Resenha: Senhora do fogo, de Kiersten White

E chegamos a um final bombástico! Desde o primeiro livro que eu estava totalmente cativada pela Saga da Conquistadora, mas temia que a autora caísse no mais do mesmo quando se aproximasse do final. Mas não! Kiersten no surpreende mais uma vez. Terminei o livro de madrugada, aos prantos, muito grata por ter tido essa incrível jornada com personagens tão cativantes, por conhecer mais sobre a história de uma região tão conturbada e por ter tido o prazer de conhecer Lada e Radu.

Pode haver spoilers dos livros anteriores!

O livro
Se Lada vinha tomando um caminho sem volta de crueldade, aqui a coisa extrapola. Depois de limpar o caminho rumo ao título de voivoda (príncipe) da Valáquia pela espada, Lada quer seus territórios livres de qualquer interferência estrangeira. E para isso ela faz muitos inimigos. A ponto de mandar de volta para o sultão os corpos dos emissários com seus chapéus pregados na cabeça. Já adianto então que tem que ter estômago para as várias cenas cruéis que surgirão. Lada está se tornando o Dragão da Valáquia, tal como seu nome quer dizer.

Resenha: Senhora do fogo, de Kiersten White

Mesmo com toda a crueldade e teimosia de Lada, eu amo essa personagem. Ela é bem construída, bem desenvolvida, determinada, inteligente, mas que também comete erros por sua impetuosidade. Tanto que ela resolve provocar Mehmed. Ele lhe prometera o trono da Valáquia, mas quando ela chegou, cadê? Sozinha, ela forjou alianças e conseguiu o título apenas para ser ameaçada por outras forças. Ou ela se transforma de vez no dragão ou não terá chances de se manter no poder. Mas ao invés de apostar na diplomacia, algo que ela admite saber bem pouco, resolve provocar o principal império da região.

Mehmed continua sendo um cretino. Claro, ele é o soberano, precisa manter seus domínios, mas você sente que ele está manipulando ou tentando manipular os irmãos. Radu, por exemplo, depois de tudo o que passou em Constantinopla perde duas pessoas importantes em sua vida na ocupação da cidade e sente que parte de si se perdeu com eles. É então que, finalmente, ele começa a reavaliar seu amor por Mehmed e percebe o quanto foi manipulado para atuar como ele queria. Admito que quando ele cai em si eu vibrava de madrugada!

Uma coisa que a gente sabe desde o início é que Lada ama o irmão, do jeito dela, mas ama. Porém Radu não sabe disso! Ele acredita que Lada é perigosa, que o odeia e vendo tudo o que ela anda fazendo, é enviado para a Valáquia para liderar os exércitos que pretende destitui-la do trono. Não pensei que a autora fosse colocar irmão contra irmã, mas sim, ela faz isso e faz brilhantemente.

Era o destino mais cruel possível para Lada. Ele sabia que ela iria preferir morrer lutando. Mas não teria essa opção. Radu sentiu uma resolução aguda e ressentida se cristalizando dentro de si enquanto pensava em como sua irmã ficaria destruída ao se ver impotente e prisioneira outra vez.

Conforme o tempo passa e os personagens amadurecem, muita coisa acontece em suas vidas. Lada, por exemplo, começa a perder alguns dos melhores tenentes de seu exército. Apesar de contar com o apoio do povo da Valáquia, ela precisa de soldados, coisa que o sultão possui. Enquanto nos encaminhamos para o final, a autora resolveu a vida de todo mundo de uma maneira que eu, admito, não esperava de maneira alguma. Fiquei muito grata e surpresa pela forma como ela conduziu o final dos personagens, pois foi revigorante, foi brilhante.

Houve um determinado momento em que eu comecei a vibrar de madrugada, sem poder gritar porque eram 3 horas da manhã, quando acontece um fato maravilhoso na vida de Radu. Torci tanto por ele! Li algumas resenhas falando que o personagem era vazio. Sim, ele era vazio; não por má construção do personagem, mas pela infelicidade que era sua vida, corroído por um amor não correspondido, corroído pela dúvida e pelo medo, por se sentir uma pessoa anormal por ser gay. Essa é a diferença entre em um personagem bem construído, como ele foi, de um que foi mal construído que fica vazio.

Mais uma vez li a edição em ebook, portanto não posso falar da versão física. A tradução ficou mais uma vez na mão de Alexandre Boide e praticamente não encontrei problemas de revisão ou diagramação. Assim como os volumes anteriores, temos mapas, glossário e uma lista com os nomes dos personagens para que você não se perca com nenhum deles.


Ficção e realidade
A primeira coisa que eu fiz quando comecei a ler a Saga da Conquistadora, foi a de procurar os nomes de todos os envolvidos que realmente viveram no Google. Kiersten se valeu muito bem da história conturbada da região para compor sua saga e conseguiu inserir personagens históricos na trama fictícia de Lada muito bem. John Hunyadi, por exemplo, foi voivoda da Transilvânia e pai do futuro rei da Hungria. Esta é uma saga que, ouso dizer, em nada deve outras histórias alternativas como as escritas por Bernard Cornwell.

Kiersten White

Kiersten White é uma escritora norte-americana de livros infantis e para jovens adultos. Nascida em Utah, é formada em língua inglesa e mora em San Diego, Califórnia com a família.

Pontos positivos
Lada
Família de Radu
Construção de mundo
Pontos negativos

Violência



Título: Senhora do Fogo
Título original em inglês: Bright We Burn
Saga da Conquistadora
1. Filha das Trevas
2. Dona do Poder
3. Senhora do Fogo
Autora: Kiersten White
Tradutor: Alexandre Boide
Editora: Plataforma 21
Páginas: 472
Ano de lançamento: 2017
Onde comprar: na Amazon

Avaliação do MS?
Acredite em mim: tive que simplificar MUITO a resenha da trilogia, pois é bem mais intrincada e complexa do que o que você leu nestes posts. Não é só o relacionamento dos irmãos, não é só os problemas deles com Mehmed, é toda a conturbada política da região em ebulição. Natural haver choque entre culturas diferentes e aqui a autora conseguiu manter o clima tenso e violento das cortes. Não posso falar mais nada além de recomendar que você leia os livros! Cinco aliens para Senhora do Fogo e para toda a saga e uma forte recomendação para você ler também!

MARAVILHOSO!

Até mais!

Lada vira o que Mehmed fora capaz de fazer por causa da sua crença inabalável. E viu essa mesma crença roubar dela seu irmão. Fé significava poder. Era impossível não levar a sério algo que proporcionava poder sobre os demais.

Já que você chegou aqui...

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