Aquela ciência da escola...

tubo de ensaio
Já não é de hoje que o Brasil peca no quesito produção científica. Não quer dizer que não produzimos pesquisa e ciência, mas o que produzimos ainda é pequeno diante dos desafios tecnológicos, ambientais e científicos que vamos enfrentar nas próximas décadas. E estes desafios tendem a ser ainda maiores se não formarmos mão-de-obra qualificada. Mão-de-obra esta que começa na escola. Então por que os alunos não só não gostam de ciência como também têm dificuldades de aprender?

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Eu tive a grata oportunidade de fazer boa parte dos meus estudos em um colégio particular, coisa que a grossa maioria dos estudantes não pode. Tive aulas de laboratório de biologia, química e física e já no fundamental éramos incentivados a fazer pequenas experiências, como o famoso e amplamente difundido feijão no algodão.

feijão no algodãoMas ainda assim, eu sinto que tive poucas aulas de ciências por um motivo muito simples: eu não tinha professores cientistas. Eu tive grandes professores, no entanto, eles não tinham o preparo para lidar com experiências ou cuidar de um laboratório. Qual é o modelo de ensino que ainda é perpetuado pelo ensino público brasileiro? O professor entra na sala, expõe o conteúdo, diz sobre o que vão estudar, mas não coloca o aluno para trabalhar em cima.

E aí? A culpa é de quem afinal? Não podemos culpar plenamente o professor, que na maioria das vezes tem jornadas triplas, permanecendo os três horários em sala de aula. Podemos culpar o Estado por não suprir as escolas com laboratórios? É, até podemos. Mas muitas escolas estão com seus laboratórios abandonados, com material encaixotado e já vi estudantes cobrando seu uso. Em especial no ensino médio, onde o conhecimento deve ser posto em prática.

Piaget dizia que para o conhecimento, não se deve ter pressa, pois uma vez estabelecido ele permanece. O aluno que apenas senta numa carteira e assiste um professor vomitando conceitos que ele não sabe para que servem nem pratica realmente não vai ter o menor interesse em ciência. E voltamos à pergunta: a culpa é de quem? Por que não pensamos também no modo como as universidades estão treinando os futuros professores? Eles fazem experiências ou eles apenas estão recebendo as aulas que futuramente darão aos seus alunos?

Não existe meio termo quando o assunto é ensino de ciências: ele deve ser experimental. O aluno deve ser posto a enfrentar problemas e pensar na maneira como resolvê-los. Nossos cientistas nascem nas escolas, não são de geração espontânea. Enfrentar os problemas e tentar solucioná-los não é o que devemos fazer a vida inteira?

O mais assustador de ver é que os cursos de licenciatura estão agregando alunos que fogem das ciências exatas e da terra, pois eles não compreendem os conceitos e teorias, que a escola não lhes passou. É uma bola de neve. Foi como o senador Cristovam Buarque disse no Twitter alguns dias atrás:

@Sen_Cristovam Principal causa abandono EnSup é incapacidade de acompanhar curso. Em vez melhorar EduBase vão baixar exigência EnSup.

Como quebrar esse círculo vicioso de escola falha, professor despreparado, aluno desmotivado? Eu vejo apenas soluções a longo prazo, com investimentos pesados nas escolas para compra de equipamentos e construção de laboratórios e no preparo de professores-cientistas, que tenham condições de aprender e ensinar. Além disso, educação deve ser encarada com um projeto estatal, com um planejamento e não gestões deste ou daquele partido. Ensinar para o futuro deve ser a prioridade e não perpetuar um sistema falho que nada agrega ao aluno, ao contrário, apenas traz perdas.

E você? O que acha do nosso ensino de ciências? Até mais!

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