Viagens interestelares

Parece um contrassenso imaginar que existam projetos cujo propósito é desenvolver voos para fora do sistema solar. Não conseguimos mais colocar os ônibus espaciais para voar, não temos condições tecnológicas e/ou financeiras de nos estabelecer na Lua ou em Marte, o que dirá sair do nosso sistema para colonizar planetas lá fora?





Projeto Hyperion
Sabemos bem que os desafios tecnológicos são imensos. E justamente por serem tão grandes, quase impensáveis nos dias atuais, é que se deve pensar em como resolvê-los a partir de agora ou em como criar novas tecnologias capazes de realizar o tão esperado voo interestelar. O Projeto Hyperion, ao contrário de muitos estudos sobre viagens desse tipo, visa um voo tripulado até 2100, com a intenção de colonizar um novo mundo.

Mesmo achando que 2100 é uma data muito próxima para tal empreitada e que nossa tecnologia ainda não estará assim tão avançada para uma viagem interestelar, acho a atitude interessante. Com as novas descobertas de exoplanetas todos os dias, inclusive bastante semelhantes à Terra, a vontade de se estabelecer fora do nosso cantinho aumenta constantemente, mesmo com todas as limitações.

Colonizando um planeta

Várias coisas precisam ser pensadas antes de uma viagem dessas acontecer e não são pequenas:

  • propulsão - a que temos hoje com propelentes químicos é cara e ineficiente para longas viagens;
  • suporte de vida - uma viagem tripulada exige um suporte prolongado de vida, que consome muita energia;
  • controle ambiental - uma viagem longa demais vai exigir um controle do ambiente interno da nave que mantenha o suporte de vida funcionando além do ambiente do planeta a ser colonizado, que pode não ser tão amigável;
  • comunicações - um sistema de comunicação mais eficiente precisa ser estabelecido para dar instruções à nave e manter contato com a Terra por longos períodos de tempo;
  • psicologia do espaço profundo - mandar pessoas para uma viagem em um ambiente fechado por tanto tempo exigirá um esforço psicológico imenso dos tripulantes e de quem ficou e estudos sociais relacionados ao isolamento por décadas e até século precisam ser conduzidos;
  • habitat - o ser humano é responsável por produzir seu espaço e imprimir sua cultura nele, e é preciso pensar se em uma nave espacial isso será feito e se será suficiente para trazer conforto à tripulação e como será essa cultura na construção de uma colônia;
  • ética - missões de colonização, levando o nome da humanidade adiante, pode ser opressor e perigoso para pessoas mentalmente instáveis ou que não foram adequadamente preparadas.

A situação psicológica dos tripulantes talvez seja um dos aspectos mais importantes a ser pensado. O filme Pandorum mostrou o que a instabilidade de um membro da tripulação causou à nave e à missão quando soube que a Terra tinha sido destruída e só havia aquela nave com alguns milhares de humanos carregando a civilização adiante. As amarras morais da convivência social foram desfeitas na mente dele e o caos começou.

Uma nova Terra também carregará com ela todas as injustiças e problemas que temos na velha Terra. O estabelecimento de uma colônia após um voo interestelar será diferente de nossa cultura original, pois presume-se que os tripulantes tenham que ficar décadas, até séculos à bordo da nave, onde cada geração será diferente da anterior. Poderemos chamar de civilização humana ainda? É uma importante pergunta a se fazer.

Nas próximas postagens veremos algumas das proposições de viagens interestelares.

Até mais!

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