Capitalismo sustentável existe?

Eu sempre vejo pela rede, em blogs e sites, selos que falam algo do tipo "Este blog é carbon free", "Cada clique é uma árvore plantada", entre outros. E muito se fala sobre a situação climática do planeta. Não dá mais para ignorar que realmente os eventos climáticos estão severos, ameaçando a soberania dos países e a estabilidade de seus sistemas econômicos. Também não dá para ignorar a onda verde que as empresas, indústrias e lojas estão assumindo. Pega bem para o consumidor comprar de empresas verdes, ambientalmente responsáveis e aí achamos que está tudo bem, nossa parte já está feita. Temos a sensação de estarmos contribuindo para o desenvolvimento sustentável (jargão bonito, não é mesmo?). Mas há muitos mitos e verdades camufladas, termos errados e desinformação rolando pela mídia e o tema nunca é tratado como se deve.

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Uma das coisas que deveria preocupar os governantes é sobre a obtenção de energia. Sem energia, nossa sociedade simplesmente vai ruir. Excesso de preocupação? Então, uma pergunta simples: quanto tempo você aguenta sem energia elétrica? Quanto tempo a comida na geladeira leva para estragar? Em quanto tempo a bateria dos celulares e notebooks descarrega e você perde contato com o mundo?

Infelizmente, nossas formas de obter energia não são eficientes. Isso porque cada uma tem um problema, seja poluição, seja baixo rendimento e isso tende a diminuir o desenvolvimento dos países e consequentemente coloca um freio no capitalismo, que hoje é assumido por praticamente todo o mundo. É este capitalismo, o livre comércio, o incentivo ao consumo que gera poluição, libera poluentes na atmosfera, que dilapida os recursos naturais e gera o quadro que vemos hoje.

TIPOS DE ENERGIA

Estimativas do uso de energia no mundo indicam que a demanda em meados do século XXI, pode exceder consideravelmente a energia fornecida por fontes convencionais. O déficit se tornará maior depois do esgotamento dos combustíveis fósseis, que deve se dar nos próximos 100-150 anos. Não é segredo para ninguém que são estes combustíveis fósseis os responsáveis pela poluição atmosférica que é acusada de ser a vilã do aquecimento global, porque liberam carbono na atmosfera na forma de CO2. 

O quadro abaixo mostra as vantagens e desvantagens do uso deste tipo de combustível.

Já as fontes renováveis, que são aquelas que não correm o risco do esgotamento, são vistas como as salvadoras do planeta. Mas também é preciso tomar cuidado com elas, pois nem todas são aplicáveis em qualquer lugar e algumas liberam poluentes, como os temidos gases estufa (dióxido de carbono e metano). Por isso seu uso deve ser conciliado com outros tipos. Veja no quadro abaixo as vantagens e desvantagens.


Mas além da energia, tem a questão do aumento populacional. Ninguém pensa nisso quando se fala de aquecimento global, derretimento de geleiras, etc., etc., etc. O que isso poderia influenciar alguma coisa quando o assunto é meio ambiente? Tudo. Desde o início da Revolução Industrial e do surgimento das vacinas e dos antibióticos que a população tem dado saltos exorbitantes num mundo onde o padrão de vida ocidental baseado no american way of life tem sido uma meta a se buscar como se fosse o verdadeiro e correto moto de se viver. Mas a gente esquece que o modo de vida ocidental é o responsável pelo consumo exagerado dos recursos naturais, pela geração de energia poluente e pela grande desigualdade das populações entre os continentes. Enquanto os norte-americanos se deleitam nas piscinas, povos na África precisam andar quilômetros em busca de água potável e chegam a consumir o sangue de animais para não desidratarem. A tabela abaixo mostra a diferença de consumo entre os países. Deu para reparar que o mundo não tem condições de consumir como os norte-americanos, pois teríamos que ter mais dois planetas, pelo menos.


CO2 - O VILÃO - será?

Todo mundo deve ter ouvido isso em algum lugar. As escolas ensinam, a TV fala sempre e sempre, jogam a culpa no dióxido de carbono que aumenta o efeito estufa e as pessoas assumem que é isso e acabou. Antes de tudo, é preciso entender o conceito de efeito estufa. Imagine que a atmosfera da Terra seja um cobertor. Assim que a atmosfera recebe a luz solar, 1/3 dela é refletida para o espaço, enquanto 2/3 acabam incidindo na superfície dos continentes e dos oceanos. O resultado é que o cobertor também é aquecido (lembre-se, o calor não vem do Sol, vem do aquecimento da superfície terrestre).


Uma estufa é uma construção coberta de plástico ou vidro, usada em hortifruticulturas cuja função é elevar a temperatura, pois o plástico ou o vidro dificultam a fuga de calor. Na natureza, esse efeito estufa é realizado pelo vapor d'água, pelo CO2 e pelo CH4 (metano). Se não fosse por esse efeito, a temperatura no planeta seria algo em torno de -18°C, o que garante a sobrevivência dos seres vivos. Logicamente, se houver um aumento no nível desses gases, a temperatura também aumenta. Mas se a gente olhar a composição da atmosfera, é fácil notar que os gases que compõem a maior parte da atmosfera são nitrogênio (N) 78% e o oxigênio (O) 21%. O 1% restante é dividido em uma série de outros entre eles os já supracitados, sendo que o CO2 corresponde a 0,040% do volume total, ou seja, de cada 10 mil moléculas na atmosfera terrestre, somente 4 delas são de CO2. É esse o vilão então?

Mas então, por que lhe atribuíram a culpa? Simples. Nos gráficos de clima que mostram a relação de aumento de temperatura, o CO2 sempre acompanha o crescimento. Em qualquer lugar do mundo. Pronto. Ele é o culpado, morte ao CO2. A mídia aceitou, a ONU, os governos e o assunto virou quase que uma religião a ser defendida dos infiéis.

Muita calma nessa hora. Muitos cientistas acreditam que o CO2 não é a causa e sim uma consequência do aumento da temperatura e isso tem a ver com os oceanos. Quando você abre um refrigerante, parte do gás, que é CO2 escapa. E ele escapa ainda mais rápido se a bebida estiver quente (cerveja aberta em dia de churrasco é assim, não é?). O mesmo acontece com a imensa quantidade de CO2 dissolvido nos oceanos, o maior repositório do gás no mundo, que cobrem pouco mais de 70% de todo o planeta. O aumento na temperatura atmosférica esquenta a água dos oceanos e também o CO2 que é expulso da solução. Se a Terra está esquentendo, deve haver uma outra causa então, que não é o CO2. Períodos de aquecimento e resfriamento não são novidade. É um ritual pelo qual o planeta passa de eras em eras, cujas causas são uma combinção de fatores que ocorrem em diversas escalas de tempo:

- incremento na atividade solar;
- enfraquecimento do campo eletromagnético do planeta;
- vulcanismo (cinzas e gases na atmosfera);
- ciclos de Milankovitch (mecanismo celeste que estabelece as relações do planeta com o Sol como inclinação do eixo terrestre, distância variável do planeta, precessão dos equinócios, tudo com tempos que variam entre 22 mil e 400 mil anos);
- circulação termohalina (movimento das correntes oceâncias das profundezas, com densidade e salinidade diferentes do mar circundante, cuja função é o transporte de calor);
- raios cósmicos (partículas de alta energia, que se deslocam a velocidades próximas a da luz no espaço - são partículas de átomos);

O PAPEL DA MÍDIA

Quer dizer então que eu sou contra uma política que proteja o planeta, que brigue por um mundo mais limpo? Ao contrário, eu sou a primeira a defender esse modelo. Brigo com a minha mãe se ela abusa de sacolas plásticas no mercado pois já estive num aterro sanitário aqui na capital paulista e foi uma visita extremamente desagradável, vendo aqueles milhões de sacolinhas em meio à terra, sem se degradar. Sou contra transgênicos e no mercado olho as etiquetas em busca do famigerado símbolo. Evito carne vermelha, pois sei dos danos que os rebanhos causa ao solo e à atmosfera.Sou do tipo que coloca potes de água e ração na calçada para os cães de rua, então como posso ser contra?

Vejo o poder que a mídia, em especial televisiva, tem sobre as pessoas e sobre o processo de formar opiniões e percebo como isso formata suas cabeças. E muitas têm o péssimo hábito de despejar informações sem a devida comprovação. Me irrita e muito assistir a um jornal onde termos científicos são usados como jargões comuns e fazem a notícia parecer séria e desprovida de dúvidas. Quer um exemplo? A tragédia da região serrana foi causada pelo excesso de chuvas e em um terreno escarpado e montanhoso (Serra do Mar), cuja estabilidade do solo levou a deslizamentos de terra. Em um único jornal à tarde na TV, à época dos eventos, eu ouvi nada menos que cinco termos diferentes para deslizamento, todos eles errados (avalanche de terra foi o pior!).

Ursus maritimus, ele nada, por isso ele está em cima do
pedaço de gelo, se preparando para caçar.
Jornais japoneses, antes de a Segunda Guerra Mundial ser deflagrada, diziam que norte-americanos e ingleses seriam derrotados. Aconteceu? Assim é com a tese de que o CO2 é o culpado pelas mudanças climáticas, quando na verdade o problema é muito maior. No entanto, o capitalismo conseguiu se adaptar à essa crise ambiental, visto que uma onda de produtos ambientalmente corretos inundou as prateleiras dos mercados. Até alguns notebooks vêm com avisos de que são livres de chumbo, metal pesado prejudicial à saúde. Quem não se compadece com um pobre urso polar perdido na imensidão de gelo derretido? Eu sou uma delas. Por isso que esta nova fase do capital ganhou o nome de "capitalismo sustentável", pois está aos poucos saindo daquela visão de total uso dos recursos sem se preocupar com o amanhã e adotando políticas industriais mais sustentáveis. Várias empresas têm sua parte "verde", mas eu parei de usar o papel reciclado e voltei a usar o papel branco quando descobri que para sua produção ele consome três vezes mais energia do que o papel comum. A mídia divulga isso?

O QUE FAZER?

Reduzir a população, em muitos países é minar a própria economia, pois impedirá que força de trabalho esteja disponível em vinte anos (apesar disso sou a favor de políticas de controle de natalidade e planejamento familiar). Fazer todas as nações assinarem protocolos de metas também é difícil. Cada uma tem sua própria crise para administrar e os níveis tecnológicos são diferentes. E não é possível mudar a própria essência do capitalismo se o principal fato desta equação também não mudar: o CONSUMIDOR. Reduzir o lixo, usar menos plástico, lavar uma roupa na mão ou juntar para lavar tudo de uma só vez no final de semana. Tomar mais banho frio, usar bolsa de água quente ao invés do aquecedor. Não jogar eletroeletrônicos na rua como lixo comum nem jogar óleo de fritura na pia da cozinha. Não jogar remédios no lixo. Usar frutas e legumes da época, da sua região e comprar apenas o necessário, pois cerca de 30% da comida vai para o lixo. Cada um é cada um. As ações locais são mais efetivas do que mega ações de países que em geral não dão certo. As mudanças climáticas estão aí, é fato. O que temos que fazer é nos adaptar a ela como nossos antepassados sempre fizeram, pois reduzir emissão de carbono não adianta. O que adianta é preservar o que ainda temos e tomar consciência de que eles vão acabar.

Existe muita mídia tendenciosa, mas nem todas, assim como não são todos os jornalistas. Vale lembrar por exemplo do Repórter Eco.

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