Lembro de ter lido Perdido em Marte de uma vez só, num único dia. Foi um livro divertido, uma história surpreendentemente otimista e que destoava de tantas distopias que eu vinha lendo na época. Então, quando vi o lançamento de Artemis fiquei empolgada de poder ter outra grande história nas mãos, com a mesma perícia de Andy para a ação e descrições científicas. Pena que não foi tão legal quanto pensei que seria.
O livro
Artemis é a primeira e única colônia humana na Lua. No começo do livro temos uma coleção de mapas e diagramas que mostram sua localização e sua estrutura, mas como li em ebook não dava para ficar indo e voltando o tempo todo para poder me localizar em alguns momentos. Este é o lar de Jazz Bashara, nossa protagonista, que se mudou com o pai aos 6 anos de idade, vindos da Arábia Saudita. Aqui entra uma questão que Andy não se preocupou em descrever: se Jazz cresceu na Lua, seu corpo deve ter se adaptado à baixa gravidade do nosso satélite, certo? Ele não menciona isso em nenhum momento.Jazz tem um emprego, mas também é contrabandista. Ela consegue trazer coisas para os cidadãos de Artemis, nada muito perigoso, mas que não passaria pelo controle normal. Depois de falhar no teste que poderia lhe dar um emprego melhor e que pagasse mais, Jazz está sem opções. Ela quer ganhar dinheiro, muito, já tem até o número certo gravado na memória, enquanto dorme em seu minúsculo alojamento sem banheiro privativo.
A ação demora até acontecer, porque Jazz pára pra te explicar alguma coisa sobre o funcionamento das portas, ou como o casco da bolha foi feito, ou como se locomover pela bolha é rápido já que você pode pular e correr sem nenhuma dificuldade. Em geral, eu amo tecnobable, que são aquelas longas explicações científicas ou baseadas em ciência fictícia que sustentam o enredo da história. E aqui, em determinados momentos é sim bem legal saber de certas coisas, até porque sabemos que Andy é bem preciso na ciência que ele coloca em seus enredos.
Mas há momentos em que você não precisa saber como fazer solda no vácuo. Há momentos em que você quer apenas acompanhar a protagonista em um momento tenso e perigoso. Aí lá vai ela explicar alguma coisa pra você sobre o funcionamento da colônia. Perdido em Marte tinha sim explicações científicas, algumas delas tão longas quanto estas de Artemis, mas aqui Andy exagerou.
A vida em Artemis, a primeira e única cidade na Lua, é difícil se você não é um turista rico ou um bilionário excêntrico.
É quando Jazz recebe uma proposta irrecusável pra ganhar muito dinheiro que a ação começa. Entretanto, executar o plano perfeito será bem complicado em uma cidade vigiada e pequena como aquela. As soluções encontradas pelo autor foram bem engenhosas, mas sem personagens legais para segurar o enredo, você acaba com infodump e com uma história que perde a graça bem rápido.
Foi bastante positivo o autor ter pensado em uma cidade na Lua criada por um país que não seja os Estados Unidos. O Quênia passou por um milagre econômico e isso levou à criação da colônia lunar, um lugar que não é reconhecido como um país e que por isso tem um conjunto de regras próprias e bem peculiares. O autor pensou em colocar personagens que fugissem dos estereótipos e acabou caindo em um. Jazz Bashara, por várias vezes, se descreve como vagabunda. Essas e outras palavras foram usadas várias vezes na descrição de mulheres e chega, né? Ele mirou no empoderamento e caiu no estereótipo.
E falando em estereótipos, Andy deve achar que no Brasil falamos espanhol, pois uma grande rede mafiosa brasileira só tem sobrenomes espanhóis e tipicamente latinos. Nada de Sousa ou Silva, ou Moreira, mas Sanchez e Alvarez, por exemplo. Por favor, né Andy? Internet está aí para nos ajudar nesses momentos. Podia ter pesquisado melhor ou justificado o uso dos sobrenomes, com uma personagem brasileira e pais que vieram do Chile ou da Bolívia, por exemplo. Na escrita a gente se vira, Andy não se virou.
Não vou dizer que é um livro ruim, mas eu tive que fazer leitura dinâmica em alguns momentos em que vinha aquele parágrafo imenso de informações técnicas. Existem os momentos certos pra se fazer isso e em Artemis eles ocorriam com uma frequência gritante. Os personagens, por conta disso, são rasos. Praticamente são todos iguais, pois Andy pouco se preocupou em torná-los distintos uns dos outros. Quando a leitura acabou, eu já nem me lembrava muito deles.
A tradução ficou na mão de Alves Calado, está excelente e a edição da Arqueiro não tem problemas de revisão ou diagramação.
Obra e realidade
Estamos nos aproximando dos 50 anos do pouso na Lua e o interesse por nossa companheira de longa data ressurgiu nos últimos tempos. Colônias são esperadas para os próximos séculos, realizando mais um sonho de quem é fã de ficção científica. O ser humano conseguiria se adaptar a viver lá? Que efeitos a gravidade teria em nossos corpos ao longo das gerações? Poderíamos criar uma nova raça humana, própria para a sobrevivência fora da Terra?Andy Weir é um escritor norte-americano de ficção científica, que trabalhou como programador e engenheiro de software em várias empresas.
PONTOS POSITIVOS
Artemis
Ciência
PONTOS NEGATIVOS
Jazz
Devagar
Longas explicações científicas
Artemis
Ciência
PONTOS NEGATIVOS
Jazz
Devagar
Longas explicações científicas
Avaliação do MS?
Foi uma leitura OK, nada memorável, nem de longe tão agradável como foi Perdido em Marte. Só espero que o autor não leve mais cinco anos para lançar nada, pois gosto do estilo dele. Em Artemis, porém, a química não rolou. Três aliens para o livro.Até mais!🌜
"pontos negativos: jazz" kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk aff amei
ResponderExcluirEstou com o livro, não consegui passar das 4 primeiras paginas.... Que Deus me ajude!
ResponderExcluirNossa, eu vim procurar uma resenha decente na internet pois em 30 páginas eu não tinha me conectado com nada...e olha que adoro a lua!!!! ahahahahaha.....Daí percebi que o problema não era de fato meu......Muita explicação mesmo....meu pai do céu...queria muito ler.. sério mesmo. não li perdido em marte. Mas estou muito tentada a desistir....não estou curtindo muito não
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