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As manchas escuras sobre a superfície do planeta sempre intrigaram os cientistas. Elas se formam no fim da primavera, aumentam no verão e somem no outono marciano e, por 40 anos, ninguém entendeu porque. Muito já se especulava sobre a presença de água no planeta, mas as manchas sempre foram um mistério.
Em abril, a NASA já tinha confirmado ter encontrado evidências da presença de sal e água na superfície, o que já aumentaria a complexidade da interação dos elementos químicos no planeta. Os sais poderiam alterar as propriedades de evaporação da água. Enquanto na Terra, a água evapora a 100°C, em Marte isso acontece com 10°C, devido à baixa pressão marciana e à atmosfera muito tênue.
Com os dados enviados pela Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), que orbita o planeta vermelho, a NASA pode concluir que as manchas escuras estão associadas a percloratos, sais que alteram o ponto de congelamento e evaporação da água, permitindo que ela possa fluir em estado líquido nos verões marcianos. Isso criaria as manchas escuras nos declives de Marte, como na imagem abaixo, na cratera Garni.
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| Nasa/AFP/Getty Images |
A água não deve correr como em um rio terrestre. Ela pode até mesmo gotejar, mas forma finos canais de salmoura, pois com tanto perclorato a água é extremamente salina, mais do que a água dos oceanos da Terra. O que não se sabe ainda é de onde ela vem ou onde é armazenada, já que imagens de radar feitas pela Mars Express não demonstraram presença de aquíferos no planeta. E, claro, se existe vida, ainda que microbiana, na superfície marciana.
Estes resultados nos dão fortes evidências de que água salgada, ocasionalmente, flui pela superfície marciana, ainda hoje. Sabemos pelo estudo de extremófilos, aqui na Terra, que a vida pode não apenas sobreviver como pode florescer em condições hiper áridas, muito salinas, ou muito extremas em comparação ao que é considerado habitável para o ser humano. De fato, na Terra, onde encontramos água, encontramos vida. Por isso a descoberta de água em Marte nestes últimos 20 anos é tão animadora.
Achamos água na forma de gelo, no permafrost e na estrutura de vários tipos de minerais. Esta descoberta é mais uma evidência de água em Marte, mas é extremamente importante, porque aponta a existência de ambientes propícios para certos tipos de bactérias, até mesmo na atualidade. Além disso, a descoberta de atividade geológica e processos hidrológicos em qualquer ponto do Sistema Solar reforça a ideia de que estes são lugares para se visitar, onde a natureza ocorre todos os dias.
Dr. Joe Michalski, pesquisador de Marte do Museu de História Natural de Londres.
A importância
A presença de água líquida e correntes ocasionais fluindo dos declives já dispara a imaginação humana. A presença de água é imprescindível para a existência de vida e mesmo que não existam evidências de vida complexa, a presença de vida microbiana no subsolo já seria uma das grandes descobertas da história humana.O achado também muda o foco da exploração espacial, pois com esta descoberta seria possível, em um futuro próximo, o estabelecimento de colônias próximas aos locais onde essas leves correntes fluem. Já existem planos para o envio de uma nova sonda para Marte em 2020 e mais outras sendo planejadas por outras agências, com a intenção de perfurar o solo marciano e trazer amostras para a Terra.
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| As correntes fluindo pela paisagem marciana. |
Os próximos anos podem ser muito animadores para os fãs do planeta vermelho e entusiastas do futuro e da exploração espacial. Quem sabe em breve tenhamos notícias sobre bactérias marcianas??
Até mais!
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