abaixo tenham sido odiados por alguém. Eles estão há tanto tempo presentes na literatura que tomamos como certo que todo mundo os adora. Mas nem sempre foi assim...

O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien
O Senhor dos Anéis
Aqui está um livro que vai pegar muita gente de surpresa, especialmente por ser amado por gerações de leitores, mas O Senhor dos Anéis recebeu críticas muito ruins de grandes portais especializados em seu lançamento. O New York Times achava que sua escrita era muito "moralista", enquanto o New Republic a chamou de "anêmica". Na época de seu lançamento, O Senhor dos Anéis era um desvio da norma literária presente. Enquanto era um livro enraizado na cultura medieval e no estilo vitoriano, o universo literário prezava e buscava a modernidade.

Contra o livro de Tolkien também tinha uma sólida batalha entre o bem e o mal em um mundo pós-guerra, com a burguesia da Terra Média, os hobbits, como os heróis da história. Ainda que não seja um livro perfeito - Tom Bombadil não faz a menor falta na narrativa, como os filmes bem mostraram - havia também o pensamento entre os críticos que histórias de cunho fantástico e especulativo não mereciam um lugar na crítica séria especializada.


O sol também se levanta, de Ernest Hemingway
O sol também se levanta
O livro explora a situação enfrentada pela Geração Perdida em um mundo mudado para sempre pela Primeira Guerra Mundial e o advento da modernidade. A primeira edição vendeu rapidamente e uma segunda impressão foi encomendada dois meses após a publicação. Nunca ficou esgotado ou fora de catálogo, principalmente lá fora, e é considerado por muitos críticos como um dos melhores trabalhos de Hemingway.

Os críticos, por sua vez, não ficaram impressionados e destilaram palavras pouco elogiosas ao livro. O The Nation disse que Hemingway "não preenche seus personagens e os deixa representar a si mesmos", acrescentando que o livro era sentimental e que Hemingway parecia se considerar "moralmente superior". A família de Hemingway também detestava o livro. Sua mãe escreveu uma carta para expressar seu descontentamento com a forma como "cada página me enche de uma repugnância doentia". Mesmo sendo melhor visto pelos críticos modernos, muitos ainda se debatem sobre a representação de personagens judeus, homossexualidade e mulheres.


Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez
Cem Anos de Solidão
Cem Anos de Solidão segue sete gerações da família Buendia, de Macondo, na Colômbia. Misturando realismo mágico com eventos da história colombiana, o romance explora ideias de história e tempo, solidão, destino e livre arbítrio e elitismo. Publicado em 1967, tornou-se extremamente popular, muito além do que era necessário para garantir um lançamento na gringa.

Tendo pavimentado o caminho de García Márquez para o Nobel de Literatura e tendo seu nome elevado como o “maior colombiano que já existiu”, grande parte da recepção crítica inicial à sua obra-prima foi negativa. Uma crítica literária dizia que era uma "obra-prima cômica". Octavio Paz, o considerou uma “poesia aquosa”. Anthony Burgess disse que não deveria ser “comparado com as explorações genuinamente literárias de Borges e Nabokov”.


O Sol é Para Todos, de Harper Lee
O Sol é Para Todos
Este livro foi a estreia da escritora norte-americana Harper Lee. Publicado originalmente em 1960, e tendo ganhado o prêmio Pulitzer no ano seguinte, ele fala sobre um homem inocente defendido nos tribunais e na opinião pública por um advogado particularmente virtuoso, Atticus Finch, na época da Grande Depressão no Alabama, visto pelos olhos de sua filha, Scout. Ele explora questões de raça, classe, papéis de gênero e a perda da inocência de uma forma que ressoa com os leitores desde que foi publicado.

Mas foi uma luta para Lee escrever e publicar, tendo sido avisada de que era provável que o livro encalhasse. Mas desde o começo, a obra foi um sucesso estrondoso, tendo a primeira edição reimpessa logo em seguida ao lançamento. No entanto, as primeiras críticas ao livro o detonaram. A autora de contos, Flannery O'Connor, considerou-o um "livro infantil". Granville Hicks o considerou "melodramático e artificial". Uma crítica publicada no The Atlantic considerou a tendência de Scout de falar como um adulto "implausível", embora achasse o livro "agradável" como um todo.


As Vinhas da Ira, de John Steinbeck
>As Vinhas da Ira
Neste clássico norte-americano, acompanhamos a a família Joad, em Oklahoma, durante a Grande Depressão. Com sua fazenda devastada pelo Dust Bowl, eles se juntam a milhares de pessoas como eles no oeste da Califórnia, uma suposta terra de fartura. Porém, eles encontram apenas novos problemas ao chegar. O livro foi o romance mais vendido de 1939. Sua popularidade o levou a ser adaptado para as telonas no ano seguinte, dirigido por John Ford e estrelado por Henry Fonda.

Porém, as críticas iniciais se dividiram em elogiar ou em queimar o livro em praça pública. Aliás, isso aconteceu, pois alguns leitores denunciaram Steinbeck como socialista. Muitas bibliotecas se recusaram a colocar o livro em suas prateleiras. Um congressista declarou que o livro “não expõe nada além da completa depravação, vulgaridade e mentalidade degradada do autor”. Steinbeck também ficou preocupado com os críticos que diziam que ele havia escrito um romance "excessivamente sentimental" ou que estava exagerando sobre as condições enfrentadas por famílias como os Joads.


Lembrou de mais algum??

Até mais e boas leituras! 📖

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