Resenha: A bela morte, de Mathieu Bablet

A Bela Morte é a primeira história em quadrinhos publicada pelo ilustrador e cartunista francês, Mathieu Bablet, em 2011, em um enredo dividido em cinco volumes. No Brasil, pelas mãos da Editora Sesi-SP, ela chegou expandida, como saiu na França em 2017. Em A Bela Morte, temos um trio de sobreviventes que percorre uma cidade grande logo após insetos aliens tamanho família aniquilarem como mundo.



Parceria Momentum Saga e
Editora SESI-SP



O quadrinho
Com um traço que lembra mangás, o enredo se passa em nosso planeta, onde insetos de todo tipo e tamanho aniquilaram a raça humana. As cidades estão abandonadas, começando a ruir, um lugar tão perigoso para qualquer sobrevivente quanto os insetos. Nós acompanhamos a jornada de três sobreviventes que estão tentando viver um dia após o outro neste planeta desolado. A rotina deles é buscar por comida, buscar por abrigo, sobreviver. E essa rotina começa a cobrar um preço no psicológico deles.

Resenha: A bela morte, de Mathieu Bablet

Os sobreviventes não estão felizes. Estão tensos, cansados, muitas vezes mal conseguem olhar na cara um do outro, mas sabem que possuem mais chances de sobreviver se estiverem juntos do que se estivessem sozinhos. As discussões são frequentes, as brigas, as lembranças do passado, a desolação da cidade caindo sobre ele, a presença constante dos insetos.

É uma história deprimente, se olharmos por esse lado. Tal como qualquer enredo distópico em que acompanhamos sobreviventes, como The Walking Dead, é a dinâmica dos sobreviventes que nos faz acompanhar sua jornada. Houve momentos em que me irritei profundamente com a história por cair nos velhos estereótipos que já vimos por aí. Como homens que não sabem se controlar na presença de uma mulher e coisas do tipo. Se era esse o papel para a única personagem feminina da história, ela nem precisava ter entrado, podia ter colocado um cara mesmo. Há outros problemas com essa personagem, mas não quero dar spoilers.

Gostei muito da paleta de cores e do traço do autor. Há muitos insetos desenhados pelas páginas e em cada começo de capítulo, então se você tem fobia de besouros e baratas, melhor tomar cuidado quando virar a página. Apesar de toda uma narrativa depressiva, acaba sendo uma história de superação, que assume um tom filosófico mais para perto do final, quase poético. É também um enredo onde refletimos sobre as coisas que perderíamos em um cenário apocalíptico qualquer, como quando um personagem olha para os dois lados antes de atravessar a rua, sendo que não há carros. É um reflexo, como uma memória muscular, como um dente faltando em que a gente fica passando a língua no vazio que ele deixa.

A edição da editora Sesi-SP está perfeita. Cores vivas, brilhantes em impressão com papel encorpado, é uma edição grande, daquelas de colecionador. A tradução ficou na mão de Fernando Paz e não encontrei problemas de revisão e diagramação.


Ficção e realidade
Enredos distópicos mexem com a nossa zona de conforto. Se você fizer o exercício mental de se imaginar em um mundo onde tem que lutar pela comida de cada dia, onde precisa buscar um lugar seguro para dormir todos os dias, se preocupar com saqueadores, estupradores, com animais selvagens, com doenças e falta de água, quanto tempo você acha que sobreviveria? Um dia a comida enlatada acabará. Você seria capaz de caçar para comer? É por isso que esses enredos são fascinantes e apavorantes, pois nos tiram do lugar confortável em que estamos e nos faz questionar o mundo e a nós mesmos. A obra de Bablet foi certeira nesse ponto.

Mathieu Bablet

Mathieu Bablet é um autor e ilustrador francês de quadrinhos. Natural de Grenoble, o autor é fã de ficção científica e também criou o quadrinho Shangri‑la.

Pontos positivos
Projeto gráfico
Distopia

Pontos negativos

Final em aberto
Um pouco confuso

Título: A bela morte
Título original em francês: La belle mort
Autor: Mathieu Bablet
Tradutora: Fernando Paz
Editora: Sesi-SP
Páginas: 160
Ano de lançamento: 2019
Onde comprar: na Amazon


Avaliação do MS?
Unindo insetos e ficção científica, Bablet nos entrega um enredo distópico, onde sobreviventes precisam vencer os desafios impostos pelo apocalipse e por suas próprias memórias. Um enredo triste, mas poético. Mesmo com o problema com a protagonista feminina, foi uma história que me agradou. Quatro aliens para ele e uma forte indicação para você ler também!

MUITO BOM!

Até mais! 🦗

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