25 de Novembro - Dia Internacional de Luta pelo fim da Violência contra a Mulher

Durante os 16 dias de ativismo na luta contra a violência à mulher blogs envoltos pelo #feminismonerd, se propuseram a discutir as problemáticas em torno da representação de mulheres como uma matriz que reitera os discursos de violência e ódio, quanto veículos que visibilizam a discussão. Sabemos que, apenas a exposição e discussões possibilitam o combate direto, a resolução e identificação do problema. Como reitera a escritora e teórica feminista Audre Lorde: "é preciso transformar o silêncio em linguagem e ação".

Dia 25 de Novembro é o Dia Internacional de Luta contra a Violência sobre a Mulher. Foi instituído em 1999, pala Organização das Nações Unidas (ONU), para lembrar sobre este que é um grave problema de saúde pública e uma séria violação dos direitos humanos. É urgente que países tratem a violência contra o mulher não como um problema conjugal, mas como um problema social e de violação de direitos. Temos que quebrar o mito de que não se mete a colher. Mete-se sim e mete-se os agressores na cadeia.




Por que um dia internacional?
Violência contra mulheres e meninas não é um problema localizado, é um problema global. Primeiro de tudo, é uma violação direta aos direitos humanos ao qual todos os indivíduos possuem. Os Direitos Humanos incluem o direito à vida e à liberdade, à liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à educação, e muitos outros. Todos merecem estes direitos, sem discriminação. Porém, mulheres e meninas ainda sofrem com discriminação apenas por serem mulheres, tanto no âmbito legal quanto no social. A violência impacta e impede o progresso social em muitas áreas, como erradicação da pobreza, combate a doenças, paz e segurança.

A prevenção e o combate à violência se faz urgente. Tanto é possível como é essencial, pois continua sendo uma pandemia. Dados do Banco Mundial apontam que a educação das mulheres está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento e crescimento das nações e à diminuição da violência de gênero. Países pobres perdem cerca de 92 bilhões de dólares por ano ao não educar e capacitar suas mulheres.

A violência contra mulheres e meninas é uma violação dos direitos humanos, uma pandemia de saúde pública e um sério obstáculo ao desenvolvimento sustentável. Impõe custos às famílias, comunidades e economias. O mundo não pode mais pagar esse preço.

Ban Ki-moon, Secretário Geral da ONU

O dia 25 de Novembro foi escolhido para homenagear as Irmãs Mirabal, três irmãs da República Dominicana, que se opunham à ditadura de Rafael Leónidas Trujillo e foram torturadas, sequestradas e mortas em um canavial, neste dia em 1960. Trujillo achava que a morte das irmãs acabaria com a oposição ao seu regime, mas a reação da população foi de indignação, levando ao assassinato de Trujillo no ano seguinte.

Violência contra a mulher não é só agressão física
Quando falamos sobre violência contra a mulher, algo que se sempre se destaca são os feminicídios e as agressões físicas, porém os abusos também se dão de outras formas e pode ser tanto física quanto virtualmente, valendo-se muitas vezes das redes sociais e internet para continuar com as agressões. Outros exemplos:

10. Danos aos pertences da mulher
9. Controlar o dinheiro ou reter documentos
8. Coerção reprodutiva (quando os métodos contraceptivos são sabotados ou o aborto é imposto à mulher)
7. Forçar atos sexuais desconfortáveis (além do estupro)
6. Atirar objetos, sacudir e apertar os braços
5. Expor a vida íntima (como o revenge porn)
4. Controlar e oprimir a mulher (horários, conversas, amizades)
3. Gaslighting (fazer a mulher achar que está ficando louca ou que é histérica)
2. Privar a liberdade de crença
1. Humilhar, xingar e diminuir a autoestima (inclusive na internet)

A violência tem por base questões de desigualdade de poder; é aqui, nesta desigualdade, que se gera a violência.

Daniel Cotrim - Associação Portuguesa de Apoio à Vítima

Ficção, representatividade e empatia
Um estudo recente afirma que a ficção simula uma espécie de mundo social que provoca compreensão e empatia no leitor. Quando você lê e se conecta com personagens, é capaz de entender, analisar e aceitar melhor as emoções do outro. Personagens complexos, com múltiplas camadas, personagens empoderados geram nos leitores uma reação empática que o torna mais hábil a melhor ler outras pessoas.

Quando afirmamos, constantemente, a importância da representatividade na cultura pop, em filmes, livros, séries, HQs, é porque ela importa. Aos nos enxergarmos em uma personagem, ao vermos mulheres em posições de liderança, donas de suas próprias vidas, sem estereótipos batidos de gênero, o leque das possibilidades se abre. E uma mulher dona de si, é dona de seu mundo, sem depender das decisões de um companheiro, pai ou marido. Dar autonomia às mulheres diminui a violência de gênero, as desigualdades sociais e lhe dá poder de decisão.

Uma audiência, ao ver mulheres conseguindo conduzir suas vidas, mesmo após uma agressão, conseguem enxergar um simulacro de realidade. Quantas vezes vimos a ficção se tornar realidade? Quantas meninas assistem a filmes onde mulheres estão mal representadas e, muitas vezes, adotam aquela visão como sendo verdadeira? É por isso que violência contra a mulher não deve ser tratada como algo corriqueiro, como um fato da vida com o qual nada se pode fazer.

Entretanto, o que temos no mundo da ficção é o conceito das Disposable Women (Mulheres Descartáveis), em que uma personagem sofre um estupro, tortura, sequestro e morte para motivar outro personagem, quase sempre masculino. E se a ficção pode fazer trabalhos memoráveis de mostrar mulheres em posição de liderança, cientistas, policiais, médicas, ela também pode objetificar e reforçar a violência já existente na vida real. O imaginário coletivo aceita aquilo como normal.

A cultura é construída pelas pessoas e dentro da cultura pop que tanto consumimos isso não é diferente. Já temos bons exemplos que comprovam que é sim possível colocar mulheres em enredos sem que elas sejam o objeto de cena ou a namorada do herói. Podem, inclusive, ser dentro de um contexto de violência, como Jessica Jones, sem tratar de maneira superficial e cheia de estereótipos. Estas narrativas são essenciais para gerar uma reflexão no público, embaladas em uma obra ficcional, mas que compete com a realidade de igual para igual.


Como denunicar a violência contra a mulher
O Disque-Denúncia 180 dará a orientação para a mulher para os próximos passos. É possível também se dirigir à uma Delegacia da Mulher para registrar boletim de ocorrência. Na ausência de uma delegacia especializada, ela deve ir a uma delegacia comum. Os procedimentos legais serão tomados segundo a Leia Maria da Penha, como no caso de haver necessidade de acolhimento da mulher e filhos e medidas protetivas.

Dia 25 de Novembro, Dia Internacional de Luta pelo fim da Violência contra a Mulher e início dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher.

Blogs que participam desta ação coletiva:
Collant Sem Decote
Prosa Livre
Nó de Oito
Delirium Nerd
Iluminerds
Kaol Porfírio
PacMãe
Minas Nerds
Vanilla Tree
Valkirias
Preta, Nerd & Burning Hell,
Ideias em Roxo
Psicologia e Cultura Pop

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