Este livro tem todos os elementos que eu curto em um enredo de fantasia. Uma protagonista feminina, elementos místicos e uma mitologia própria. Tinha tudo para me agradar imensamente, mas alguma coisa acontece no percurso dele. Asha, a caçadora de dragões, acaba deixando a desejar.
O livro
Neste universo temos Asha, uma caçadora de dragões, filha do rei, intocável e perigosa, que impõe medo por onde passa. Aqui os dragões são inimigos absolutos do reino de Firgaard e é tarefa de Asha levar as cabeças dos dragões para seu pai. Ela mesma é marcada pelo fogo dos dragões, quando quase morreu queimada pelo maior deles, chamado Kozu. Parte de seu rosto e corpo é cheia de cicatrizes. Esse foi um ponto positivo para a autora, a de colocar uma personagem que não tem aquela beleza imortal, irretocável e perfeita de muitos livros de YA por aí. Ela tem uma cicatriz horrenda bem na lateral do rosto, lide com isso.O fato de Asha ser intocável tem a ver com a mitologia envolvendo a Iskari, criada a partir da morte e que deixava um rastro de morte e destruição. Mais pra frente na leitura a gente entende o porque de Asha ser chamada de Iskari. Mas a vida de Asha está prestes a mudar, já que ela foi prometida a Jarek, o cruel líder do exército, que a salvou das chamas quando ainda era criança. Seu pai, por sua vez, lhe dá uma tarefa que pode quebrar o acordo de casamento: ela tem que matar o primeiro dragão, aquele que a marcou para sempre.
Asha é determinada, feroz, boa no que faz, mas sabe quando você sente que a personagem não evoluiu bem? Os personagens em volta, a maioria deles, sofrem do mesmo mal. São bidimensionais, rasos. Apenas o escravo que ajuda Asha, Torwin, tem um bom desenvolvimento, porque os outros seguem o roteiro criado pela autora sem desviar dele. Até mesmo aquilo que a gente espera que seja uma reviravolta se mostra trivial. Se você lê muitos enredos semelhantes acaba matando o mistério em pouco tempo. Outra coisa a respeito de Asha: paixão instantânea. Quando o interesse romântico é apresentado, ela já tem mega arrepios na pele, perde a inteligência e eu pensava "nãããããããão". Como eu disse, Kristen cria um roteiro e fica nele sem se desviar.
Eu não me importaria de ter continuado a leitura só por causa disso. Mas o ambiente criado pela autora também é falho. Senti falta de um mapa e eu bato sempre nessa tecla da falta de mapas em livros que exigem construção territorial como neste caso. A autora fala sobre os conflitos de Firgaard com outras nações, outros povos, mas nós mal os vemos. Isso teria enriquecido demais a narrativa.
A impressão geral que tive do livro é que a autora escreveu com uma das mãos presa nas costas, se segurando para não dar o enredo inteiro, já que vamos ter outros volumes. Isso é péssimo para o primeiro livro, porque você meio que perde a vontade de ler os seguintes se o primeiro não segura a onda. Os elementos místicos por si só não conseguiram segurar toda a estrutura do enredo. E olha que eles são bem descritos, estão bem colocados. Acho que foi o que segurou os acontecimentos até o final.
Precisamos sofrer grandes dores para nos fortalecer contra a maldade.
Página 131
Gostei da estrutura onde a autora intercala a história do reino com os eventos recentes de Asha. Assim a gente vem compreendendo aos poucos como o reino chegou ao ponto em que está. A autora faz algumas críticas à servidão, à escravidão, mas também não as resolve aqui. Possivelmente fará isso no próximo volume. A capa em vermelho com dragões está bem bonita e não encontrei grandes problemas de revisão ou tradução, feita pelo Eric Novello.
Obra e realidade
Costumo gostar muito de livros que tragam protagonistas femininas, que consigam ter um pé na realidade, mas ainda assim nos maravilhar, entreter e fazer pensar. Este aqui tinha tudo para fazer isso e não fez. Uma pena mesmo. É quase como se tivesse tido edição e a autora simplesmente mandou para a gráfica e depois a gráfica enviou para as livrarias. Queria ter amado um enredo com dragões, mitologia, lendas e personagens fortes, mas é... não deu.Kristen Ciccarelli é uma escritora canadense.
PONTOS POSITIVOS
Dragões
Protagonista feminina
Críticas à escravidão
PONTOS NEGATIVOS
Enredo meio óbvio
Personagens rasos
Devagar do meio para o final
Dragões
Protagonista feminina
Críticas à escravidão
PONTOS NEGATIVOS
Enredo meio óbvio
Personagens rasos
Devagar do meio para o final
Avaliação do MS?
Bem, o que acaba prendendo mesmo a atenção na leitura são os dragões e um ou outro personagem com o qual você simpatiza, que são bem poucos. A maioria deles é superficial e rasa, onde a autora traçou uma linha no chão e eles seguiram sem desviar. Não sei se me interesso para ler o próximo. A menos que a autora consiga fazer esse enredo crescer, vou dispensar. Três aliens.Até mais! 🐉
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