Por que a ciência não é divertida?

Com a explosão do Gangnam Style, do PSY, a música acabou virando o alvo preferido de paródias. E algumas ficaram ótimas. Achei uma forma bacana de dar um toque especial a algo que foi massificado, que foi o Gangnam. Teve até uma paródia cantada em Klingon! A que eu mais gosto foi a que a NASA fez, mostrando o Johnson Space Center. Mas os comentários de algumas pessoas no vídeo são de chorar.





"Que estúpidos", "Nossa, que coisa mais idiota", "Quanta bobagem, ciência é coisa séria". Estes são só alguns dos comentários que vi no vídeo, alguns em inglês. Este é um mito bastante persistente ainda nos dias de hoje. Que ciência é coisa chata, não é divertida, que é coisa séria e não se faz brincadeira com o assunto. A meu ver, a culpa é principalmente da escola.

A fórmula de ensino ainda hoje persistente no Brasil é o Ratio studiorum. Trocando em miúdos, ele é filho da escola jesuítica que assumiu grande parte do ensino no Brasil nos primórdios da nação. Consiste em o professor na frente da sala explicando, o aluno absorvendo, o professor aplica testes e os alunos respondem àquilo. Se o aluno tirou nota baixa, é porque não entendeu. O aluno acaba sendo totalmente passivo no assunto.

Essa tradição do Ratio studiorum se tornou um vício e ainda hoje é possível ver esse tipo de aula acontecendo em todo o país. Você mesmo deve ter tido este modelo de aula praticamente a vida toda. Acontece nas escolas de ensino básico, acontecem nas faculdades e na pós-graduação. É a maneira que é ensinada aos alunos que serão professores um dia e eles assumem que é a única maneira de dar aulas.

Com esse modelo, não é difícil perceber que a molecada fica entediada rápido. E se uma coisa é tediosa, ela não vai se interessar por isso e vai fazer o que tem que fazer por ser dever, mas não faz por gosto. Além disso, não temos professores cientistas nas escolas e quando a escola tem laboratórios, os professores não os usam, pois não sabem como funcionam. Os cursos de licenciatura formam professores, mas não formam mestres, tampouco cientistas. Mestres no sentido de serem referência e não com mestrado.

Se tem uma coisa que o Beakman provou com bastante competência é que ciência pode ser divertida. E que você pode aprender muito dessa forma, experimentando, participando do procedimento sem que seja uma coisa chata, tediosa, que não serve para nada. Infelizmente, muitos professores não dominam o básico de sua própria área e pouco trabalharam em laboratório ou aprenderam algo que possam passar aos seus alunos para que se divirtam também.

Com isso, temos uma legião de desinteressados em ciência, que a acham chata, embolorada, coisa de gente crânio que não tem vida social, não bebe, não transa, não vive fora dos laboratórios. Cientistas são pessoas comuns, com suas contas para pagar e com seus problemas pessoais. Fazem piadas, bebem, mas levam a sério sua profissão. Levar a sério não é o mesmo que não se divertir. Assim como rir e fazer piadas científica, ou se divertir fazendo ciência não tira a seriedade da mesma. É apenas a maneira como você passa a informação para o público-alvo que tem sido feita da maneira errada.

Não formaremos cientistas com as escolas que temos hoje, que parecem cuidar de gado ao invés de prover conhecimento aos indivíduos. Tampouco formamos professores habilitados e com essa iniciativa de fazer seus alunos se divertirem ao mesmo tempo em que aprendem. Você concorda com isso? Acha que podemos mudar esse cenário com o estímulo correto? Deixe seu comentário.

Até mais!


NASA JOHNSON STYLE!



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