Resenha: A Noite e a Volta dos Mortos Vivos, de John Russo

Um clássico duplo do terror foi publicado pela editora DarkSide! Em brochura simples e em capa dura (edição limitada) a editora trouxe para o público brasileiro uma edição incrível e indispensável para os fãs tantos de terror quanto de zumbis. Nesta obra estão os roteiros originais do filme clássico de George Romero e sua continuação. Mas não se engane, não há comédia alguma nestes livros.

Esta é uma edição dupla, contendo os dois roteiros originais!

O livro
Começamos com A Noite dos Mortos Vivos. Johnny está puto com sua irmã Bárbara que o obrigou a sacolejar três horas numa estrada para depositar flores no túmulo do pai. Parecia até que ela fazia de propósito, só para irritá-lo ainda mais. Estão no meio do nada, cansados, a noite está chegando e Bárbara demora para encontrar o túmulo, demora para rezar, demora para tudo. No meio da penumbra, Johnny avista uma sombra. Seria o zelador do cemitério? Não sabia.

Resenha: A Noite e a Volta dos Mortos Vivos, de John Russo

Viver é se remexer constantemente em um túmulo. As coisas vivem e morrem. Às vezes vivem bem e às vezes vivem mal, mas sempre morrem, e a morte é aquilo que reduz todas as coisas ao menor denominador comum.

Quando estão voltando para o carro, o irmão resolve pregar uma peça nela e a deixa se aproximar da sombra da pessoa ao longe. Mas para sua surpresa, ele agarra o pescoço de Bárbara e ele precisa correr para ajudá-la. Os dois rolam pelo gramado. O agressor, no entanto, consegue golpear Johnny na cabeça, quebrando seu crânio com uma pedra. Bárbara está em choque e ainda precisa ver seu irmão ser devorado pelo agressor, que mastigava sua carne como se fosse um ato automático.

O agressor, estranhamente pálido e de rosto contorcido, percebe sua presença e parte em perseguição. Bárbara consegue entrar na caminhonete, mas a chave estava no bolso de Johnny. O estranho começa a golpear o vidro com uma pedra e ela então solta o freio de mão. O carro desce a colina, ganhando velocidade, deixando o violento agressor para trás. Mas depois o veículo para numa subida e Bárbara continua petrificada no banco do motorista. Ela está no meio de uma estrada e consegue ver ao longe o que parece ser uma janela iluminada, correndo para lá em busca de socorro. Lá dentro, um cenário de horror a faz correr da casa onde é salva por Ben, outro sobrevivente buscando um lugar para se esconder.

As informações são desencontradas sobre o que está acontecendo. Ao que tudo indica, a sonda que ia para Vênus teve algum problema, espalhando uma misteriosa radiação que parece animar os corpos dos mortos. Eles são violentos, atacam as pessoas vivas e comem sua carne. São parados apenas por um dano no cérebro ou se forem queimados. Na casa, mais sobreviventes estão trancados no porão, temendo a noite e a madrugada que se aproxima.

Em A Volta dos Mortos Vivos, dez anos se passaram desde a terrível noite em que os mortos voltaram à vida para caçar os vivos. E ela deixou marcas na sociedade. Com medo que eles voltem a se levantar, um pai se vê obrigado a enfiar uma estaca no crânio da filha morta recentemente. Um terrível acidente de ônibus mata todo mundo e os cidadãos daquele recanto isolado dos Estados Unidos recolhem os cadáveres para fazer com eles o mesmo, perfurar seus crânios. Bert, um fazendo bronco e rude, obriga suas filhas, uma delas grávida, a carregarem os corpos. Mas a polícia chega antes que eles possam perfurar todos. Trinta e quatro mortos e somente treze perfurados. E se eles voltarem?

O medo da volta dos mortos é revivida com transmissões da época. Vemos que no interior e nas áreas isoladas a situação foi pior do que nas cidades, onde existia maior força policial e da Guarda Nacional. Naquela noite, Bert começa a blindar sua casa para impedir uma invasão daquelas coisas, deixando suas filhas apavoradas. Uma delas, Sue Ellen, resolve fugir, por não aguentar mais a opressão do pai e o medo que ele impôs na casa. Com cuidado, ela abre a porta e corre para a estrada.

Enquanto a casa de Bert era invadida por zumbis e ele era morto e devorado, as irmãs que sobraram se escondem no quarto. De repente, tiros. Homens invadem a casa, em busca de refúgio, trazendo dois prisioneiros e a irmã Sue Ellen que parecia estar em choque, tendo sido agredida covardemente. Não muito longe dali, o xerife é chamado ao necrotério. Os atendentes de lá foram destroçados e devorados e vários corpos sumiram das gavetas, precisamente aqueles que não tiveram seus crânios perfurados do acidente de ônibus. E como se isso ainda não bastasse, uma gang de saqueadores ronda as fazendas, matando os moradores e roubando seus poucos pertences.

Uma coisa a se destacar nesses livros é que as pessoas sabem se virar bem no momento em que os mortos começam a andar. Diferente dos filmes e séries de zumbis, em que as pessoas começam a gritar quando estão a 800 metros do morto-vivo e não faz nada, aqui as pessoas se armam como podem e lutam. Não entregam os pontos facilmente. As pessoas que vivem no campo são pegas de surpresa porque não estão acostumadas com a agitação, mas se viram muito bem quando entram em ação.

Essa edição dupla contém a novelização do roteiro original do primeiro filme e do roteiro da sequência, que acabou não sendo filmada.

Obra e realidade
Primeiro de tudo, os parabéns pelo ótimo trabalho da editora Darkside, pois ela tem um capricho tão grande com os livros que eu fiquei com dó de mexer nele. A brochura, a arte interna e da capa, tudo isso dá um ar incrível à obra. São dois livros em um, algo que fã de terror e de zumbis não pode deixar de ter na sua prateleira. Percebe-se que ele foi pensado para ser, de fato, uma edição de colecionador. Minha edição é a de capa dura, limitada, igual à capa lá de cima.

Temos aqui o genuíno ambiente de terror, tal como surgiu e foi explorado à exaustão pelo cinema: o ambiente isolado, os acontecimentos fantásticos, o fim de cada personagem em meio à muita sanguinolência e violência, um inimigo que pode ser qualquer um, praticamente invencível e incansável. Os mesmos cenários que podemos ver no mundo do terror e dos zumbis estão aqui, e vemos a clara inspiração de The Walking Dead com a obra de Russo. Os personagens são verossímeis e apresentam as mais diversas reações à situação em que se encontram: o choque, a ira, o egoísmo, o oportunismo, a luta pela sobrevivência.

John Russo

John Russo é um roteirista e diretor estado-unidense mais comumente associado com o clássico de terror de 1968 Night of the Living Dead.

PONTOS POSITIVOS
Zumbis
Terror psicológico
Trabalho gráfico impecável
PONTOS NEGATIVOS
Muito sangue e violência
De novo, não espere final feliz


Título: A Noite e a Volta dos Mortos Vivos
Título original em inglês:Night of the Living Dead
Autora: John Russo
Tradutor: Lucas Magdiel
Editora: DarkSide
Ano: 2014
Páginas: 320
Onde comprar: na Amazon!

Avaliação do MS?
Não deixe este livro de fora da sua estante e tenha martelo, pregos e tábuas de madeira em casa por via das dúvidas. A gente nunca sabe quando é que os mortos podem voltar para nos atormentar, seja por uma sonda de Vênus, seja pelo T-Vírus, seja pelo inferno cheio. Prepare-se! Eles estão por aí! Cinco aliens para este dois em um e uma forte recomendação para que você o leia (e se proteja).


Até mais!

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