O que esperar de Star Trek Discovery?

E finalmente estreou a tão aguardada e polêmica série Star Trek Discovery, depois de atrasos e adiamentos e saída de membros da equipe. Confesso que ainda não estou animada, mesmo depois de ter assistido aos dois episódios já disponíveis, pois eles são mais um prólogo do que qualquer outra coisa. A série mesmo vai começar a partir do terceiro episódio, com a apresentação da nave Discovery e sua tripulação.

O que esperar de Star Trek Discovery



A capitã Philippa Georgiou e sua primeira oficial, Michael Burnham estão em uma missão em um planeta desértico, esperando transporte, quando a capitã sinaliza sua posição com a insígnia da Frota Estelar na areia. Michael já trabalha na USS Shenzou há sete anos, desde que entrou para a tripulação depois de ser criada e educada em Vulcano. Aqui já faço uma ressalva: ninguém mais entra para a Academia da Frota Estelar?

De volta à nave, elas se deparam com alguma coisa estranha em um cinturão de asteroides. Como a radiação do sistema estelar impede o funcionamento dos sensores, Michael se oferece a sair da nave em um traje próprio para caminhadas espaciais e dar uma olhada. Entra aqui uma das melhores cenas do episódio, já que tivemos poucas oportunidades de ver tripulantes saindo de suas naves. Eles são astronautas que, em geral, não fazem caminhadas espaciais. Com efeitos especiais muito bem feitos e deslumbrantes e algumas inspirações na série clássica, o piloto mostra a Frota Estelar tropeçando em ninguém menos que os Klingons.

Quem está acostumado com os klingons das séries, vai estranhar estes aqui, que parecem saídos de Asgard, com suas roupas e cenários dourados e elaborados. Apesar da aparência deles ser extremamente semelhante aos klingons de Star Trek Into Darkness, do Abramsverse, a série jura de pé junto que se passa na linha do tempo original, dez anos antes da série clássica. Mas os cenários, a ponte cada vez mais escura, os lens flare (argh!) tudo isso te puxa para os cenários do filme do Abrams. Não tem como evitar.

Estes dois episódios tratam de um prólogo do que virá a ser Michael Burnham daqui por diante. Uma humana criada pelos vulcanos, ela preza por seu lado racional, mas ao se ver diante dos klingons, sua emoção extravasa e a leva a cometer um erro depois do outro. Teremos mais flashbacks sobre seu passado conforme os episódios forem passando, mas essa explosão repentina me desagradou. Por mais que discordassem de seus capitães, Chakotay, Riker, Spock, e todos os outros primeiro-oficiais nunca foram levados ao pico máximo da emoção a ponto de fazer o que Burham fez. Seria por ela ter reprimido isso por muito tempo? Será que saberemos?

Os efeitos especiais são muito bem feitos e bonitos, por isso espero que eles apareçam em outros episódios. Este é um custo elevado para muitas séries e quem assistiu às séries sabe bem disso. O custo elevado de um episódio pode acabar afundando uma série dessas pouco tempo depois. A diversidade e a representatividade tão características de Star Trek e tão querida pela maioria dos fãs aparece com força nesses dois episódios para no fim do segundo ela ser quase esquecida e deixada de lado. Teve comentário raivoso pela internet falando que Star Trek agora tinha "representatividade demais" para logo no terceiro episódio aparecer o capitão homem-branco.

Sonequa Martin-Green e Michelle Yeou desenvolveram uma ótima química em tela e com os outros tripulantes da ponte. Uma pena que conhecemos pouco sobre eles, apenas o tenente Saru, oficial de ciências, é quem fala mais de meia dúzia de palavras. Há outros tripulantes na ponte que aparecem de relance, especialmente um que lembra um androide, mas não se sabe quem seja. Segundo a franquia, o primeiro androide admitido na Frota Estelar é Data.


Apesar da familiaridade com vários aspectos que sempre vimos nas séries, como as discussões na ponte a respeito de ciência e normas e regulamentos, a diversidade da ponte com vários alienígenas, a série ainda não mostrou a que veio. Ela quebra com a ideia de diplomacia e conversações que sempre permearam a maioria dos relacionamentos entre a Frota Estelar e alienígenas com o discurso beligerante de Burnham de atirar nos Klingons logo de cara. Resta agora acompanhar a série e ver o que farão com o arco da Burhnam.

No mais, foi uma estreia OK, mas muito melhor que The Orville, que espero nunca mais na vida assistir. Fica a dica para quem nunca viu uma série de Star Trek e para quem estava curiosa também. E aproveite bem esses episódios, já que uma segunda temporada vai demorar.

Vida longa e próspera! 🖖

Já que você chegou aqui...

Comentários

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    1. Frota Estelar está engatinhando, aprendendo e explorando em Enterprise. Em Discovery ela já estava bem amadurecida, então algumas coisas não deveriam ter acontecido.

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    2. Olha, eu assisti o 3º episódio de The Orville, e tirando duas ou três piadinhas sem graça bem ao estilo Seth McFarlane (não podia deixar de ter...), a história foi digna de um episódio de Star Trek clássico, sem brincadeira. Aliás, se não me engano, o episódio foi dirigido pelo Brannon Braga (embora o roteiro, surpreendentemente, seja do McFarlane mesmo). Recomendo que assista esse episódio em específico, gostaria muito de saber qual seria sua opinião sobre ele.

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    3. Possui a mesma opinião e curiosidade.

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  2. Não me incomoda tanto as atualizações de design, inclusive dos Klingons. Achei até desnecessária aquela explicação de Enterprise para a diferença dos Klingons da série original para a Nova Geração.

    Porém, no que a Klingons se refere, o que me incomodou foi a mudança cultural. Primeiro, a luta, que nas séries de A Nova Geração em diante era tratada como um momento de regozijo, agora passou a ter um caráter pesado, de penar. Saiu o bloodwine, entrou um calvinismo guerreiro. Segundo, a deslealdade em batalha (o evento envolvendo a USS Europa), que também foi construído nas séries pós-TOS como algo abominável por parte de um Klingon. Quantas vezes ouvimos um Klingon dizer que desonra na guerra era coisa de romulanos ou cardassianos?

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    1. Oi! Vou dar meu pitaco aqui tb...rsrsrs
      Não acho isso muito pertinente. É igual vc reclamar que guerreiros japoneses são sempre honrados (samurais). Mas os japoneses tem o extremo oposto tb (ninjas). O próprio Japão tem 4 ilhas principais BEM diferentes entre si quanto a costume e cultura. Lógicamente que elas tem os seus traços em comum, condutores de uma unidade, mas que abrigam divergências tranquilamente. Podem ser vários aspectos de uma mesma cultura.
      Mas tb pode ser visto como desonra justamente pelo que a série pode vir a mostrar, uma guerra suja, que começou de forma desonhorosa. Acho até que faz sentido, se pensarmos que futuramente, os klingons integram a Federação. :-)

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  3. Como sempre, eu sou o ponto fora da curva...rsrsrs Eu amei essa estréia, achei legal pra caramba, fiquei super empolgado e baixei os eps no celular pra assistir nas folgas da faculdade! Lembro de ter visto declarações dos showrunners no Omelete falando que o foco da série seria a relação da Federação com os Klingons, na guerra entre os dois lados, então a série mostrou sim a que veio. Não entendo as críticas sobre isso (mas tb, sou meio lerdo com essas coisas. Dá um desconto, Capitã!). Nessa semana mesmo, no mesmo Omelete, disseram que a segunda temporada pode estrear só em janeiro de 2019!!! Ai minha Santa Aquerupita!!!
    Mas enfim, o que eu tenho muita esperança é que seja mais puxada pra DS9, mostrando que a Federação não é essa coisa bonitinha que todo mundo vê. Esse universo pode até parecer "esterilizado", mas só pq não mostraram a sujeira embaixo do tapete. E também, ficar criando série atrás de série sempre mostrando a mesma coisa, não dá. Aí cansa, fica parecendo gibi da Marvel ou da DC, que muda, muda, muda, mas termina sempre do mesmo jeito. Os personagens não precisar ser todos iguais, como citou o caso do Riker, Spock e Chakotay. A Michael é explosiva! Uma rebelde! Pq o Kirk podia e ela não? :-)
    E eu curti muito o design novo dos klingons e de seus equipamentos. Achei de um riqueza ímpar. Quando a nave deles apareceu, eu quase tive um troço. Arrepiei até!
    Pra não falar que foi só alegria, achei a solução com a Georgiou muito previsível. Já dava pra esperar o ocorrido pela forma que a atriz era apresentada nos créditos, mas mesmo assim, achei a solução corrida e que deu pouca importância a uma situação que, ao menos eu, teria valorizado muito mais. Mesmo assim, eu chorei! kkkkkkkkkkkkk Mas eu não queria que ela morresse! kkkkkkk
    Então é isso. Estou morrendo de ansiedade pelos novos episódios. Quero o livro que vai sair sobre a Burnham, os quadrinhos novos da IDW e, se souberem onde vende esse uniforme novo, me avisa, pq eu quero! É o mais bonito de todos! :-D E que nossa série favorita continue fazendo muito sucesso nas telinhas e nas telonas, pq Star Trek é uma das maiores paixões da minha vida de nerd!

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    1. Sabe qual é o problema da Michael? É reforçar o estereótipo da "negra barraqueira" e da "negra presidiária". E matar a personagem chinesa logo de cara. Fico feliz que você tenha gostado e tudo mais, mas há problemas sim. No mais, continue curtindo, não tá proibido.

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    2. Eu não consegui enxergar nenhum desses dois estereótipos. Não saberia categorizar o da presidiária, mas não achei ela barraqueira. Pra mim ela só estava lutando pelo que ela achava certo (com todas as forças e ignorando a cadeia de comando...rs).

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    3. A questão é que uma "Federação que não seja bonitinha" é um conceito com zero originalidade. Temos um quatrilhão de séries em que o herói descumpre regras, viola direitos humanos, tortura e mata em prol de fazer "o bem" (24H o exemplo mais claro que me vem à mente). E temos poucos exemplos, como Star Trek, de série onde os capitães (principalmente mas não apenas Picard e Janeway) fazem das tripas coração pra agir em sentido contrário, ou seja, fugir da solução fácil violenta.

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    4. Ok, o da presidiária ficou beeeeeem escancarado no episódio 3 (e irritante tb). Deu até vergonha de não ter percebido isso...
      Mas eu ainda estou adorando Discovery! :-)

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  4. To bem sem saber o que esperar. E concordo que o clima é muito Abransverse. Inclusive é melhor que os filmes dele, mas pegou a mesma vibe. E mesmo sendo um prólogo, algo que falei pro Daniel Bezerra, eu n senti a vibe de Star Trek no negocio. Embora eu tenha gostado muito.

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