Eu estava em busca de um thriller de suspense quando me deparei com esse livro. A descrição me fisgou logo de cara: um casal está reformando seu aconchegante chalé no interior da Inglaterra quando os operários no quintal fazem uma descoberta chocante. A partir daí começa uma jornada para descobrir segredos há muito tempo enterrados!
O livro
Saffron Cutler e o namorado de longa data, Tom, se mudaram para o interior em busca de uma vida tranquila, longe da agitação de Londres, onde ela poderia curtir a gravidez no sossego na região de Cotswolds. O chalé era da avó de Saffron, Rose. O chalé foi passado para a neta quando Rose começou a apresentar sintomas de demência e não podia mais morar sozinha. O casal decide ampliar a cozinha, tão pequena e antiquada e, para isso, contrata um empreiteiro que começa a cavar no quintal. Mas as obras precisam parar quando um esqueleto desponta da terra.
O medo. Ele te leva a fazer coisas estranhas. Confunde o cérebro. E eu estava com muito medo havia muito tempo.
Logo, a polícia está no chalé, o que obriga ao casal a se hospedar em um hotel no vilarejo. A descoberta chocante é que não era apenas um esqueleto, e sim dois. Um homem e uma mulher que estavam lá pelo menos desde aos anos 1980. Saffron está em choque, pensando como o casal foi parar lá e se sua avó poderia saber de alguma coisa. Aliás, uma das preocupações era como a polícia poderia interrogar uma senhora com demência. Suas memórias estariam afetadas, ela poderia contar tudo o que sabe? E ela saberia sobre os dois corpos no quintal?
Devo dizer que a escrita da autora me fisgou logo de cara. Me vi simpatizando com os personagens, me preocupando com eles, passando pela montanha-russa emocional de encontrar ossadas no quintal. Claire soube descrever essas pessoas de maneira a parecerem reais, assim como seus problemas, dilemas e dificuldades. Por exemplo, Saffron e a mãe, Lorna, são muito diferentes entre si e isso fica evidente nas descrições, nas falas e no modo de agir. Enquanto Saffron é mais introspectiva, que curte o silêncio do interior, Lorna é agitada, simpática, colorida e extrovertida. Ver o contraste entre ambas tão bem escrito foi uma experiência incrível.
Conforme as memórias fragmentadas de Rose vão surgindo, percebemos que a situação é bem mais complicada do que parece. Ela diz nomes de desconhecidos, confunde pessoas e eventos e a polícia precisa usar de muita paciência, bem como quem está lendo, para navegar nestes fatos passados. Nenhum cenário que eu imaginei se concretizou no final e fiquei bem feliz de estar errada o tempo todo.
A autora vai e volta no passado de Rose para nos mostrar como ela foi parar no chalé. Sabemos que a jovem Rose estava com medo de ser encontrada por alguém quando compra o chalé e lá vai morar com sua pequena Lorna. Mas Lorna era muito pequena e mesmo estando no chalé, ela não consegue vislumbrar o passado com clareza. Aliás, a maneira como a autora descreve o lugar me fez vê-lo com clareza, desde o papel de parede florido, até os azulejos da cozinha. É possível captar os cheiros vindos do bosque, o aroma do chá na caneca, nos levando a uma imersão total nesse chalé onde tanta coisa aconteceu.
Como Rose não podia trabalhar por conta da filha pequena, ela decide alugar um dos quartos para poder ter uma renda, mas sabe que não pode colocar qualquer pessoa lá dentro. Quando ela conhece Daphne, as coisas parecem que enfim vão funcionar para as duas. Elas logo se tornam amigas, confidentes e uma paixão secreta começa a surgir. Daphne é um dos nomes que Rose cita em seus interrogatórios para a polícia, mas a autora não vai entregar o ouro tão facilmente. A revelação sobre a identidade dos esqueletos é gradual, em partes, o que nos segura até a última página.
O livro foi muito bem traduzido por Regiane Winarski. Há problemas de revisão, porém. Letras sobrando ou faltando aqui e ali, o que podem dificultar a compreensão em determinados momentos.
Obra e realidade
Eu não sei você, mas se eu encontrasse um par de esqueletos no meu quintal, não ia mais querer morar nesse lugar! Na Inglaterra, um dos casos mais famosos de esqueletos encontrados em locais pouco usuais foi do rei Ricardo III. Os restos mortais do rei, que ficou desaparecido por séculos, foram encontrados em 2012 sob um estacionamento em Leicester, na Inglaterra. A identificação foi confirmada por meio de análises de DNA, que corresponderam com parentes de Ricardo, e a descoberta revelou que o monarca sofria de escoliose, confirmando relatos históricos. O corpo foi sepultado com honras de Estado na Catedral de Leicester em 2015.
Claire Douglas é uma jornalista e escritora britânica.
PONTOS POSITIVOS
Saffy e Lorna
Bem escrito
Mistério até o fim
PONTOS NEGATIVOS
Revisão deixa a desejar
Saffy e Lorna
Bem escrito
Mistério até o fim
PONTOS NEGATIVOS
Revisão deixa a desejar
Avaliação do MS?
Essa foi uma das leituras mais rápidas que fiz este ano! Comecei sem saber muito bem o que achar, mas a narrativa e os personagens me surpreenderam. Vou procurar outros livros da autora, com certeza. Quatro aliens para o livro e uma forte recomendação para você ler também!
Até mais! 🏡
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