As mulheres de Battlestar Galactica

Poucas séries de TV conseguiram abordar o melhor e o pior do ser humano quanto Battlestar Galactica. Seus personagens possuem tanto o seu lado bom, quanto um lado mau e vingativo. Em algum momento, no decorrer da série, cada um dos personagens caiu e precisou se reerguer. Mas acredito que o mais se destaca em toda a série são suas mulheres, cada uma diferente da outra, oscilando entre anjos e demônios e particulares.


Só deixando claro uma coisa: eu não assisti à primeira versão de BsG. Assisti apenas à versão mais recente, portanto, todas as mulheres aqui comentadas serão sobre esta versão. Também aviso que há spoilers sobre a série, então se não quiser saber algumas coisas, melhor não ler antes de assistir tudo. So say we all!

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Presidente Laura Roslin
Não entendo porque tanta gente sente antipatia por Laura Roslin, a presidente das Doze Colônias de Kobol. Ela tomou decisões polêmicas, agiu de maneira questionável, mas aposto que se fosse um homem ele seria adorado por todo mundo. Laura era a secretária de educação que foi forçada a assumir o governo quando todo o gabinete foi morto nos ataques dos cylons às colônias. E ter o sangue frio para agir coerentemente em um momento em que quase toda a humanidade foi exterminada, não é para qualquer um. Laura ainda sofria de câncer de mama na ocasião e precisou tirar forças, por vezes do comandante Adama, por vezes da religião, para se manter no cargo e manter as naves unidas.

Presidente Laura Roslin

Laura precisou peitar os militares e chegou a ser presa por querer seguir uma pista religiosa que os levasse à perdida Terra. Se tem algo que não podemos dizer é que ela não se preocupava com seu povo. Suas preocupações, desde o começo, quando os ataques começaram, foi em resgatar sobreviventes ao invés de partir para uma guerra que já estava perdida. E acho que se tem gente que se incomodou com a presidente Roslin foi por ver uma mulher tão forte no comando de um povo destituído de seus lares, em busca da sobrevivência.


Kara "Starbuck" Thrace
Starbuck talvez seja a personagem mais incrível que já surgiu na ficção científica. E também uma das mais completas e complexas. Piloto de Viper (caça colonial), Starbuck é a preferida do comandante Adama, porém se mete em mais confusões do que consegue lidar. Adepta das jogatinas madrugada a dentro nos dormitórios, farrista, beberrona, ela é uma conhecida encrenqueira da nave. Troca socos com frequência com outros tripulantes, até mesmo com os oficiais superiores. Adepta do sexo casual, dificilmente tem um parceiro fixo e vive às voltas com seu passado, que prefere esquecer.

Starbuck

Em alguns momento, Starbuck pode ser também muito ingênua. Ela mantem uma fé no comandante Adama e na Terra perdida que poucos ali dentro têm e isso parece sustentá-la em momentos mais difíceis, enquanto outros praticamente ruíram. Parece que Starbuck é inatingível, no entanto vemos como ela é sensível. Aliás, acho que Starbuck é a personagem mais passional de toda a série. Se ama, ama demais. Se odeia, idem.


Louanne "Kat" Katraine
Kat era uma personagem chata. Eu detestava as provocações dela contra Starbuck e o modo como tentava ser a melhor piloto do esquadrão do Galactica. Mas essa impressão inicial vai embora logo que começamos a conhecer Kat melhor. Ela é outra sobrevivente, uma pessoa que desde à época das colônias precisava matar um leão por dia para sobreviver. A arrogância inicial de Kat esconde, na verdade, uma pessoal com medo, que apesar de sua inteligência e habilidade em pilotagem, não se sente segura ou confiante. Ela se torna, secretamente, viciada em estimulantes e quase morre com a queda de seu Viper na plataforma de pousos do Galactica.

Kat

O que sabemos de Kat mais adiante é que ela morreu. Ou melhor dizendo, que Louanne Katraine morrera dois dias antes do ataque a Caprica. A então traficante Sasha, querendo mudar de vida, rouba a identidade da falecida e se torna Kat. Quando vem os ataques, sem ter como confirmar identidades, ela se torna piloto do Galactica. Kat era sensível e uma pessoa em busca de constante aprovação, buscando nos estimulantes uma forma de superar o medo de nunca mais estar em segurança. Ela é atingida pelo pavor geral de nunca encontrarem um lar, enfrentando a verdade horrível de terem perdido as Doze Colônias.


Modelo 6
As exemplares do modelo 6 me parecem muito mais relevantes do que os outros modelos de Cylons. E por que escolher a linha inteira? Temos várias representantes do modelo 6 aparecendo, com comportamentos diversos, muitas vezes superando sua própria programação. Se em um momento, Caprica 6 pode quebrar o pescoço de um bebê e roubar códigos do mainframe de Caprica, em outro momento ela se sacrifica para salvar o Galactica de uma descompressão. Vemos uma mulher que tenta buscar seu lugar no mundo, confusa com toda uma cadeia de eventos que não pode controlar.


Acredito que o que mais surpreendeu o modelo 6 foi a capacidade de amar. Em princípio, sentir alguma coisa já era uma surpresa para este modelo que parece ser tão frio. Ela inclusive sofre com estupros e tortura à bordo do Battlestar Pégaso quando foi descoberta e poderíamos esperar que ela se revoltasse ainda mais com a raça humana. Mas depois ela apresenta o amor e percebe que este sentimento é mais importante que a vingança contra seus criadores, contra a humanidade e seus crimes. Se eles eram defeituosos, com sentimentos tão controversos, era por serem criações de uma espécie também imperfeita.


Modelo 8
Um dos modelos mais controversos de BsG, o modelo 8 oscila por sentimentos controversos por boa parte da série. O principal deles é não aceitar que é uma cylon. Isso fica bem claro quando ela faz download em um novo corpo e se revolta por ser o que é, voltando para sua casa e agindo como se continuasse humana. Em outro momento, outro exemplar do modelo 8 considera que a raça humana é seu lugar e tenta ganhar a confiança de todos à bordo do Galactica. Mas como confiar numa pessoa que tanto tentou sabotar a nave e até atirou no comandante Adama?


Ela aguenta humilhações, quase perde a filha, apanha, mas se mantém firme no lado que escolheu, que é lutar contra a própria espécie, ficando ao lado dos humanos. É difícil imaginar como esse processo se deu. Cheguei a pensar que pudesse ser um erro em sua programação, fazendo com que alguns exemplares do modelo 8 fossem defeituosos, mas se assim fosse, ela seria uma anomalia, enquanto vemos que o modelo 6 também apresenta dualidades. Este caráter extremamente dual das personagens é uma das coisas mais cativantes da série.


Tory Foster
Tenho uma profunda antipatia por Tory pelo modo como ela começou a se comportar quando descobriu ser uma cylon. Ela fez o caminho inverso quando comparada aos outros. Enquanto os modelos 6 e 8 encontraram na raça humana algum conforto, Tory pegou um verdadeiro asco pela humanidade. Tornou-se uma devota de Gaius Baltar e até matou para proteger seu segredo. Tory começou como assistente da presidente Roslin quando o anterior foi morto. Ela parecia cuidar bem de toda a agenda presidencial e do gabinete, ganhando a confiança de todos. Em Nova Caprica, ela se juntou à Resistência, novamente ajudado Roslin, mas ela começa a mudar algum tempo depois, tornando-se nervosa, sofrendo de insônia e buscando em Baltar alguma luz para seguir.

Tory Foster

Foi depois de descobrir que era uma cylon, um dos cinco modelos perdidos, que ela se tornou perigosa, falsa e dissimulada. Ela preferiu ficar com os cylons, sentindo que estava escolhendo o lado certo ao perceber que era mais parecida com os modelos extremistas do que com os humanos ou com os modelos que preferiram ficar com os humanos. O que percebo em Tory é que ela é uma sobrevivente. Ela dirigia numa estrada da Caprica quando os ataques começaram e foi resgatada, possivelmente por um Raptor que pousou em busca de sobreviventes.


Por mim, eu falaria de mais outras grandes mulheres nesta série, mas vou parando por aqui para não estender demais o post. Se gostou e quiser complementar, deixe as outras personagens da série nos comentários e compartilhe o post.

Até mais!

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