Resenha: Estação Polar, de Matthew Reilly

O título chama a atenção e você começa a ler com bastante expectativa. Ele é intenso, cheio de detalhes, uma missão perigosa num dos lugares mais hostis do planeta. Tudo isso seria o tempero ideal para um autor escrever um excelente thriller de suspense, uma história imperdível para qualquer leitor, certo? Pois é, não é o que aconteceu aqui.





O livro
A Estação Polar Wilkes se encontra isolada numa banquisa na Antártica. Seus pesquisadores trabalham com diversas áreas da ciência, até que uma caverna subterrânea é descoberta. Lá dentro uma grande surpresa: uma nave alienígena. Logo em seguida, começam as mortes bizarras dos mergulhadores que viram a espantosa descoberta sob o gelo ancestral. A estação então, pede ajuda pelo rádio, mas uma tempestade solar imensa oblitera as comunicações e a estação parece isolada de todo mundo.

Resenha: Estação Polar, de Matthew Reilly

Shane Schofield, tenente do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, e sua equipe chegam à estação polar e encontram cientistas franceses de uma estação próxima que conseguiu chegar a tempo para ajudar os colegas. Mas logo os segredos do lugar começam a aparecer. Um estudante de doutorado matou seu orientador e se trancou em seu alojamento. Uma mãe viúva e sua filha estão presas na estação e os franceses não são quem dizer ser.

Começa uma luta intensa, política e armada para tomar a estação Wilkes e pôr as mãos no misterioso artefato lá embaixo preso no gelo. Franceses e britânicos estão de olho em Wilkes e mandam seus melhores homens na tentativa de obtê-la. Além disso, Schofield tem que lidar com assassinos infiltrados em seu próprio pelotão, mortes inexplicáveis e seres marinhos bizarros que devoraram membros da equipe da estação na caverna. Sem contar um cardume de baleias assassinas...

Eu curto muito as aventuras militares. Só que aqui isso ficou chato. Para quem gosta de detalhes sobre armamento, aviões, unidades de elite e jargões militares, é um prato cheio, só que o autor exagerou na dose. Temos também eventos e pessoas que no decorrer do livro simplesmente somem. Puff! O autor não deu a menor explicação para o sumiço deles e ficou por isso mesmo. Temos personagens bem construídos, vira-casacas bem feitos, mas o livro peca por sua extensão. A cena de ação que se segue à morte dos cientistas é longa. Mas não é uma ceninha de algumas páginas só, é uma cena muito, mas muito longa. E o tom que o autor dá já nos deixa um indício que aquela nave não tem nada de extraterrestre...

Além disso, o livro erra também na repetição. Estação Polar Wilkes é repetida à exaustão a cada parágrafo. Tanto que comecei a pular a sentença, pois ela aparecia a todo momento. E não só essa, várias outras palavras e expressões se repetiram durante o texto como se o tradutor não tivesse percebido e/ou mais ninguém tenha revisado. Algo do tipo: "Baleias assassinas, você disse?; Sim, baleias assassinas; Mas poxa, como assim baleias assassinas? Estou dizendo, eram baleias assassinas! Bem, se você viu baleias assassinas eram baleias assassinas". Haja saco, né?


Ficção e realidade
A Antártica é um dos locais mais hostis do planeta. Inóspito, gélido o ano todo, mas uma fonte inesgotável de pesquisas. Como ela é um continente que está hoje coberto por gelo, é um local rico em fósseis, tanto de plantas quanto animais e várias pesquisas paleoclimáticas são lá conduzidas. Obviamente, o local desperta a cobiça das nações, mesmo que existam tratados que impeçam a exploração e reivindicação do continente. Muito já se especulou, tanto na ficção quanto na realidade, se o continente gelado teve cidades e civilizações, mas até agora, tudo não passa de especulação.

O Brasil mantém lá a Estação Comandante Ferraz, que infelizmente pegou fogo em fevereiro de 2012. Mesmo assim, cientistas brasileiros e estudantes de diversas universidades brasileiras continuam conduzindo seus experimentos na região. Sem a estação, é necessário usar Módulos Antárticos Emergenciais, com o apoio de navios.


Matthew Reilly é um escritor australiano que começou a publicar seus livros por conta própria, em 1996, indo pessoalmente nas livrarias para negociar com os livreiros. Hoje é um autor best-seller, com quase 6 milhões de cópias vendidas em mais de uma dúzia de livros.


Pontos positivos
Personagens bem construídos
Thriller psicológico
Suspense
Pontos negativos
Repetição excessiva
Final poderia ser melhor
Se alonga demais nas cenas de ação

Título: Estação Polar
Título original: Ice Station
Autor: Matthew Reilly
Tradutor: Alves Calado
Editora: Record
Ano de lançamento: 2005
Páginas: 514
Onde comprar: Amazon


Avaliação do MS?
Locais inóspitos, ganância humana, missões de risco, personagens cativantes, tudo isso geralmente leva a boas obras. Estação Polar poderia ser um livro muito melhor e com menos páginas se o autor não tivesse pressa para terminá-lo, pois é essa a nítida impressão que passa. Matthew Reilly atropelou eventos e pessoas durante as páginas e não amarrou muito bem o fim deles. Uma pena. Três aliens para ele.




Até mais!

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