Ficção científica na sala de aula

Muito se fala sobre o motivo dos jovens não lerem, de não se interessarem por ciência, de detestarem cultura. Concordo, muitos deles realmente não leem, mas isso se deve à falta de estímulo correto para o gosto da leitura se estabelecer. Muitos não têm acesso à cultura, o que gera uma aversão ao tema. Ainda existe também o preconceito contra a literatura que a escola em geral empurra no aluno. Neste caso, a ficção científica poderia ser um recurso didático poderoso para o professor. Mas...

Sala de aula do futuro - interativa.




Os jovens reclamam muito do tipo de obras que eles são obrigados a ler, especialmente no ensino médio. Eles não leem por gosto, leem porque são conteúdos exigidos para o vestibular. Se no ensino fundamental estes alunos não tiveram o estímulo correto, como se tornarão adultos que curtem a leitura? Dificilmente curtirão desse jeito.


A ficção científica, por possuir essa carga de "ciência fictícia" em seus enredos, já foi indicada para estimular o gosto pela ciência em jovens em idade escolar e assim trazer o jovem para a leitura. Mas se formos acompanhar estes enredos e analisá-los mais de perto, vamos ver que ciência acaba sendo um tema secundário, quando na verdade existem outros que possam ser abordados. O blábláblá científico pode, ao invés de atrair o jovem, afastá-lo por achar complicado demais.

Ao invés de utilizar o livro em si, por que não usar os filmes como recurso didático, em especial nas escolas públicas? Se pegarmos um filme como Distrito 9, por exemplo, temos racismo, discriminação, acesso à ciência e tecnologia de ponta, favelas e urbanização para tratar, de uma vez só. O professor, como mediador, deve estar atento a tudo o que se pode tirar de um filme desses que ilustre os problemas sociais.

Cena de Distrito 9.
MNU interfere na favela onde vivem os "camarões", como são chamados os aliens.

O uso deste tipo de recurso cativa a garotada por estar mais próximo do mundo deles. Não devemos deixar os livros de lado, mas uma obra como Neuromancer, de William Gibson, por exemplo, exige uma maturidade que um aluno de 8ª série provavelmente não teria, sendo que é uma obra rica para tratar dos mais diversos assuntos como drogas, espaço, o modo como a tecnologia se torna obsoleta, o uso da mesma no corpo.

Infelizmente, muitos professores não gostam do estilo. Pegam filmes já passados, que apesar de terem sua importância para a Sétima Arte, são entretenimento batido para os jovens na escola. Um filme como Eu, Robô, baseado na obra de Isaac Asimov, cativaria muito mais os alunos a pensar sobre a sociedade e a discriminação do que filmes mais antigos, pois é um entretenimento já conhecido e mais próximo do mundo deles. O professor, cada vez mais, precisa procurar formas de se comunicar com os alunos, já que ficar na velha fórmula de giz-lousa-simpatia não mais funciona.

Cena de Eu, Robô.
Discriminação contra robôs pode ser debatida em sala.

Os recursos existem, mas cabe ao professor também optar pelos o que são melhores e os que cairão do gosto dos alunos, afinal, é por causa deles que o professor está ali, diante de classe.

Até mais!

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