Resenha: A fúria do assassino, de Robin Hobb

Assim que terminei O Assassino do Rei, estava bem ansiosa para começar o terceiro e último livro da saga de Fitz. O final do segundo livro foi perturbador e eu apenas emendei uma leitura na outra, incapaz de parar de ler. Mas devo dizer que este livro não é, nem de longe, tão bom quanto o segundo ou o primeiro. Algo aqui não deu muito certo.

Pode haver spoilers do livro anterior!

O livro
Este volume difere muito dos volumes anteriores por todas as mudanças que aconteceram na vida de Fitz. E foram muitas mudanças. O rei morreu. Majestoso está mais cretino e poderoso do que nunca, Veracidade desapareceu e todo o reino está em perigo. Não só isso, Fitz precisa fazer o retorno à sua vida humana e seus amigos temem que é um caminho impossível de se traçar.

Resenha: A fúria do assassino, de Robin Hobb

Admito que essa parte inicial foi angustiante, pois tanto se falou dos riscos da Manha nos livros anteriores que agora acabamos vendo um problema real, que é a volta de Fitz a um corpo humano e como se readaptar. Seus instintos e suas memórias estão entrelaçadas às de Olhos-da-Noite e muitas vezes é impossível dissociá-los. Breu e Bronco, dois dos meus personagens favoritos, estão preocupados com esse retorno de Fitz, que está arredio e agressivo, o que acaba lhe custando a amizade e a companhia dos dois.

Agora que ele está sozinho e praticamente selvagem, ele poderia fazer o que quisesse. Esquecer a Torre do Cervo e viver sua vida, poderia ir atrás de Cavalaria, que era algo que eu esperava que ele fizesse. Mas ele resolve matar Majestoso. Aqui começa o primeiro problema do livro. Por muito tempo a única companhia dele é a do lobo. Aparecem muitos personagens que têm pouca ou nenhuma relevância e logo desaparecem e por uma longa parte da obra o mesmo evento se repete: a captura de Fitz e sua fuga espetacular em seguida. Sério, isso foi chato pra cacete e teve momentos em que eu queria largar tudo e ler outra coisa.

Eu consigo entender o motivo de toda essa parte ter sido tão longa, pois imagino que ela sirva como uma jornada de autoconhecimento do herói e como ele se sente um inútil sem seus companheiros fiéis, mas ela poderia ter sido bem mais sucinta e sem tantas repetições que tornam tudo muito enfadonho em um determinado momento. Se no livro anterior nós tivemos um bom ritmo sendo mantido e você não quer parar a leitura, aqui a sensação de que você vai abandonar tudo é constante.

ENFIM esse sujeito se coloca a caminho de Cavalaria - coisa que deveria ter feito há bem mais tempo - e encontra personagens interessantes pelo caminho, mas que acabaram me irritando em igual medida. Uma delas é uma personagem que fica brava com ele, pois Fitz não tem nenhum desejo sexual por ela. Tipo, sério? Na moral, sério mesmo que isso é lá uma justificativa para um conflito entre personagens??

E o final... bem, o final. Enquanto nós lemos o livro anterior sabemos que Cavalaria desaparece em terras ermas e quase inexploradas. Ele não está morto, pois via Talento - um tipo de telepatia e controle da mente - nós ouvimos as comunicações entre o príncipe herdeiro e Fitz. Querer saber do paradeiro de Cavalaria acaba se tornando o principal motivo para continuar a leitura. É tudo misterioso e a escrita cativante de Robin faz com que você se importe com ele.

Mas aí a gente chega no final e sinto que Robin meio que se perdeu na tentativa de explicar as coisas. Muitas perguntas em aberto dos livros anteriores foram jogadas e você que se vire aí para tentar encaixar tudo. Sinto que ela perdeu o controle da narrativa em algum momento perto do final, pois ele se alonga e se alonga e se alonga e quando você chega no fim, FUÉN. Juro, foi muito decepcionante toda a expectativa que a autora criou para chegarmos ao fim daquele jeito.

A tradução deste volume foi de Orlando Moreira e está ótima. Não encontrei grandes problemas de diagramação, revisão ou tradução neste volume.

A morte está sempre no limite do agora.

Obra e realidade
Apesar dos pesares, acho que Robin tratou as questões políticas e sociais em toda a trilogia muito bem. Nada é simples, um problema se desenrola em vários, as coisas não se resolvem facilmente e até em alguns casos não se resolvem. A maneira como os personagens são construídos nos dá margem para amar e odiar ao mesmo tempo, como no caso de Fitz, pois houve momentos em que eu queria abraçá-lo, em outros eu queria arrebentar a cara dele. Reduzindo a parte sobrenatural ao um mínimo necessário para a história funcionar, os livros são, em geral, muito bons e merecem ser lidos.

Robin Hobb

Robin Hobb é o pseudônimo de Margaret Astrid Lindholm Ogden. Autora de fantasia, tem vários livros publicados dentro do mesmo universo.

Pontos positivos
Kettricken
Olhos-da-Noite

Pontos negativos

Do meio pra frente
Pode ser lento em alguns momentos

Título: A fúria do assassino
Título original em inglês: Assassin's Quest
Autora: Robin Hobb
Trilogia Farseer
1. O Aprendiz de Assassino
2. O Assassino do Rei
3. A Fúria do Assassino
Tradutor: Orlando Moreira
Editora: LeYa
Páginas: 832
Ano de lançamento: 2014
Onde comprar: na Amazon!

Avaliação do MS?
Não sei quando a Suma pretende relançar a trilogia com nova tradução. O primeiro volume já saiu, agora nos resta aguardar pelas novas edições. Ainda que eu não tenha gostado tanto deste livro como gostei dos dois primeiros, é um bom livro. A conclusão não é tão digna do enredo inteiro criado por Robin, mas ainda prende e diverte na medida. Três aliens para o livro.


Até mais!

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