Resenha: Bem-vindo à casa dos espíritos, de Christopher Buehlman

Um mago de coque samurai, uma casa cheia de feitiços e personalidade, uma entidade sobrenatural da cultura eslava em busca de reparação e vingança. Tudo isso compõe o universo de Bem-vindo à casa dos espíritos, de Christopher Buehlman.




Parceria Momentum Saga e
editora DarkSide


O livro
Andrew Ranulf Blankenship é um alcoólatra. Está em recuperação, visita os Alcóolicos Anônimos com regularidade onde inclusive faz amizades. Só que ele não é apenas um sujeito de coque samurai com uma personalidade excêntrica. Andrew é um bruxo. Quer dizer, um mago, ele não gosta muito que o chamem de bruxo. Andrew faz um tipo meio bad boy, dirige um Mustang, tem cabelo comprido, sua casa é protegida por uma magia antiga cheia de armadilhas. É nessa casa, que só aparece para quem é convidado por seu dono, que está uma grande biblioteca, uma tão poderosa que muitos magos fariam qualquer coisa para obter.

Resenha: Bem-vindo à casa dos espíritos, de Christopher Buehlman

Justamente por ser poderosa e por ter tanto conhecimento que Andrew faz de tudo para não ser encontrado. Afinal ele também é um ladrão. O custo de seu roubo colocou seres mágicos do folclore eslavo em seu encalço, incluindo a poderosa Baba Yaga, de quem ele roubou vários livros em primeiro lugar. Acho que no lugar dela, eu estaria bem furiosa também. Não mexe nos meus livros!

O livro foge da narrativa tradicional de histórias de fantasia por termos um mago que foge do padrão Gandalf que conhecemos tão bem. Ele é descolado, dirige um carrão, faz terapia. Não é a visão do "velho sábio", ainda que ele conheça mesmo muita coisa. A casa também participa ativamente da história, ela é praticamente um personagem à parte, poderosa, com armadilhas e passagens secretas.

Justamente aqui já começou o meu problema com o livro. Seus personagens são vazios, rasos feito um pires. Praticamente não me importei com nenhum deles, não torci, não xinguei, apenas bocejei forte em vários momentos, tanto que a leitura se arrastou durante meses. Por mais que Andrew tenha um grande poder, assim como outros personagens, que lançam feitiços pelo computador ou que conseguem se comunicar com os mortos por um VHS (que aliás decora as contracapas do livro), por mais que tenhamos uma personagem lésbica na história, a forma como eles foram construídos me incomodou muito. A casa tinha mais personalidade e carisma do que os personagens humanos no livro.

O segundo problema foi com a escolha do título em português. A Casa do Necromante é um excelente título e não teria confundido os leitores que andaram reclamando do livro pelas redes sociais e na Amazon. Seria bem mais adequado para a história e já deixaria a pessoa preparada para o que vai ler, por mais que a narrativa do autor desagradasse. Eu também comecei a leitura pensando uma coisa e no fim era outra.

O terceiro problema para mim é da própria construção do enredo. Tudo parece desconexo, solto. Nem é a questão dos capítulos curtos, mas é o vai e volta que o autor faz com muita frequência. A história não parece se conectar com nada entre os capítulos. O autor se encontra mais para perto do final, mas me pareceu tarde demais para me fazer gostar da leitura. A ideia em si, os conflitos de Andrew com a Baba Yaga, figura central do folclore eslavo, é muito boa, mas senti que a execução deixou a desejar.

O livro vem em capa dura, muito bem diagramado e com a fitinha para marcar páginas. Não encontrei grandes problemas de revisão ou de tradução, que ficou na mão de Carolina Caires Coelho e ficou ótima.


Ficção e realidade
A Baba Yaga é uma figura icônica do folclore eslavo. É basicamente uma bruxa canibal que voa num pilão e vive em uma casa apoiada um pé de galinha ou em vários. Apesar de ser diretamente associada à Rússia, muitos acadêmicos acreditam que ela seja uma entidade pagã, que depois foi demonizada pelo cristianismo. A primeira referência clara à Baba Yaga é de 1755, em Rossiiskaya grammatika ("Gramática russa") de Mikhail V. Lomonosov. Ela é mencionada duas vezes ao lado de outras figuras em grande parte da tradição eslava.

Christopher Buehlman

Christopher Buehlman é um escritor, comediante, dramaturgo e poeta norte-americano.


Pontos positivos

Baba Yaga
Capa dura
Pontos negativos
Cansativo
Longos diálogos ruins
Personagens mal construídos

Título: Bem-vindo à casa dos espíritos: um lugar que esconde os mais sombrios segredos. Seja bem-vindo. Mas fique de olhos bem abertos
Título original em inglês: The Necromancer's House
Autor: Christopher Buehlman
Tradutora: Carolina Caires Coelho
Editora: DarkSide
Ano: 2018
Páginas: 380
Onde comprar: na Amazon


Avaliação do MS?
Algumas avaliações sobre o livro pelas redes sociais foram injustas. O livro tem sim uma boa ideia e uma história original. O título de fato pode enganar os mais incautos, mas o verdadeiro problema aqui é da construção da narrativa, seus personagens rasos e um enredo desconexo que demora a engatar. Uma pena, queria ter gostado mais dele. Três aliens para o livro.



Até mais!


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Comentários

  1. Estou na página 50 e já cansei, senti tudo que vc falou, eu sou leitora que quando começa um livro não para nem para comer (exageros a parte) esse foi um dos poucos livros que me fez parar para não dormir... Eu esperava mais, justamente pelo que vc falou, o titulo e a pouca resenha na Amazon... difícil

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  2. Cheguei nessa resenha justamente por estar lendo e estar achando tudo meio perdido… o livro me chamou a atenção pela capa e pelo título, mas a leitura é esquisita e realmente não dá vontade de não parar, nada te faz continuar, a não ser o fato de queremos saber no que vai dar aquilo, quando algo interessante vai acontecer e te prender…. Ainda não cheguei lá e provavelmente não terá essa parte.
    Uma pena!

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  3. Basicamente, desisti. Gosto de livros de terror e o titulo me chamou a atenção. Só que é um tédio. Desisti.

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