Resenha: A Guerra que me Ensinou a Viver, de Kimberly Brubaker Bradley

Quem leu o primeiro livro, provavelmente, se sentiu profundamente tocada pela história dos irmãos Ada e Jamie. As duas crianças foram evacuadas de Londres durante a Segunda Guerra Mundial, onde encontraram o amor materno que nunca tiveram em uma mulher sozinha e depressiva. A história desta família improvável continua neste emocionante livro, que começa quase que imediatamente após o primeiro.



Parceria Momentum Saga e
editora DarkSide



O livro
Os eventos aqui começam quase que imediatamente depois do final do primeiro livro. Ada finalmente vai operar seu pé, aquele que sua mãe egoísta e narcisista nunca se preocupou em arrumar, uma cirurgia que seria bem simples quando ela era ainda bebê. Seu pé nunca será perfeito, mas ela poderá andar com os dois na mesma direção. Isso já é uma vitória para Ada.


Ada continua aquela menina teimosa, ignorante, malcriada e insuportável do primeiro livro. Mas como podemos culpá-la por ser assim? Como podemos punir uma garotinha de 11 anos que só recebeu ódio e humilhação durante a vida? Ada nunca foi à escola. Viveu se arrastando no chão do pequeno apartamento, enquanto seu irmão podia sair na rua, punida pela mãe, que dizia que ela era uma aberração. Ada apenas devolve o que sempre recebeu e quando começa a receber amor de Susan, que se torna a guardiã legal dos dois irmãos, ela repudia, se afasta.

Ada odeia o que não compreende. É sua defesa contra o mundo cruel. É quando você começa a compreender o grande trauma que a mãe causou na menina. Ada sente que não pode receber amor porque foi convencida de que é uma aberração. E será uma luta para fazê-la compreender que sim, ela tem valor, que ela pode se sentir segura e amada, que aquela vida de sofrimento acabou.

A guerra continua inclemente para as famílias envolvidas com a vida de Ada. Ela cobra um preço bastante alto para todos. Racionamento de alimentos, janelas cobertas com tecido escuro para não denunciar a localização de alvos, entes queridos no front e correndo perigo, garoto do telégrafo chegando com más notícias. A estupidez da guerra afeta qualquer um.

A autora criou uma narrativa tão emocionante quanto a do primeiro livro. Lemos a partir da perspectiva de Ada, então sua forma de se expressar vai sim parecer bem infantil em alguns momentos e como não poderia ser? Há um paralelo forte com o momento atual, com a questão dos refugiados, pessoas sendo expulsas de suas casas, deixando tudo para trás, tal como muitas famílias judias precisaram fazer para fugir dos campos de concentração. Haverá momentos de risada solta, de alegria, mas muitos momentos de choro. Vai por mim, é difícil não chorar.

Eu estava apoiada nos dois pés, sem muletas, usando dois sapatos. Conseguia ler, conseguia cantar. Precisava me lembrar disso. Tentei me forçar a me sentir feliz, mas por sob a felicidade eu estava espinhosa, como se toda a pele do meu corpo estivesse esticada demais. Eu podia não ser uma aleijada, mas ainda não sabia quem eu era.

Página 62

Esta edição segue a obsessão diabólica da DarkSide com a perfeição, em uma linda edição de capa dura. O trabalho interno tem algumas fotos de crianças em meio às ruínas causadas pelos conflitos. Não encontrei grandes problemas de revisão ou de tradução, que foi feita pela mesma tradutora do primeiro livro, Mariana Serpa.

Leia a entrevista que fiz com a autora, Kimberly Bradley!


Ficção e realidade
Crianças são as principais vítimas em conflitos e guerras. Só no Iêmen 3 milhões de pessoas estão passando fome, metade disso são crianças. A guerra na Síria já levou 1,2 milhão de crianças aos campos de refugiados em países vizinhos. Elas comem direitinho? Estudam? Têm cuidados médicos? Pelas imagens terríveis de crianças ensanguentadas e resgatadas de praias depois de se afogarem, sabemos que não. Uma geração inteira está sendo perdida por linhas em mapas e diferentes ideologias.

Kimberly Brubaker Bradley
Kimberly Brubaker Bradley

Em algum ponto havia um apartamento onde eu era feita prisioneira. Em algum lugar, numa travessa cheia de gente que eu reconhecia, que às vezes parava para acenar para mim. Talvez tivesse sido ali. Já não existia mais.

Página 255

Kimberly Brubaker Bradley é uma escritora norte-americana de livros infantis e jovens adultos. Ganhadora do Newbery Honor Award em 2016 pelo livro A Guerra que Salvou a Minha Vida.

Pontos positivos
Protagonista feminina
A relação de Susan com as crianças
Personagens fortes e bem escritos
Pontos negativos


Acaba logo

Título: A Guerra que me Ensinou a Viver
Título original: The War I Finally Won
1. A Guerra que Salvou a Minha Vida
2. A Guerra que me Ensinou a Viver
Autora: Kimberly Brubaker Bradley
Tradutora: Mariana Serpa
Editora: DarkSide
Páginas: 288
Ano de lançamento: 2017
Onde comprar: naAmazon!


Avaliação do MS?
Eu não conseguia parar de ler o livro, exatamente como aconteceu com o primeiro. O trabalho de Kimberly em colocar uma criança narrando um evento tão traumático quanto uma guerra e sua própria luta interna é incrível. Há momentos em que você quer abraçar Ada e Jamie, em outros você quer brigar com eles pela malcriação que estão fazendo, mas quem pode culpá-los? Cinco estrelas para a jornada destes irmãos e todos os outros persongens e uma forte recomendação para você ler também.


MARAVILHOSO!


Até mais!


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