Jurassic Park é um dos grandes fenômenos mundiais do cinema e um dos meus filmes prediletos. Michael Crichton mal tinha terminado o rascunho do livro e Steven Spielberg arrematou os direitos, sabendo do potencial que a história tinha para ir para as telonas. Mas o longa que mostra um parque temático com dinossauros criados por engenharia genética, também serviu para inspirar muitas crianças e adolescentes a procurar carreira científica.
Os dinossauros foram animais extremamente bem sucedidos na história da Terra. Tendo seu surgimento marcado no início do Triássico, 250 milhões de anos atrás, seus antepassados foram sobreviventes da maioria extinção em massa que o planeta já enfrentou, onde 90% das espécies desapareceram. Animais que sobreviveram deram origem aos dinossauros, que dominaram a paisagem terrestre até 66 milhões de anos, quando o asteroide pregou a tampa do caixão sobre a maioria das espécies que ainda existiam na época, abrindo caminho para um grupo de animais pequenos, entocados e que davam à luz aos seus filhotes ao invés de botar ovos. Os mamíferos assumiram a liderança dali em diante, ao lado da nova forma que os dinossauros avianos tomaram, as aves.
Se tem uma coisa que ofende um paleontólogo é chamar alguém de dinossauro no sentido de ser algo velho e ultrapassado, datado ou não evoluído. Dinossauros evoluíram, tornaram-se os pássaros e vêm alimentado a imaginação de gerações de pessoas, jovens ou não, com seus tamanhos, hábitos alimentares, plumas e penas, até mesmo cuidado parental com suas crias.
Cada dia que passa, mais e mais espécies de dinossauros estão sendo descobertas. São cerca de 50 novas espécies de dinossauros descritas por ano, o que é muito mais do que 30 ou 20 anos atrás. A China e a Mongólia, vários outros países do sudeste asiático, estão na liderança desta espécies descritas, o que é uma grande mudança da paleontologia de antes, onde ela era concentrada especialmente no Ocidente. O que a tornou tão espalhada pelo mundo?
Para muitos paleontólogos é um efeito do filme Jurassic Park (1993). O paleontólogo Stephen Brusatte, autor de "The Rise and Fall of the Dinosaurs" (A ascensão e queda dos dinossauros), é um jovem paleontólogo de 34 anos e afirma que entre os colegas de sua geração, a maioria deles vai dizer que tiveram vontade de se tornarem cientistas depois de assistirem ao filme de Spielberg. O longa causou um impacto tão grande, que museus e universidades começaram a contratar paleontólogos para suprir a demanda do público, que correu para buscar as exposições, livros e fósseis. Era uma febre.
O avanço na tecnologia também foi extremamente importante para a febre aumentar. O poder dos computadores para a reconstrução digital de espécies, para cruzamento de dados e análise anatômica aumentou nossa compreensão sobre os dinossauros, além do uso de tomografias e ressonâncias magnéticas para criar réplicas em resina e estudar com detalhes pequenas estruturas ocultas em rocha.
O filme trouxe também uma paleobotânica para investigar um dinossauro que estava passando mal. Paleobotânica lida com plantas fósseis e é de extrema importância para poder inferir hábitos alimentares e cobertura vegetal dos habitats que os dinossauros possuíam, reconstruindo com maior precisão seus ambientes. Mesmo que possua um tom de aventura, o filme trouxe uma ciência fictícia que funciona e que cativa, com o mais avançado que a tecnologia possuía na época para dar vida aos animais. Foi uma maneira de mostrar que a ciência pode ser divertida, informativa, que não é uma coisa de uns poucos velhacos enfiados em laboratório. Existe o trabalho de campo, a pesquisa acadêmica, as análises genéticas, revisão de literatura, existe toda uma vida dentro da ciência que cativou crianças e adolescentes.
Ainda que a febre tenha diminuído nos filmes seguintes e que a franquia como um todo falhe em representar os dinossauros que possuíam plumas e penas como eles eram, é impossível não ver a influência de Jurassic Park. No Brasil, muita gente conhece alguma coisa sobre dinos por causa do filme, e se tornou fã destes animais que não foram totalmente extintos, mas estão voando por aí.
Grawrnrawnrnnn! 🦕
💗 eu mesma adoro paleontologia e estou me graduando em biologia, espero conseguir seguir pro lado da paleontologia. Adorei o texto.
ResponderExcluirJurassic Park é até hoje inspirador pra mim. Ainda passo mal e fico sem fôlego junto com o Alan toda vez que ele olha o braquiossauro pela primeira vez.
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