Resenha: A última contadora de histórias, de Donna Barba Higuera

Sabe quando tudo o que você precisa é um livro para aquecer o coração? O livro de Higuera é um desses livros. Uma ficção científica com pés bem firmes na realidade, mas que viaja através do tempo e do espaço para contar a história de resiliência de uma garotinha separada da família e de suas tradições.

Parceria Momentum Saga e editora DarkSide

O livro
Petra Peña tem apenas 12 anos e está inconsolável, abraçada à sua abuelita, enquanto se despedem. Petra, seu irmão de sete anos, Javier, seu pai e sua mãe, embarcarão em breve e precisarão deixar tudo o que conhecem, inclusive sua família. Petra não quer ficar longe da avó Lita e de sua casa aromática, repleta de histórias que conheceu a vida inteira. A Terra está condenada pela passagem de um cometa e se a raça humana quiser sobreviver, precisam partir e logo. Não é apenas a ameaça do cometa que assombra a missão. Radicais também estão de olho nela.

Resenha: A última contadora de histórias, de Donna Barba Higuera

Pisco várias vezes, tentando espantar as lágrimas antes que escorram pelo meu rosto. Não posso ser a única aqui sentindo que tudo isso é um grande erro.

Histórias são muito importantes para a jornada de Petra. Lita costumava contar histórias à neta e Petra promete levá-las ao novo lar, centenas de anos no futuro, quando a nave colonizadora chegar. Serão 375 anos de viagem, em estase, até chegarem ao planeta Sagan. Três naves colonizadoras levarão humanos selecionados cuidadosamente para a missão, mas e quanto às pessoas que ficarão na Terra? O desespero é geral, há muito segredo envolvido sobre o local da decolagem, pois radicais querem subir à bordo. A família precisa correr.

Petra é muito corajosa, muito observadora e inteligente. Ela percebe que seus pais estão tensos na hora do embarque e também percebe que há muita pressa para que as naves possam partir. As pessoas estão apavoradas. Quem não estaria com a expectativa de destruição do planeta e da civilização humana? Mães imploram para os passageiros levarem seus bebês, pessoas tentam furar os bloqueios. Petra se pergunta por que não podem ajudar as pessoas e sua mãe sempre reitera o quanto são afortunados por poderem embarcar.

O livro não foca necessariamente na tecnologia. O foco é nas relações sociais e nas interações de Petra. Há algumas explicações científicas, mas nada que possa espantar leitoras. Quando Petra acorda da hibernação profunda, o mundo que ela encontra é bizarro. Um Coletivo tomou controle da nave, apagando toda a história terrestre, a fim de evitar conflitos. Petra tem flashes de memória, momentos na hibernação onde esteve consciente e sabe que eles tentaram apagar as mentes dos tripulantes. Inclusive a dela.

É muito angustiante acompanhar a jornada de Petra. Ela é a única pessoa a bordo que contém as antigas histórias da Terra, é a única que se lembra como era o planeta original da raça humana e o Coletivo não se importa com isso. Ele quer esquecer esse passado, que acredita ser o responsável por levar a tantos conflitos, tantas guerras, que acabaram por quase nos extinguir. Petra sabe que o problema não é as diferenças, mas o Coletivo é bastante cruel com qualquer uma delas e prefere apagar todas sem qualquer discernimento.

Dos tripulantes que existem, a maioria é criança, como Petra, e ela tenta manter alguma memória passada na mente deles, contando as histórias que sua avó contava, inventando as suas, criando novos personagens e ressignificando outras. A força das histórias deve ser suficiente para manter as crianças unidas, para mantê-las trabalhando sem que esquecessem seus pais ou sua vida na Terra. Petra precisa acreditar nisso ou não terá como ajudar ninguém.

Nunca tenha vergonha do lugar de onde você veio ou das histórias que seus ancestrais passaram para você. Se aposse delas.

O livro merece uma revisão mais cuidadosa, porque tem errinhos bobos que não deveriam ter passado. A tradução foi de Flora Pinheiro e está ótima.

Obra e realidade
Desde que o mundo é mundo, desde que os seres humanos se reuniram ao redor de fogueiras, que nós contamos histórias. Antes da invenção da escrita, as pessoas passavam histórias adiante, contavam sobre aventuras, sobre seres divinos, histórias sobre a natureza e os elementos, porque as histórias importam. As histórias são poderosas e inatamente humanas. Eles nos ajudam a compreender uns aos outros, fornecem janelas para diferentes culturas, períodos de tempo e aumentam a nossa capacidade de empatia. Por deterem um grande poder, as histórias que ouvimos fazem a diferença na forma como percebemos o mundo.

Partilhar histórias pode influenciar a cultura, ensinar novas perspectivas, fortalecer laços sociais e familiares. Não é de surpreender que estudos mostrem que as histórias também podem aumentar os comportamentos pró-sociais das pessoas. Histórias, como Petra bem sabe, salvam.

Donna Barba Higuera

Donna Barba Higuera é uma escritora norte-americana que ascendência mexicana. É autora de livros infanto-juvenis e para jovens adultos.

PONTOS POSITIVOS
Petra
Cuentos
Histórias
PONTOS NEGATIVOS

Acaba rápido!
Errinhos de revisão

Título: A última contadora de histórias
Título original em inglês: The last cuentista
Autora: Donna Barba Higuera
Tradutora: Flora Pinheiro
Editora: DarkSide (selo DarkLove)
Ano: 2023
Páginas: 288
Onde comprar: na Amazon!

Avaliação do MS?
Não esperava gostar tanto desse livro! Comecei sem saber muito bem o que esperar e encontrei uma história de aquecer o coração, histórias dentro de uma história, que reitera a importância da ficção em nossas vidas e, quem sabe, na própria civilização Quatro aliens para o livro e uma forte recomendação para você ler também!


Até mais! 🪐

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