Resenha: Iron Flame, de Rebecca Yarros

Assim que terminei de ler Quarta Asa, percebi que não aguentaria esperar pelo lançamento do segundo volume. Assim, corri para ler a edição em inglês a fim de acompanhar os passos de Violet e seus colegas cavaleiros de dragões. Muitas revelações, intrigas e ressurreições acontecem neste livro aqui. Perfeito ele não é, mas é bem divertido. Pode haver spoilers do livro anterior!

O livro
Este segundo volume começa logo depois do final do primeiro. Violet sobreviveu a uma feroz batalha e reencontra alguém que acreditava estar morto há muito tempo. Depois de terem agido rapidamente para proteger civis de seres que Violet acreditava serm apenas mitológicos, sua cabeça está cheia de dúvidas e medos. Será que eles podem voltar para Basgiath? Foi mesmo uma emboscada? Morrer não era uma opção para eles e mesmo assim, uma morte brutal ficou marcada em todo o grupo. Como viver depois de tudo isso?

Resenha: Iron Flame, de Rebecca Yarros

Os segredos morrem com as pessoas que os guardam.

(tradução livre)

Violet passou do primeiro ano, apesar dos medos de Mira, sua irmã e da indiferença da mãe delas, a general Sorrengail. O segundo ano agora é um novo capítulo, enquanto Xaden se forma e é enviado para um posto distante de Basgiath. Depois do retorno bombástico do grupo ao instituto militar, os líderes não tinham outra escolha se não mandar que todos eles se formem e continuem seus estudos. Mas a jornada não será fácil para Violet e Xaden, e seus dragões que não podem ficar longe um do outro por muito tempo. Pra mim, essa é a desculpa mais escrota que a autora poderia dar para fazer um casal trepar, mas OK, vida que segue.

Podemos dividir o livro em duas partes. Retornamos à sala de aula com Violet e seus amigos pela primeira parte, enquanto na segunda uma reviravolta afasta todos eles de Basgiath. A ameaça brutal que quase os matou no final do primeiro livro está mais forte do que nunca. E nem todos são protegidos pelas égides, que são barreiras mágicas usadas pelo reino de Navarre para proteger suas fronteiras. Assim, Violet se dedica a buscar por textos que possam ensiná-la a erguer as égides nos lugares que mais precisam delas. E ela também se mantém afastada dos amigos, com medo que segredos de outras pessoas vazem.

Para mim, Xaden é só um personagem secundário, porque os protagonistas são Violet e seus dragões. Aliás, Xaden me irritou por uma boa parte da leitura por ser um babaca em boa parte dela. Ele nunca se desculpa, nunca sente muito por nada e não tem gestos de carinho com Violet. Aliás, as cenas de sexo entre esses dois foram ridículas, quando comparadas às do primeiro livro. Depois da primeira, elas meio que se repetiram e ficaram esquisitíssimas, com Xaden agindo praticamente como um cachorro no cio, querendo que Violet gema e grite para todo o castelo ouvir que ela era mulher dele. Humm, senti uma pontada de relacionamento tóxico aqui?

Não há cenas de carinho entre esses dois. Dormir de conchinha, beijos na testa, pegar na mão. Nada. Na primeira oportunidade, eles trepam e trepam nos lugares mais idiotas, como um trono. Não pergunte, não quero lembrar mais dessa idiotice. O tempo que Yarros perdeu falando do cheiro da pica do Xaden, ela poderia ter usado para aprofundar os estudos de Violet, sua necessidade de confiar mais nas pessoas, sua relação com a família, que fica meio de lado. Para um livro tão grande, houve muitas chances perdidas.

Também houve introduções de personagens que nem faziam sentido. Violet e Xaden se pertencem, já entedemos isso, mas colocar uma ex-namorada clichê em vários momentos só para causar tensão também não funcionou para mim. A personagem é chata, servindo pouco para o desenvolvimento da história. E há grandes momentos para todos ali que a autora deixou passar. Sério, teve horas que senti que ela desaprendia a escrever apenas para falar do cheio de couro e menta do Xaden. O que ela pensava ao escrever aquelas cenas embaraçosas de sexo entre eles?

Descendo a lenha no livro assim, parece até que não gostei da leitura, certo? Mas o pior é que eu gostei dela! Menos as partes em que Violet e Xaden perdem o pudor e a inteligência. Porque de resto, o livro tem momentos incríveis, tensos, com reviravoltas importantes e inesperadas, como aquele final. Eu não esperava por ele, de verdade. Aliás, poucas coisas naquele final foram previstas, eu me peguei tensa e surpresa em cada página, o que mostra que Yarros sabe escrever, desde que se dedique a isso ao invés de perder tempo com cenas inúteis.

Todo o mistério sobre as égides e como Violet luta para tentar entender e ajudar as pessoas é brilhante. E o fato de Violet falhar em várias coisas, de se mostrar imperfeita, é um ponto positivo em um mundo com protagonistas "complicadas e perfeitinhas". As coisas nem sempre dão certo, mas as pessoas continuam tentando. A vida é assim e Yarros transporta isso para as ações de seus personagens.

Os dragões continuam roubando a cena ao longo do livro e continuam sendo um dos prinncipais motivos para me segurar na leitura. Tairn é hilário e Andarna é a dragão mais atrevida e inteligente do reino. Gostaria que ela não estivesse ausente durante metade da história, mas há bons motivos para isso acontecer, porque quando ela retorna, é aquele momento WOW. Estou bem ansiosa pelo próximo livro mais por causa deles do que Violet e Xaden.

O primeiro ano é quando alguns de nós perdemos a vida. O segundo ano é quando o resto de nós perde nossa humanidade.

(tradução livre)

Obra e realidade
Algo que chama a atenção no livro é a construção de mundo muito bem feita pela autora. E a maneira como Yarros constrói isso nos prende do começo ao fim. Ela soube o que mostrar e o que ocultar para não perdêssemos o interesse. Worldbuiding ou construção de mundo é algo que sempre pega para muitos autores, principalmente quem está se aventurando na escrita agora. Às vezes a gente não sabe como levar as informações aos leitores e pode acabar causando infodump e atolando quem está lendo com dados e fatos que podem nem ser importantes naquele momento.

Muitas autoras atuais de fantasia estão sabendo fazer essa construção. Sabendo dosar o que devem mostrar ou não, como fazer isso e assim constroem um enredo que consegue ser divertido e autêntico, mesmo que não traga originalidade ou ineditismo ao tratar de um tema já batido.

Rebecca Yarros

Rebecca Yarros é uma escritora norte-americana de fantasia e livros para jovens adultos.

PONTOS POSITIVOS
Violet
Dragões!
Mapas!
PONTOS NEGATIVOS
Cenas de sexo sem noção
Cat
Não tem em português

Título: Iron Flame
Série: The Empyrean
1. Quarta Asa
2. Iron Flame
3. Onyx Storm
Autora: Rebecca Yarros
Editora: Red Tower Books
Ano: 2023
Páginas: 639
Onde comprar: na Amazon!

Avaliação do MS?
Não é um livro perfeito, longe disso, mas foi uma leitura bem divertida, quando eu não estava xingando Xaden e sua atitude possessiva, como um cachorro marcando território. Dragões são criaturas mitológicas fascinantes e aqui eles estão bem descritos e representados. Quatro aliens para o livro e uma forte recomendação para você ler também!


Até mais! 🐉

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