Resenha: Eu, Robô, de Isaac Asimov

Os leitores do Saga estão pedindo, então o Saga responde. Daremos mais atenção às resenhas! Já fizemos de alguns jogos e tínhamos parado pela falta de um bom retorno. Mas hoje a dica é de livro. Uma das principais obras da ficção científica do século, escrita por Isaac Asimov é leitura obrigatória para qualquer fã do gênero. FC é comumente conhecida no cinema, mas as pessoas não sabem o grande mundo literário que o gênero guarda.





O livro
Muita gente não sabe que o filme Eu, Robô não é uma adaptação da coletânea de Asimov, mas sim um novo conto, uma nova visão baseada nos robôs do autor. Escrito originalmente em 1950, revisado em 1977 pelo próprio Asimov, ele é na verdade uma reunião de 9 contos que retratam os primórdios da US Robôs e Homens Mecânicos. Apesar de ter algumas semelhanças com o filme, como alguns personagens e a evolução de seus robôs, o livro é essencialmente diferente. É uma obra bem escrita, leve, em que a leitura ocorre sem tropeços, e com uma linguagem bastante simples e acessível, algo genial da obra de Asimov.

Resenha: Eu, Robô, de Isaac Asimov

São nove contos distintos com relatos da Dra. Susan Calvin, robopsicóloga, especialista no comportamento dos robôs e na assimilação das Três Leis para um jornalista da Imprensa Interplanetária. Ela se depara com casos envolvendo incidentes com robôs que por alguma falha na assimilação das leis da robótica ou na interpretação apresentam um comportamento bizarro. São robôs que buscam seu criador, que leem mentes, que mentem e que não obedecem às ordens dos humanos ou simplesmente enlouquecem.

Além de contos, temos ensaios sobre robótica que acabaram entremeados nos enredos. Originalmente publicadas em revistas norte-americanas como a Super Science Stories e a Astounding Science Fiction, entre 1940 e 1950, a primeira tiragem do livro foi publicada em 1950. A coletânea leva o nome de um dos contos, publicado em 1939 por Eando Binder (pseudônimo de Earl e Otto Binder), que impressionou Asimov.

A Dra. Calvin é fiel defensora das três leis da robótica e é chamada para atender algumas emergências envolvendo robôs que trabalham no espaço, pois na Terra existe um movimento anti-robôs muito forte. A US Robôs não os vende, ela apenas os aluga, então qualquer problema com eles é da sua competência. Ela fica surpresa de ver o quanto as três leis causam de frustração para algumas unidades quando uma simples palavra ou ação por parte dos humanos os confunde.

Ainda que Susan Calvin seja uma personagem importante, a crônica ausência de personagens femininas de Asimov permanece. Susan é mal construída, vazia, estando ali apenas, sem existir como uma personagem com a qual nós poderíamos nos identificar. Acredito que a personagem do longa de mesmo nome seja melhor representada. A edição da Ediouro é uma versão de bolso, capa simples e a tradução é de Jorge Luiz Calife.


Ficção e realidade
O que achei mais interessante de todo o livro é que as três leis da robótica e os conflitos que os robôs têm com elas aceleram sua evolução e a de seus cérebros positrônicos. Eles apresentam comportamentos contraditórios com sua natureza sintética e bastante semelhante aos comportamentos humanos. A Dra. Calvin assume que sejam adaptações relacionadas à interpretação das três leis e com a assimilação de alguns comportamentos humanos.

Um dos contos fala inclusive da suspeita em cima de um político influente, candidato à prefeito, suspeito de ser um robô. Como na Terra eles não aceitos, seria um escândalo que um robô igual ao ser humano pudesse estar circulando por aí. A própria Dra. Calvin fica na dúvida se o político é ou não um humano, pois foi incapaz de chegar à uma conclusão, mesmo com toda a sua experiência em robopsicologia. Uma previsão para o futuro no caso de robôs semelhantes ao ser humano? Isaac Asimov certamente foi um pioneiro nesta questão, escrevendo em uma época em que mal havia um computador.

Isaac Asimov


Pontos positivos
Leitura fácil, amigável
Clássico da ficção científica
Ótima análise ser humano/máquina
Pontos negativos

Baixa representatividade feminina
Leitura demora um pouco para empolgar

Título: Eu, Robô
Título original: I, Robot
Autor: Isaac Asimov
Tradutor: Jorge Luiz Calife
Páginas: 318
Editora: Ediouro
Onde comprar: essa edição está esgotada, mas a editora Aleph lançou recentemente uma nova edição, com tradução de Aline Storto Pereira, que você pode comprar pela Amazon!


Avaliação do MS?
Vale cada minuto gasto para ler e reler Eu, Robô e assim entrar na mente de um dos maiores mestres da ficção científica, um escritor que duvido seja equiparado algum dia. Mesmo não sendo uma obra linear, pois são vários contos que parecem não estar conectados, ele remete à uma reflexão muito intensa na relação homem/máquina e como poderia ser nosso futuro em companhia de tais seres. Quatro aliens para o livro e uma forte recomendação para você ler também!



Até mais!


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Comentários

  1. Foi o primeiro livro de Isaac Asimov que li, e desde esse momento se tornou uma referência pra mim.

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