Todo mundo sabe que amo ficção científica. Leio tanto os clássicos quanto as distopias juvenis e me divirto com ambos, também me decepcionando com ambos. Recentemente, minha grande decepção foi com Reboot, um livro pobre, fraco, com um enredo repleto de buracos e que não responde pergunta alguma durante suas mais de 350 páginas.
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O livro
Um estranho vírus assolou o mundo (ou pelo menos os Estados Unidos, onde o enredo se passa). As pessoas acometidas por ele voltavam à vida depois de morrerem. Eles são conhecidos como Reboots. Com os adolescentes, isso é ainda mais intenso. Eles voltam mais fortes, mais ágeis, mais rápidos, com cicatrização acelerada e são usados como bucha de canhão em operações pelas favelas. Como a situação se torna muito ruim para os Reboots, já que eles causam medo nas pessoas, afinal voltaram da morte, é criada a CRAH, Corporação de Repovoamento e Avanço Humano.![Resenha: Reboot, de Amy Tintera Resenha: Reboot, de Amy Tintera](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBv177Wj6OCaCflwyCIEmgUKMThnhysRU7UBLXfKyDTlnzwh-gVjlZqk2E3XkDAFOgrSfpAwWhNB_f_ZGy-du24DfhmgFLYvro_-8cKxI4voT0BJJ8dlMXSH9DzdrgvwSM0GtTJmu83Mg/s1600/resenha-de-reboot-de-amy-tintera.jpg)
E é na CRAH que conhecemos Wren Connolly, também chamada de 178, pois foi esse o tempo em minutos que ela levou para voltar à vida. Quanto mais tempo a pessoa demora para retornar, mais forte ela é, mais fria e sem emoções, mais rápido ela se recupera de ferimentos. Todos temem Wren e estando no topo do ranking, ela tem o direito de escolher quem treinar, entre os novos reinicializados, para compor mais tropas de CRAH. Ela então conhece o 22. Um bocó que ri o tempo todo e que, óbvio, está lá para sacudir as estribeiras da fria 178.
O 22 chama a atenção de Wren porque ele é sociável, está sempre sorrindo, etc. e tal, e isso a faz escolher esse sujeito para treinar, algo que surpreende seus colegas. E aí começa o imbróglio romântico, em que o 22 faz com que 178 possa sentir as emoções humanas de novo e blá, blá, blá. Não sou contra romance, já disse isso várias e várias vezes, não sou contra paquera entre os personagens, mas o livro ficou completamente bobo e infantil com esse relacionamento entre os dois. Temos mais um enredo em que temos uma moça problemática sendo salva por um boy. Nada de novo e totalmente estereotipado.
De nada adianta criar um enredo em que zumbis são conscientes e usados como bucha de canhão e ter uma personagem feminina forte para depois tirar essa força dela só porque conhece um carinha. E um carinha idiota, ainda por cima. Eu sabia que viria um interesse romântico, porque é claro que viria, mas ter tantos estereótipos foi absolutamente irritante.
Além disso, o ambiente do enredo é incompleto. Não sabemos em que época isso acontece, nem temos uma visão melhor sobre como o vírus age, de onde surgiu, nem nada. Temos uma mega corporação maligna e um casalzinho lutando contra ela, já que um deles está sob risco de morrer (claro que está). Pronto, é esse o enredo, colocado em somente uma frase. O enredo não evolui e a autora se segura para não entregar o enredo inteiro, pois é uma duologia.
A única coisa positiva do livro, além de ter uma protagonista feminina, foi o modo como a alegoria dos zumbis foi tratada, pois foge do escopo original de seres pútridos com sede de carne humana e sem nenhuma inteligência. E mesmo a menção a isso em experimentos feitos com os Reboots não é estereotipado. Mas é só também. O resto não se salva.
Ficção e realidade
Tirando os eventos sem noção do livro - que é muito ingênuo e raso - temos mais uma distopia, mais uma vez causada por um vírus mortal. Temos também um casal lutando para ficar juntos, por mais ridícula que seja essa tentativa. Como este livro é o primeiro de uma trilogia, talvez a autora explique mais coisas no restante das obras. O livro também trata sobre a escassez de sentimentos e de como isso pode ser tratado pelas outras pessoas, de como a interação social é importante.![Amy Tintera Amy Tintera](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_n44TuBrpm-TdGsl5hdc8jIrs2GsQvAflh5pkoU0nwQwckyFDjpO6jDig8XzvTIzVay-xoz2QF0SvFY53IkPDZeDuO3dCqJYWgE-M8KbY7dakO5AIoBtVgGRyhmZmG-jrNv0PszMB0No/s1600/Amy-Tintera.jpg)
Amy Tintera é uma escritora norte-americana de livros para jovens adultos. Ela mora no Texas e teve seus livros traduzidos para 16 idiomas.
Pontos positivos
Personagem femininaDistopia
Pontos negativos
Sobrevivência fica de ladoRomancezinho xarope
Final óbvio
Avaliação do MS?
Este livro é curto - ainda bem - então a leitura acaba rápido e flui igualmente rápido. Mas se você tiver coisa melhor para ler, é melhor deixar esse aqui de lado. Reboot tinha potencial para tratar com propriedade sobre vida e morte, sobre grandes empresas com desejos obscuros, com luta pela sobrevivência de uma minoria segregada. Uma pena que não teve nada disso. Dois aliens para ele.![É por sua conta e risco](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgG4y3Xk_pDcKQHVZR0q5mY2R74Q_wOCXWMiuBw-PlL1x7xDiTubA4Jx20JgbBNKx-GSALwxOorYLDTVAG7aSwQnH3zk50kt4Wej9a9X9oCP_4LCPYktMmCCn6Spj-FTjH00sT-hw4g1p4/s320/2-aliens.png)
Até mais!
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