Navio oceanográfico Alpha Crucis

Venho acompanhado com expectativa nos últimos meses o andamento do navio oceanográfico brasileiro Alpha Crucis, pertencente à Fundação de Amparo e Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e ao Instituto Oceanográfico da USP. O antigo navio, Prof. Wladimir Besnard, sofreu um incêndio e ficou ancorado em Santos por meses desde 2008 quando enfim as autoridades decretaram que ele não tinha mais conserto. O jeito era comprar outro navio e reformá-lo.



Navio oceanográfico Alpha Crucis ancorado em Santos.

É uma pena que um país com 8 mil km de costa conte com apenas um navio oceanográfico de grande porte. Se a camada do pré-sal ainda não ajudou financeiramente o país, pelo menos sua descoberta impulsionou a vontade das autoridades em fornecer um novo navio para pesquisa, com maior capacidade de carga, de transporte de tripulantes e de permanência no mar. Mesmo sendo um país com dimensões continentais, a maioria da população não dá a este imenso banco de recursos naturais o seu devido valor.

O Moana Wave, nome original do navio, pertencia à Universidade do Havaí e passou dez meses no estaleiro em Seattle passando pela reforma necessária e modificações de aparelhagem para operar no Brasil. Ele tem 64 metros de comprimento por 11 de largura, com capacidade para 21 pesquisadores, 18 tripulantes e capacidade de carga de 972 toneladas, com autonomia em alto mar de até 40 dias (o anterior eram apenas 15). A compra, a reforma e os equipamentos custaram ao todo US$ 11 milhões, dinheiro muito bem gasto a meu ver, sendo 4 milhões deles para a compra do navio. Ele foi batizado com o nome Alpha Crucis, pois esta é a estrela que simboliza o estado de São Paulo na bandeira do Brasil.

A popa rebaixada é própria para pesquisas em alto mar.

O Atlântico Sul é um dos oceanos menos estudados do mundo e os estudos oceanográficos são multidisciplinares, precisam da colaboração de diversas áreas de conhecimento. O Alpha Crucis vai acelerar as pesquisas no país e já conta com uma agenda cheia para o próximo semestre com várias viagens agendadas, desde que foi inaugurado oficialmente em Santos em 31 de maio último.

Infelizmente, para o tamanho da nossa costa e do nosso mar, seriam necessários pelo menos mais uns oito navios deste porte para dar conta de todos os estudos necessários. No Ceará, por sua vez, o primeiro barco oceanográfico totalmente nacional está sendo construído, o Alpha Delphini, que irá auxiliar o Alpha Crucis nos estudos, por ser menor e de operação menos dispendiosa, podendo trabalhar especialmente na margem continental. O infográfico abaixo, elaborado pela Fapesp, mostra o Alpha Crucis com detalhes.


Espero que a chegada deste navio e do Alpha Delphini consigam expandir as ciências do mar e alavanque a ciência em geral. É um estudo estratégico se formos pensar nos recursos naturais e minerais que o nosso rico oceano possui. E que também traga orgulho.

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