Resenha: Manual do Império, de Daniel Wallace

Ganhei este livro de presente de uma pessoa muito querida. Manual do Império é mais um livro acessório da saga Star Wars, assim como O Caminho Jedi e O Livro dos Sith. Desta vez temos as especificações sobre o funcionamento da máquina imperial para um jovem comandante que está ingressando. E a mensagem é bem direta para o leitor que nem precisa estar tão atento na leitura: isso é um manual para uma ditadura, pura e simples.

O livro
O Manual é aberto por uma informação importante. É um dos poucos manuais restantes desde a queda do império. Parou de ser distribuído logo após a destruição da primeira Estrela da Morte e é bem difícil encontrar um em bom estado. Obviamente, todas as informações contidas nele são de grande importância para os esforços de guerra, pois traz especificações sobre as Forças Armadas Imperiais, sobre Stormtroppers e sobre a doutrina imperial.

Resenha: Manual do Império, de Daniel Wallace

Várias pessoas leram o manual e deixaram informações em suas páginas, como Luke, Leia e Han Solo, o que é perceptível pelos vários estilos de letras nas margens, fazendo comentários. Cada um deixa uma observação pertinente e suas surpresas com alguns fatos narrados ali. Fiquei espantada também com certas passagens, pois o manual deixa bem claro como o império era autoritário e xenófobo. Alguns trechos abaixo mostram como a tropa andava no Império.

A militarização é a cura para a doença que a Velha República levou para a galáxia. A Nova Ordem fornece a salvação por meio da Marinha e do Exército imperiais, bem como dos Stormtroppers.

(...)

Ao cortar os últimos laços com o passado, o Imperador acabará com a fracassada filosofia representativa da maioria.

(...)

Os Rebeldes e seus simpatizantes temem a ordem. Suspeitam da prosperidade. Odeiam o progresso. Observe quem eles acolhem como soldados e oficiais, e você perceberá rostos peludos, cheios de escamas ou olhos esbugalhados. Com isso, notará que eles também odeiam Humanos.

(...)

A República se preocupou com todos os pedidos dos cidadãos, por mais insignificantes ou imbecis que fossem.

Para um Império que se formou em meio ao caos seguido da tomada de poder por Palpatine, nada mais controlador e autoritário que pintar um inimigo, fomentar desejos de guerra e estabelecer uma conduta rígida para seus oficiais sob a falsa premissa de um patriotismo salvador da galáxia. O livro inteiro discorre sobre isso, sobre o dever dos cidadãos em proteger seu império e de glorificar seu imperador, mas na real mesmo é um manual de uma ditadura ficcional, que nada deve para qualquer ditadura que já conhecemos.

Cada capítulo é escrito por um oficial, ou comandante daquela área designada, recheado de imagens que reforçam o status autoritário do regime. Temos detalhes interessantes sobre naves, armas, treino de tropas, tudo o que um soldado ou oficial de uma ditadura precisa para o seu dia a dia.

O livro é muito bem acabado, com capa dura e ilustrações muito bem feitas. Você sente que acabou mesmo de receber um material verídico. As fontes manuscritas não apresentam dificuldade para ler, diferente dos dois livros anteriores, onde a letra de Palpatine era impossível de ler e com falhas. Temos, no entanto muitas especificações técnicas pelas páginas, o que enche o saco em alguns momentos.

Obra e realidade
Uma das coisas que eu mais li no blog nesses anos todos é de gente dizendo que "ain, mas eu só quero me divertir, não quero pensar". Olha, sinto muito, mas ao ler uma obra dessa e não conseguir enxergar os paralelos com a realidade, sua preocupação com seu próprio ego é tão grande que lhe impede de enxergar o óbvio.

Nós podemos sim nos divertir com alguma coisa e ainda ter o olhar crítico sobre isso. Eu sou uma fã incondicional de Stargate SG-1, me divirto horrores com a série, mas sou a primeira a apontar vários problemas nela como o Princípio de Smurfette, o fato de ter um negro na série toda, o fato de ter muito homem branco. Quem foi que disse que você deve abrir mão da diversão? Ninguém. Mas não podemos ignorar as mensagens também.

Daniel Wallace

Daniel Wallace é um escritor norte-americano, autor de vários livros dentro do universo de Star Wars.

Pontos positivos
Bem acabado
Ilustrações
Crítica
Pontos negativos
Opressão
Xenofobia
Muitos dados técnicos


Título: Manual do Império
Título original: Imperial Handbook
Autor: Daniel Wallace
Tradutor: Ângelo Lessa
Editora: Bertrand Brasil
Ano: 2015
Páginas: 160
Onde comprar: na Amazon!

Avaliação do MS?
Um daqueles livros colecionáveis. Fãs de carteirinha da franquia que queiram conhecer os pormenores do império e saber como os oficiais eram treinados, quais eram suas capacidades, como eles eram doutrinados e sofriam lavagem cerebral, tenha este livro na estante. Várias ilustrações são bem no estilo de convocação para a defesa da pátria, como aquelas de locais de alistamento. Isso é reforçado no livro todo. Uma ótima maneira de conhecer a filosofia do imperador e as forças inimigas. Cinco aliens.


Até mais!

Comentários

  1. Tem hora que é impossível não problematizar, e o que você me disse me fez lembrar que no início da semana estive lendo "A grande fome: contos" e a misoginia me incomodou bastante. Provavelmente tinha o contexto da época dos contos, embora não sei se o autor era problemático nesse nível. Fiquei realmente desconfortável em vários momentos por isso.

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