Resenha: As religiões que o mundo esqueceu, de Pedro Paulo Funari (org.)

Em um mundo cada vez mais polarizado e pendendo para o ódio e o preconceito, é necessário que ferramentas estejam disponíveis ao público que contribuam para uma visão mais plural e diversificada. E um dos agentes de polarização de maior atuação hoje em dia é a religião, usada para justificar os mais atrozes absurdos e massacres. Com uma proposta introdutória, o livro organizado pelo professor Pedro Paulo Funari quer trazer para você uma nova perspectiva sobre povos e sociedades e a forma como eles viam e viviam o mundo.



Parceria Momentum Saga e
Editora Contexto


O livro

Junto à capacidade de produzir e transmitir cultura, a experiência religiosa é a marca mais distintiva da humanidade.

Introdução

Enquanto os animais se comunicam entre si das mais variadas formas, até o momento não se sabe de nenhum animal, além do ser humano, que tenha preocupações e motivações religiosas. Lembro bem da minha querida professora de biologia Maria José falando sobre as possibilidades de surgimento de mitos e da religiosidade e como que povos primitivos buscavam explicar seu mundo de acordo com os fenômenos que podiam observar. Um trovão poderia fazer um hominídeo primitivo pensar que havia alguém ou algo lá em cima fazendo aquele barulho? Foi a primeira vez que parei para pensar nesta forma de ver o mundo.

Resenha: As religiões que o mundo esqueceu, de Pedro Paulo Funari (org.)

Já há pinturas religiosas em cavernas feitas por hominídeos. Há os sepultamentos elaborados de povos ainda mais antigos que os egípcios. Há sinais de respeito e adoração a entidades das mais variadas formas. Mas como definir religiosidade? Como entender o que move as pessoas em volta de deuses, deusas, mitos e rituais? A introdução do livro já nos traz uma resposta perfeita, ao definir que todo movimento humano em prol de algo pelo o que se luta com uma crença profunda, é dotado de uma fé, de uma espiritualidade, não importa se é ateu ou cristão.

Abordando 13 religiões, começamos a jornada com os Antigos Egípcios, de longe uma das civilizações mais fascinantes do mundo e que ainda é constantemente abordada, revisitada e estudada. Com imagens em preto e branco na maioria dos capítulos, os autores se preocuparam em trazer informações de cunho mais geral para quem está lendo, mas que não desaponta, afinal este livro é mesmo introdutório. Quem está buscando informações mais aprofundadas vai acabar se decepcionando com o teor desta obra. Eu a indicaria para estudantes em geral que queiram ter um apanhado geral do assunto, bem como público leigo.

Os sumérios são o povo seguinte, aqueles que criaram as primeiras narrativas sobre um dilúvio. Algo que é notável em muitas mitologias é o quão volúveis os deuses são e como são voláteis em relação aos sentimentos. Os sumérios, assim como os gregos, também estavam às voltas com seus deuses caprichosos. Os autores se preocuparam em não apenas dar nomes a deuses e a narrar os mitos de criação, mas também o de explicar a administração de templos, rituais, reproduzir encantamentos e estátuas, gravuras, orações e dias sagrados.

Celtas, persas, maias, vikings, romanos, albingenses, gnósticos, há bastante informação para você se deleitar. No final de cada capítulo uma pequena bibliografia indicada para quem quiser se aprofundar mais está disponível. Gostei muito da forma como os capítulos são narrados e como são de fácil compreensão. Além disso, são textos bastante respeitosos com as crenças dos antigos, que são vistas como entidades representativas de um povo que contribuiu de alguma forma com a raça humana e não meras curiosidades. É uma demonstração de respeito que anda faltando em muitos líderes políticos e religiosos por aí...

Religião sem livro sagrado, a vivência espiritual dos gregos baseava-se em algumas crenças que, em grande parte, eram vistas como especulações do ser humano diante do que não sabia explicar.

Página 43

O livro da Contexto está ótimo, em papel branco e capa comum. O papel não é muito encorpado, então cuidado com amassados e escritos à caneta. Não há grandes problemas de revisão ou diagramação nele, apenas uma ou outra letra batida a mais aqui e ali.


Obra e realidade
Em uma conversa com o diretor da Editora Contexto e ex-professor Jaime Pinsky, Paulo teve a ideia de publicar um livro que trouxesse religiões relevantes para o público brasileiro. A editora já tinha uma publicação que esmiuçava as religiões monoteístas e seria interessante falar de outros cultos, mitos e religiões, algumas já extintas, de forma a contribuir para expandir e desmistificar tais denominações.

Dessa forma, Paulo convidou especialistas brasileiros que pudessem dar vida às 13 religiões do livro, apresentadas em ordem cronológica e que o texto fosse acessível para o público leigo. Acredito que a tarefa foi perfeitamente executada e o livro serve de apoio e introdução a estudantes e ao público em geral, curioso e ávido de conhecimento.

Pedro Paulo Funari

Pedro Paulo Funari é historiador e arqueólogo formado pela USP, professor da UNICAMP. É autor de mais de 330 artigos publicados em revistas de todo o mundo. É autor e co-autor de mais de 80 livros na área de história e arqueologia.


Pontos positivos
Leitura agradável
Ilustrações
Bem escrito
Pontos negativos

Introdutório
Acaba logo

Título: As religiões que o mundo esqueceu: como egípcios, gregos, celtas, astecas e outros povos cultuavam seus deuses
Organizador: Pedro Paulo Funari
Editora: Contexto
Páginas: 216
Ano de lançamento: 2009
Onde comprar: na Amazon


Avaliação do MS?
Ainda que o livro não se aprofunde nos temas tratados, a obra é bem escrita, de leitura agradável e rica em informações para estudantes e público curioso que esteja a fim de uma leitura. É um ótimo ponto de partida para quem quiser se aprofundar em algum tema ou religião explicitados. Achei até que poderia ser mais longo, de tão gostoso de ler que foi. Quatro aliens e uma forte indicação para você ler também!


Até mais!


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