Resenha: O buraco da agulha, de Ken Follett

Nunca tinha lido Ken Follet e quando vi que essa era uma trama de espionagem com uma personagem feminina, ele me cativou. Ken Follet, na introdução comemorativa dos 40 anos da publicação original, comenta que quis colocar uma mulher combatendo o inimigo porque ele sempre tinha visto homens em enredos como este. Mas sua decisão não é tão revolucionária quanto parece.






Parceria Momentum Saga e
editora Arqueiro



O livro
Segunda Guerra Mundial, 1944. O serviço secreto alemão reunia evidências de um grande exército no sudeste da Inglaterra. Uma grande invasão era iminente, mas por onde ela começaria? O que eles não sabem é que este exército gigantesco não existe, é tudo de papelão e compensado, usado para enganar os aviões de reconhecimento alemães. O Reich precisa de seus espiões e das informações que pudessem reunir no campo para rebater a invasão.

Resenha: O buraco da agulha, de Ken Follett

Os britânicos tiveram quatro anos para se armar para aquela invasão. A maior parte do exército alemão estava lutando na Rússia. Assim que os Aliados pusessem o pé em solo francês, seria impossível pará-los. A única chance dos alemães era pegá-los e aniquilá-los quando saíssem dos navios de transporte de tropas.

Página 112

Na Inglaterra, vivendo por anos disfarçado, está um espião escorregadio, que escapa das autoridades e que usa uma adaga fina para matar suas vítimas. O Agulha, como ficou conhecido, espreita as autoridades e pode ser a chave para o sucesso alemão e quem sabe até a vitória na guerra. E entrelaçada na narrativa de o Agulha e dos agentes do MI5, está a de Lucy, uma jovem que se casou com um piloto inglês bonitão, mas que tem a vida radicalmente transformada quando ele perde as pernas em um acidente de carro.

Acompanhar a trajetória do Agulha foi emocionante. Você acha que ele nunca será pego, parece esperto demais para isso. Como não conseguem chegar perto dele, começam a vir pelas beiradas. Já sabem que ele usa um punhal, então teriam crimes não solucionados na grande Londres com arma similar? O que vai colocar os agentes na trilha certa é a inteligência, é a perspicácia e muita investigação.

No entanto ele é o único personagem bem construído do livro todo. Até mesmo os agentes do MI5 são vazios, os coadjuvantes são vazios, e Lucy, o que dizer dela? Sua única função é se envolver com alguém e gozar. O romance a jato que essa mulher tem com o personagem 24 horas depois de conhecê-lo foi absolutamente enervante e irreal. E claro, ela tem orgasmos infinitos com ele, que conhece bem seu corpo etc. e tal.

Existem escritores que, de fato, não privilegiam seus personagens. Ken é um deles, Michael Crichton é outro. Eles criam caricaturas borradas, frágeis, vazias, e mesmo que isso agrade a muitos ou não incomode, isso me incomoda muito. Quero ter a oportunidade de me afeiçoar ou odiar os personagens, mas ele tem que te conquistar para isso, certo? Ken Follett não se preocupa em criar personagens que cativem. Só que te irritem mesmo.

Além disso, ele termina a obra com clichês tão irritantes, tão óbvios, tão inúteis, que fiquei na torcida que ele tivesse melhorado nesses 40 anos. Pelas redes sociais, me disseram que ele não mudou nada. Uma pena mesmo, pois eu queria ler Os Pilares da Terra e vou deixar lá no fim da lista de leitura.

Tirando isso, a edição da Arqueiro está muito bonita, com uma capa macia que você adora ficar passando a mão. A tradução de Alves Calado está muito boa, mas o livro tem problemas de revisão, como palavras faltando ou escritas de forma errada. A falta de palavras atrapalha até o entendimento em algumas frases.


Ficção e realidade
Existia um espião prestes a descobrir o segredo dos Aliados e entregar nas mãos da Alemanha? Não sabemos. Apenas sabemos que os Aliados desembarcaram na Normandia em 6 de Junho de 1944, a maior invasão por mar da história. Sem essa invasão, os Aliados não teriam como libertar os territórios conquistados pelos nazistas, nem teriam vencido e a guerra poderia tomar um rumo totalmente diferente.

Ken Follett
Ken Follett

Ken Follett nasceu no País de Gales, é formado em Filosofia, tendo começado a carreira como jornalista. Começou a escrever contos e novelas e incentivado por amigos, começou a escrever romances. Vendeu mais de 100 milhões de livros e teve obras adaptadas para o cinema.

Pontos positivos
Espionagem
Segunda Guerra Mundial

Pontos negativos
Clichês
Personagens rasos
A protagonista é uma mala

Título: O buraco da agulha
Título original em inglês: Eye of the Needle
Autor: Ken Follett
Tradutora: Alves Calado
Editora: Arqueiro
Páginas: 336
Ano de lançamento: 2018
Onde comprar: Amazon


Avaliação do MS?
Não foi uma leitura ruim, foi só OK. O Agulha é o personagem que mais se destaca, mas o restante é pateticamente criado de forma rasa e insuportável. E Lucy é tão falha e previsível que só está lá pra transar com os personagens. Se isso é o que o autor acha de uma boa personagem feminina, ele precisa se reciclar urgentemente. Três aliens.




Até mais!


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Comentários

  1. Eu gosto bastante do Pilares da Terra, mas acho que pela história, pq sofre dos mesmos defeitos... Bom, tb pq eu vi a série primeiro e Ian Shane é um ator que me faz assistir qualquer coisa que ele participe! rsrsrs

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