Resenha: Templários - ascensão e queda dos guerreiros sagrados de Deus, de Dan Jones

Conheci Dan Jones por meio de uma série documental sobre castelos ingleses na Netflix. Então quando soube que ele tinha livros publicados no Brasil, não hesitei em correr para ler qualquer um deles. Aqui Jones nos dá uma aula condensada e bastante informativa sobre a origem humilde, a ascensão e a terrível queda dos guerreiros que se dedicavam a defender a cristandade.

O livro
Os cavaleiros templários estão envoltos em mitos e teorias de conspiração não é de hoje, mas que atingiu seu ápice com o sucesso do livro de Dan Brown, O código da Vinci. Muitos até acreditam que a ordem não foi desfeita e que eles estão infiltrados por aí, guardando antigas relíquias cristãs, escondidos bem a vista do público, donos de uma riqueza e poder incalculáveis. Dan Jones se preocupou em desmistificar a história sobre os cavaleiros do templo e ainda assim contar uma incrível história que tem séculos de existência.

Resenha: Templários - ascensão e queda dos guerreiros sagrados de Deus, de Dan Jones

Os templários foram uma manifestação pragmática da visão de Inocêncio de uma igreja militante: sempre presente, capaz e experiente nas questões de lutar contra os inimigos de Cristo.

Quem gosta de história medieval, pode acabar um pouco frustrado com esse livro, pois muito do que sabemos sobre a Idade Média vem de filmes e livros de ficção, que dão uma romantizada no período. A verdade é mais crua, violenta e de certa forma simples do que os mitos. Os templários acabaram vítima de sua própria grandeza e foram vítimas de mentiras e suspeitas de heresia que levaram ao seu fim.

Tudo começa em Jerusalém, onde eles compunham uma ordem militar católica dedicada a promover a cristandade e seus valores, inclusive por meios violentos. Trinta anos depois de sua criação em 1118, os Templários já eram famosos em todo o mundo cristão, tanto por sua valentia em defesa da fé como pela vasta fortuna que eles juntaram no processo. O nome da ordem veio do local original onde sua ordem se estabeleceu ficava localizada no Monte do Templo em Jerusalém, um local que os cruzados chamavam de "Templo de Salomão".

O livro é dividido em quatro partes. A primeira, intitulada "Peregrinos", aborda as origens humildes dos Templários. A segunda parte, chamada "Soldados", descreve como o grupo passou de uma modesta tropa de guarda-costas a uma unidade militar de elite, na linha de frente da Segunda Cruzada e além. A terceira seção, "Banqueiros", explora como a ordem se transformou em uma complexa rede internacional, tanto financeira quanto militar, com presença no Ocidente e no Oriente, para sustentar suas operações na Terra Santa. Por fim, a quarta parte, "Hereges", trata não apenas do exagero em suas ambições militares, mas também de como se tornaram alvo do rei francês Filipe IV, um processo que levou à dissolução da ordem e à execução de seu último grão-mestre, Jacques de Molay, queimado na fogueira em 1314.

À medida que a ordem assumia papéis cada vez mais importantes, tanto militares quanto políticos, ela passou a prestar apoio direto a reis europeus e aos Papas, o que lhes garantiu várias isenções, como a dispensa do pagamento de dízimos e certos privilégios legais. E é claro que esse poder trouxe excessos: no auge de sua influência, os Templários acumulavam riquezas que contradiziam o voto de pobreza feito na fundação da ordem.

Um tema central no livro é o conflito entre fé e progresso, seja entre cristãos e muçulmanos, que dominam boa parte do livro, quanto nas próprias crenças dos Templários. Seus valores rigorosos exigiam que todos os membros da ordem fizessem voto de castidade e a retirada do campo de batalha era proibida sob qualquer circunstância. Em um dos episódios narrados, alguns cavaleiros que desertaram inadvertidamente foram punidos com um ano e um dia de penitência.

No início do século XIV, essa rigidez moral dos Templários e sua recusa em se adaptar ao mundo em transformação os tornaram uma peça fora do tempo, num período que passava a valorizar mais a diplomacia do que a força militar. Foi nesse contexto que, na década de 1310, eles foram “presos, torturados, mortos, expulsos de suas casas e humilhados” em uma grande perseguição promovida por Filipe IV da França, que, não por acaso, devia até as cuecas para a ordem.

Os templários não era uma organização de missionários. Podiam ser soldados de Deus, mas seu propósito não era acolher inimigos nos amorosos braços de Cristo; era lutar e matar esses inimigos.

O autor se recusa a comentar sobre mitos e fake news a respeito dos templários. O autor se dedicou a esmiuçar as evidências históricas e arqueológicas para mostrar que a ordem de fato existiu e que acabou de maneira violenta no século XIV. Por isso comentei acima que quem gosta de histórias da Idade Média, com todo o mito cavalheiresco que a ronda, pode acabar se decepcionando com este aqui. Tudo é muito árido, seco e agridoce. A narrativa é rápida, como se estivéssemos vendo um filme e cativa desde a primeira página.

A tradução de Claudio Carina está ótima e não encontrei grandes problemas de revisão ou diagramação. Há também vários mapas em preto e branco que ajudam a visualizar os locais mais importantes para a ordem.

Obra e realidade
Os Templários foram apenas uma entre as várias ordens religiosas surgidas na Europa medieval e na Terra Santa entre os séculos XI e XIV, mas é de longe a mais famosa e controversa delas. Ela foi produto das Cruzadas e por isso a ordem podia ser encontrada em uma vasta faixa do mundo mediterrâneo, onde conseguiram que grandes Estados financiassem suas empreitadas militares. A palavra “templários”, abreviação de “A Ordem dos Pobres Cavaleiros do Templo” ou, menos comumente, de “Os Pobres Companheiros Soldados de Cristo e do Templo de Salomão”, anunciava suas origens no Monte do Templo em Jerusalém, a cidade mais sagrada do mundo cristão.

Para muitos, eles eram os heróis locais, enquanto para outros a ordem era perigosamente irresponsável, uma corrupção dos princípios supostamente pacíficos do cristianismo. A dissolução da ordem, no começo do século XIV envolveu prisões em massa, perseguições, torturas, julgamentos espetaculares, queimas de grupos inteiros na fogueira e o confisco de todos os bens dos templários, o que causou um choque para os cristãos. Esse fim repentino e violento só serviu para fomentas os mitos e as lendas sobre os templários.

Dan Jones

Daniel Gwynne Jones é um historiador, escritor, apresentador de televisão e jornalista britânico.

PONTOS POSITIVOS
Fatos históricos
Cenários
Batalhas
PONTOS NEGATIVOS

Preço

Título: Templários - ascensão e queda dos guerreiros sagrados de Deus
Título original: The Templars: The Rise and Spectacular Fall of God’s Holy Warriors
Autor: Dan Jones
Tradutor: Carlos Carina
Editora: Planeta (selo Crítica)
Ano: 2021
Páginas: 464
Onde comprar: na Amazon!

Avaliação do MS?
O livro não pretende encerrar as discussões sobre os templários, mas sim mostrar que na realidade eles foram bem mais interessantes do que nos mitos e lendas criados sobre a ordem. Eu os vejo como uma grande contradição dentro do cristianismo. Quatro aliens para o livro e uma forte recomendação para você ler também!

Muito bom!

Até mais! ⚔️

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