Contatos alienígenas

Não creio que Frank Drake pretendesse que a sua famosa Equação de Drake fosse algo mais do que um dispositivo pedagógico, ou melhor, uma ferramenta ilustrativa para explicar o que ele considerava as coisas mais significativas que precisaríamos de saber para descobrir quantas outras civilizações pode estar lá fora na galáxia. Isto foi em 1961 e, naturalmente, a equação era toda sobre probabilidades, porque não tínhamos informações concretas sobre a maioria dos fatores da equação. Drake já estava procurando sinais de rádio em Green Bank, inventando no processo o SETI praticado por meio de radiotelescópios.

Contatos alienígenas

A possibilidade de entrar em contato com alienígenas inteligentes tem sido levantada por muitos cientistas. Inclusive alguns deles já aventaram a ideia que ainda no século XXI entraremos em contato com seres de fora da Terra. Ou seja, para muita gente o contato (se é que já não aconteceu) estaria para acontecer num futuro bem próximo. Mas ao mesmo tempo em que alguns são otimistas, têm outros que estão aventando outras hipóteses nem tão positivas assim.

Deixando de lado Daniken e seus daniketes (que acreditam com todas as fibras de seu ser que os aliens vieram para a Terra, há milhões de anos, para empilhar pedra e não perdem um episódio de Alienígenas do Passado), é preciso analisar a vida fora do nosso planetinha com bastante cuidado. Quem se pergunta se há vida pelo universo acho que já encontrou a resposta somente por fazer a pergunta, afinal estamos vivos, fazemos parte deste Universo, temos consciência e capacidade para refletirmos a respeito de nossa existência. Não acho que a vida seja algo raro no Universo, ao contrário, se há uma coisa que a vida foi capaz de nos mostrar é o quão versátil e plástica ela é, capaz de se adaptar a vários ambientes e situações. Não vejo razão para sermos os únicos seres vivos.

No entanto, devemos sim nos perguntar: por que ainda não vimos evidências de vida alienígena pelo cosmos? Será que eles estão se escondendo da gente, tipo um esconde-esconde galáctico? Não teríamos algo a oferecer? Eles não são avançados tecnologicamente a ponto de partirem para o espaço? Nós é que não temos a tecnologia adequada? São tantos questionamentos ainda sem resposta que podem deixar muita gente deprimida se pensar demais no assunto. Carl Sagan já disse que se formos a única forma de vida pelo Universo é um grande desperdício de espaço. Mas também disse que a única coisa capaz de sanar essa solidão causada pela vastidão do espaço é o contato.

Assumindo que este seja o caso, que as formas de vida inteligentes que não pereceram pelo caminho estejam dispostas a fazer um contato, por que raios ainda não as vimos por aí? O questionamento é sério e não estou levando em conta conspirações e seus conspiracionistas que acham que a vida toda é um grande Arquivo X. Enrico Fermi se fez esta pergunta e formulou seu famoso paradoxo levando em consideração a idade do universo, das estrelas e do tempo que uma forma de vida inteligente teria para desenvolver tecnologia. Então, se elas estão por aí, já era para termos encontrado evidências suas.

Frank Drake foi mais além. Formulada em 1961, a equação leva em consideração diversos fatores para estimar o número de civilizações que existem na Via Láctea e com as quais poderíamos entrar em contato.



Onde:

  • N é o número de civilizações extraterrestres em nossa galáxia com as quais poderíamos ter chances de estabelecer comunicação.
  • R* é a taxa de formação de estrelas em nossa galáxia
  • fp é a fração de tais estrelas que possuem planetas em órbita
  • ne é o número médio de planetas que potencialmente permitem o desenvolvimento de vida por estrela que tem planetas
  • fl é a fração dos planetas com potencial para vida que realmente desenvolvem vida
  • fi é a fração dos planetas que desenvolvem vida inteligente
  • fc é a fração dos planetas que desenvolvem vida inteligente e que têm o desejo e os meios necessários para estabelecer comunicação
  • L é o tempo esperado de vida de tal civilização

Apesar dos problemas que muita gente aponta na Equação de Drake, como por exemplo alienígenas que podem ter colonizado outras galáxias e que vários fatores dela são ainda desconhecidos, foi uma tentativa interessante de se estimar, pela primeira vez, em que pé estariam as civilizações pela galáxia. Temos mais estrelas pelo Universo do que grãos de areia em todas as praias da Terra, então não faria sentido estarmos sozinhos. Em algum lugar, em algum momento, a vida surgiu e evoluiu. Mas onde estão eles?

Podemos nunca saber. Triste, eu sei. E isso porque podemos ser uma raça pioneira no universo, que se desenvolveu com certa rapidez e que, portanto, estaríamos observando um universo em constante desenvolvimento, onde a vida ainda está eclodindo em planetas recém-formados. Se olharmos para um planeta como a Terra, orbitando uma estrelas estável como o nosso Sol, mas que seja 500 milhões de anos mais novo, podemos não ver nenhuma civilização, pois ela não teve tempo de se desenvolver. Teríamos que voltar depois de uns 500 milhões de anos para tentar ver algum avanço. Mas vai que ele não ocorreu? Ou até que estejamos extintos?

Eu não estou falando do umbiguismo que muita gente tem de achar que somos a cereja do bolo do universo. Mas esta é uma boa resposta para o Paradoxo de Fermi. As condições necessárias para o surgimento da vida se desenvolveram aqui com alguma elegância, o que garantiu que não fôssemos extintos (ainda) e que criássemos condições de observar o cosmos em busca de outros seres inteligentes. Só que tudo isso pode não ser tão rápido para outras formas de vida e nos daria a falsa impressão de termos um Universo vazio.

Entra, então, uma grande responsabilidade enquanto raça e forma de vida inteligente: o de impedir nossa aniquilação e o de saber usar bem nossos recursos para podermos caminhar por outros planetas a tempo de encontrar civilizações por aí. Devemos também aprimorar nossa tecnologia, pois não sabemos como que uma civilização 1 bilhão de anos mais velha que a nossa pode parecer.

Assim, das duas uma: ou somos muito jovens em um universo ainda formando vida por aí, ou estamos observando vida em tudo quanto é lugar, mas somos incapazes de percebê-la como tal. Uma raça alienígena bem antiga poderia estar num grau tão avançado de inteligência e tecnologia que pode achar que nem mesmo somos inteligentes. Em Homens de Preto, o agente K disse que o pensamento humano é tão primitivo que é considerado uma doença infecto-contagiosa em algumas galáxias. Depois de ler os comentários em alguns portais de notícias da internet, o agente K parece ter razão.

Se vamos ou não entrar em contato com alguma raça alienígena antes do fim do século, realmente não sei. Sei que seria um marco civilizatório maior do que a descoberta do fogo ou a invenção da roda. Isso marcaria nossa raça para sempre, o que não quer dizer que seja totalmente positivo. Contudo, certamente, poderia diminuir a sensação de estarmos tão isolados e sozinhos num universo que parece não ligar muito para nós.

Até mais!

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