Resenha: Armada, de Ernest Cline

Depois de Jogador Número 1, muita gente esperava ansiosa pelo novo livro do autor. As longas listas de referências à cultura pop que encantaram o público estariam de volta? O que esperar do novo livro? Li os dois sem nenhuma expectativa e devo dizer que foi a melhor coisa que eu fiz.

O livro
Zack Lightman é fã de ficção científica e conhece quase tudo a respeito devido às tralhas deixadas pelo pai depois que ele morreu. Praticamente o quarto inteiro de Zack é um grande tributo ao pai. Ele catou as coisas das caixas e usa até mesmo a jaqueta dele. A morte do pai foi um acidente horrível e Zack vive com a mãe, vai à escola, trabalha numa loja de games. Nada muito animador.

Resenha: Armada, de Ernest Cline

Sua diversão é jogar Armada online com os amigos. Nele uma civilização alienígena resolve invadir a Terra e aniquilar todos os seres humanos e somente os pilotos de drones conseguirão derrotar os aliens. Essa é sua rotina. Mas então, um dia na aula, Zack acha que está alucinando ao ver uma nave igualzinha às do jogo, pairando sobre a escola. Só que não é alucinação. O jogo não é apenas um jogo, é sim um treinamento para uma guerra oculta durante décadas. Lembrou de O Último Guerreiro das Estrelas?

A partir daí, Zack cai de cabeça numa missão militar ultra-secreta contra uma ofensiva alienígena que não faz o menor sentido, assim como o livro inteiro. Jogador Número 1 tem clichês? Tem. Mas lá os clichês foram melhor trabalhados, junto de todas as referências à cultura pop que foram bem inseridas em diversos parágrafos. Porém, em Armada, tudo é extremamente mecânico. Tem uma determinada situação e Zack saca alguma referência a Battlestar Galactica ou a Star Trek e o momento acaba, a referência acaba também. E todos - TO-DOS - os clichês que imaginamos num enredo desses está presente.

Os personagens são bem rasos, meros borrões, até mesmo os protagonistas. Não há grandes reviravoltas, nem nada surpreendente. E os livros não precisam, necessariamente, de mega plot twists, mas o caminho deve ser agradável ou interessante o suficiente para nos prender com os personagens até o fim e sair maravilhado, pensativo ou satisfeito. Armada não consegue fazer nada disso.

Temos, mais uma vez, as fantasias de um garoto gamer e nerd que se realizaram. E mesmo que mantivesse os clichês, se eles tivessem sido bem trabalhados, não teria sido um livro tão difícil de ler. Tudo é tão previsível e mal feito que o leitor tem a impressão de que o livro foi escrito apenas para ganhar dinheiro, vindo na esteira do sucesso de Jogador Número 1. É um enredo bem estadunidense, como aqueles filmes onde a missão do herói é manter o modo de vida "americano". Oi? E o resto do mundo, globalização, sabe? Não temos mais aquele mundo dividido em EUA X URSS.


Obra e realidade
Lembro que quanto assisti a O Último Guerreiro das Estrelas, que volta e meia aparecia no Cinema em Casa, eu queria ir nas casas de fliperama para achar uma máquina igual àquela, onde eu pudesse ir ao espaço e, quem sabe, atirar em aliens. Nunca tive videogame, então eu dependia do fliperama e daqueles playlands de shoppings onde as máquinas ainda resistem. Não seria maneiro você ser bom demais num jogo e aqui ser verdade? Pohan, claro que seria! É uma fantasia se realizando!

Por isso que enredos como esses cativam. É sair do lugar comum, embarcar em uma aventura e, depois de salvar o mundo, voltar a tempo da aula de segunda-feira. Mas tudo tem seu momento e seu lugar. Estes enredos cativavam nos anos 80, mas hoje poderíamos dar um passo além e navegar por outros mares e espaços.

Ernest Cline

Ernest Christy Cline é um escritor, poeta e roteirista norte-americano.

Pontos positivos
Cultura nerd
Invasão alienígena

Pontos negativos
Clichês mal trabalhados
Partes mal escritas
Muito óbvio

Título: Armada
Título original: Armada
Autor: Ernest Cline
Tradutor: Fabio Fernandes
Editora: Leya
Páginas: 432
Ano de lançamento: 2015
Onde comprar: na Amazon


Avaliação do MS?
Bem, nem sei mais o que dizer de Armada. Uma pobre tentativa de ganhar mais dinheiro dos fãs de 35-40 anos com um profundo saudosismo dos anos 80. Serviu também para fazer os novos fãs comprarem o livro. Mas se você tiver coisas melhores para ler, pode empurrar Armada lá pro final da lista de leitura. Se achar que não vai ter tempo, pode tirá-lo completamente da lista, porque não acrescenta em nada na sua vida. No mais, dois aliens para o livro e olhe lá.



Até mais!

Já que você chegou aqui...

Comentários

  1. também não gostei do armada. foram vários clichês e altamente previsível. Sem contar cenas ingenuas, como uma nave gigante pousar no meio do colégio e todos acharem aquilo super normal quando um aluno entra na nave e vai embora.

    pra ser sincero, como ele passa várias vezes falando de seu incidente, eu queria MUITO (embora soubesse que o autor nunca teria coragem de fazer algo assim), que na real todo o lance da armada fosse só um surto psicótico do zack e ele estivesse no hospital rs

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  2. Já não ia ler mesmo, agora é que não vou perder meu tempo mesmo!

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  3. Pode me indicar algumas opções do gênero para leitura? Achei ele fraco, mas gostei o Jogador N1.

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  4. Adquiri Armada por achei o Jogador n° 1 mto bom

    Eu achei bem clichê o Armada, há coisas bem previsíveis tbm como por exemplo ele reencontrar o pai... No mais, é um bom livro pra passar o tempo

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