Rani e o Sino da Divisião é um livro maravilhoso, o suficiente para querer ter tido um desses quando eu mesma era adolescente! Além de ser um embate entre forças espirituais com xamãs, guitarras, vampiros e todos os conflitos juvenis típicos da idade, ainda é escrita por um autor nacional. Uma aventura muito divertida, com perigos e dinossauros!
O livro
Rani mora em uma cidade pequena, Graúna, um lugar provinciano, com todas as características típicas de uma cidade pequena. Todo mundo se conhece, pouca coisa interessante acontece, as coisas parecem andar mais devagar. Rani mora com o pai, estuda numa escola pública depois de sofrer bullying na escola particular em que estudava por ser negra e por curtir punk death metal.Uma xamã nunca se atrasa ou se adianta, ela chega exatamente quando tem de chegar.
Mas tudo muda numa manhã, enquanto cortava caminho para ir para a escola. Ela encontra um garoto que aparenta ter sua idade, roupas coloridas, mas que a deixa com uma sensação estranha. Qual não é sua surpresa quando ele se mostra seu novo colega de classe? Pietro é seu nome. E o que ele lhe revela é uma completa loucura: ele faz parte de uma facção de seres sobrenaturais, chamada Animais de Festa e que Rani é uma poderosa xamã, daquelas muito raras. Ahh, e tem o detalhe: um xamã sanguinário quer matá-la, o que pode levar ao fim do mundo como conhecemos.
Como qualquer pessoa que recebesse uma notícia dessas, Rani foge e sente que não tem condições de lidar com tanta informação, com tanta coisa em suas mãos de uma vez só. Mas ela percebe que se não treinar para controlar seus poderes e se não encarar Aiba, o poderoso xamã, as pessoas que ama estarão em risco.
O livro é narrado em primeira pessoa, então temos completa visão das sensações e pensamentos de Rani. Vemos suas frustrações com a escola (com as quais me identifiquei muito!), com os próprios sentimentos por vezes conflitantes. Sua relação com os pais e avós, seus gostos musicais altamente refinados e sua relação com Marina, sua melhor amiga, que embarca em sua aventura sem nem mesmo ter poderes sobrenaturais. Temos vampiros, lobisomens, o filho do diabo e o cramunhão em pessoa em uma das mais divertidas visões de infernos que já li.
Ninguém manda em mim! E, em segundo lugar, não vou deixar de fazer minhas coisas porque um cara como você acha que é melhor assim.
Obra e realidade
As referências sobre a cultura pop são variadas. Temos as bandas favoritas de Rani e Marina, trechos de músicas abrindo os capítulos, um teste para saber a qual facção o leitor pertence, um trecho do Sobrenatural em Dia e anotações divertidas de Rani pelos capítulos. Além disso e o mais legal do livro, é que Rani não orbita nenhum personagem masculino. Temos uma adolescente negra, que toca guitarra, é xamã e que decide enfrentar o mal sozinha.Ao contrário de outros livros juvenis, como Divergente, onde Tris só falta ter um cordão umbilical com o Quatro e eles discutem relação o tempo inteiro, Rani não liga pra isso e reclama de ser chamada de "namorada" de quem quer que seja. Também não há aqui um amor eterno como vemos em outros livros. Seja passageiro ou não, a lição é para aproveitar o momento, para amar as pessoas como se não houvesse amanhã. E não tem mesmo, né galera?
E não posso deixar de dizer que tem amazonas cavalgando dinossauros. AMAZONAS.CAVALGANDO.DINOSSAUROS. Se você precisava de um motivo convincente, taí um!
Jim Anotsu é um escritor e tradutor brasileiro de ficção especulativa e fantasia, publicado tanto no Brasil quanto no exterior.
PONTOS POSITIVOS
Amazonas e Dinossauros
Autor e cenário nacional
Protagonista feminina
PONTOS NEGATIVOS
Não tem mapa
Capítulos curtos
Amazonas e Dinossauros
Autor e cenário nacional
Protagonista feminina
PONTOS NEGATIVOS
Não tem mapa
Capítulos curtos
Avaliação do MS?
Ri muito com várias passagens insólitas e com todas as referências ao mundo pop que temos aqui. É uma narrativa leve, com passagens assustadoras, magia e piadinhas, além de uma casa mágica que se redecora e se limpa sozinha. Além disso, o livro mostra que um escritor pode muito bem criar uma personagem feminina com a qual podemos nos identificar sem cair nos clichês óbvios. Aos autores que não conseguem, sinto dizer que vocês não são muito bons. Cinco aliens para Rani e pelamordedeusa, leia este livro!Até mais! 🦕
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