5 personagens femininas incríveis que foram desperdiçadas em Star Trek

Tem muita coisa em Star Trek que eu amo, adoro, idolatro, principalmente suas personagens femininas. É justamente por isso que fico muito irritada, triste, tudo junto e misturado, quando vejo uma boa personagem com um arco que poderia ter sido bem desenvolvido, sendo descartada, mal utilizada e desperdiçada. E olha que tem muita personagem assim pelas séries e filmes, mas preferi escolher só cinco para mostrar as grandes oportunidades perdidas.

5 personagens femininas incríveis que foram desperdiçadas em Star Trek



E entra aqui o lembrete usual da capitã: você pode continuar gostando das personagens, tá? Gosto de vários episódios em que elas aparecem, mas tem horas que não dá pra tapar o sol com a peneira e esquecer as bobajadas dos roteiristas com elas.


Conselheira Troi
A conselheira foi, possivelmente, a mulher mais abusada, mais violentada, mais desperdiçada de toda a franquia. Desde seus vestidos colados, o espartilho apertado, aos enredos rocambolescos em que ela é violentada e até mesmo impregnada com um feto alienígena, Troi foi usada e abusada pelos roteiristas. A atriz Marina Sirtis disse o quanto se sentia desrespeitada por ser uma "samambaia" que decorava a ponte da Enterprise.

Sua personagem só começa a ser aproveitada para valer lá pelo final, na sexta e na sétima temporadas na Nova Geração, mas o que tinha começado bem, com Troi sendo habilitada para funções de comando, ao invés de ser apenas uma psicóloga bonitinha, foi jogado no lixo pelo estupro mental que ela sofre em Star Trek Nêmesis. Quando ela pede para ser dispensada de suas funções, pois está traumatizada e pode ser um risco para a missão, o capitão Picard... nega. E ordena que ela fique. Fala sério, Jean-Luc?

Leia também: o estupro telepático


Hoshi Sato
Hoshi é só a pessoa que inventou o tradutor universal, que faz todo mundo conversar em inglês em Star Trek. Extremamente inteligente e dotada de um ouvido singular para compreender idiomas alienígenas, ela é capaz de aprender um idioma rapidamente, o que a tornava vital para a missão da NX-01. Em uma época em que a Federação ainda não existia, em que a Frota Estelar estava começando, esta deveria ser uma das mais importantes personagens da série Enterprise.

Então, #SQN. Hoshi quase não aparece nos episódios, suas participações são mínimas e os roteiros pouco aproveitaram o potencial de uma personagem tão inteligente e bem dotada. Sua inteligência e sua capacidade de pensar rápido e concatenar ideias são praticamente esquecidas no meio de tiro, porrada e bomba de Archer, Tucker & Companhia. "Ahh, mas a Sato gostava de ficar sozinha, por isso ela aprendeu tantos idiomas..." Não força a amizade. Até nisso eles não aproveitaram o potencial para falar de uma série de coisas, como a própria solidão.


Sete de Nove
Sete é uma grande personagem que, infelizmente, sofreu na mão do roteiro e da audiência masculina punheteira. Ela teve ótimos episódios em que descobriu sobre sexualidade, sobre sua individualidade, sobre humanidade e a complexidade dos sentimentos humanos. Eu até posso entender que em uma nave como a Voyager, perdida em um quadrante não mapeado, longe da Frota Estelar e dos recursos da Federação seria complicado ajudar a Sete a retirar a maior parte de seus implantes. Sabemos que é possível tirar, pois temos o exemplo do próprio Picard.

Ainda assim essa mulher passou quatro anos dormindo no setor de carga da nave, ela não teve um dormitório designado, como qualquer outro tripulante da Voyager. Ela teve um relacionamento relâmpago no último episódio da série, que deveria ter sido trabalhado desde o começo da temporada, algo para o qual Sete poderia levar o tempo necessário pensando e descobrindo. Mesmo com bons episódios, Sete de Nove tem uma função muito específica na série: atrair a audiência masculina.

Leia também: a hipersexualização de Sete de Nove


Dra. Pulaski
Adoro a Dra. Pulaski, adoro mesmo. Ela ficou na Enterprise apenas na segunda temporada da Nova Geração, mas foi o suficiente para a atriz nunca mais querer se envolver com uma produção de Star Trek. Ela é odiada pelo fã médio da franquia por ser alguém bem crítica, por bater de frente com o capitão, o que aliás era uma delícia de se ver, por não ser eye candy ou MILF e por não gostar muito do Data. O principal problema da Pulaski foi o pouco tempo em tela que ela teve para se desenvolver. Com o tempo, seria possível fazê-la enxergar as qualidades do Data e simpatizar mais com ele.

Temos que lembrar que Star Trek é uma sociedade que não lida muito bem com qualquer coisa que mexa com a noção de humanidade. O transhumanismo, por exemplo, é fortemente rechaçado, tanto é que o principal inimigo da Federação são os Borgs, que nada mais são do que o transhumanismo elevado à décima potência. O Data desafia a humanidade por ser um androide que aspira ser muito mais do que sua programação. Nem todo mundo vai lidar bem com isso e Pulaski é uma amostra disso.


K'Ehleyr
Antes de B'Elanna Torres aparecer em Voyager, a Nova Geração já tinha uma personagem híbrida entre klingons e humanos. Embaixadora e emissária especial da Federação, ela teve um relacionamento conturbado com Worf, com quem acabou tendo um filho. Ela costumava dizer que vivia presa entre duas culturas diferentes, entre dois modos diferentes de viver e se comportar, o que certamente gerava vários conflitos. Ela poderia ter auxiliado a Federação em mais episódios em Qo'nos, poderia ter tido um relacionamento aprofundado com o filho e com Worf. Mas nãããããão...

Star Trek é conhecida por vários personagens secundários que se destacam, como Gul Dukat, em DS9. E K'Ehleyr tinha o potencial de dominar os episódios em que aparecesse. Foi o que fizeram? Não. Ela morre, sofrendo do destino de muitas personagens fantásticas que foram descartadas ou mal aproveitadas. K'Ehleyr tem aquela força, aquela determinação de mulheres que sabem que têm o direito a estar nas tomadas de decisão, de tomar à frente das negociações. Preferiam tirar o cérebro dela quando estava junto de Worf, que podia ser bem mala quando queria, e depois dar uma morte besta e sem sentido para uma personagem incrível.

Sei que tem muitas mais. Se você tiver alguma personagem favorita que também ficou de escanteio, deixe nos comentários.

Qapla'!


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Comentários

  1. Os momentos de sarração forçada entre T’pol e qualquer outro personagem de Enterprise quase conseguiram me fazer desistir dessa série. Não assisti à série na época em que eu era o público alvo desse “recurso” e hoje, com a cabeça mais aberta, dá vergonha assistir esses momentos.
    Ainda estou na 2ª temporada então não sei se ela é melhor desenvolvida depois.

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    1. A T'pol merece um post inteiro só pra ela. Infelizmente, ela serve apenas como eye candy mesmo, pra atrair a audiência masculina. Não quero te desanimar, mas a coisa não melhora muito.

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    2. T'Pol me rendeu os mais pesados momentos de vergonha alheia de uma personagem feminina em qualquer filme, série, romance ou quadrinho de Star Trek. A primeira e segunda temporadas de Enterprise são CHEIAS de cenas EXTREMAMENTE constrangedoras e absolutamente desnecessárias, a menos que você estivesse tentando uma Manobra Berman-Braga de melhorar o ibope.

      Pena mesmo. A personagem tinha tudo pra ser a ponte entre o relacionamento dos vulcanos com a humanidade da época para a formação da Federação, mas acabou se tornando um a nota de rodapé sexualizada.

      Isso sem falar naquelas cenas na "câmara de descontaminação". Minha nossa.

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  2. Tem uma personagem pela qual, por algum motivo, sempre tive muito carinho, que é a Tasha Yar. Eu gostava demais dela como oficial de segurança e, mesmo com algumas limitações da atriz, sempre esteve entre as minhas favoritas da Nova Geração. Uma pena que a Denise Crosby tenha se sentido diminuída a ponto de pedir para sair na primeira temporada. Ainda na família Yar, tem a Ishara, que é muito legal no episódio em que aparece, mas logo tratam de enfiá-la num collant apertado.

    Sobre a Pulaski, fiquei muito feliz quando descobri que ela tinha sido reaproveitada nos livros da Deep Space Nine. É, de fato, uma grande personagem.

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    1. A Tasha era ótima, o problema foi ela ter saído tão cedo, porque havia bom espaço pra desenvolvimento, de bons roteiros. E mesmo o tempo que ela passou em tela não foi desperdiçado. Acho que a atriz poderia ter tido um pouco mais de paciência, aquela primeira temporada inteira é ruim. Se ela tivesse ficado, muita coisa poderia ter sido diferente.

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  3. A Troi era uma das personagens que eu mais adorava, e reassistindo pelo SyFy a ST-NG este ano fiquei com muita raiva de como a personagem dela sofreu tantas vezes sem necessidade, concordo contigo neste post! E também concordo sobre a K'Ehleyr, não merecia aquele fim. Também gostava da Pulaski.
    Abraços!

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  4. Eu sempre achei que a Dra. Gillian Taylor (Catherine Hicks) deveria ter sido aproveitada após o filme ST4 The Voyager Home.
    Li no WIKI: Circulou um rumor durante a produção de que a personagem tinha sido criada porque Shatner exigiu um interesse amoroso, um aspecto regular da série de televisão que esteve ausente dos três primeiros filmes. O roteirista Nicholas Meyer negou, afirmando que a inspiração para Taylor veio de uma bióloga que havia visto em um documentário da National Geographic sobre baleias.Nimoy escolheu Hicks depois de convidá-la para jantar junto com Shatner e perceber uma química entre os dois.

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