As mulheres de Stargate - Parte 2

Stargate é uma franquia de sucesso, com filmes, séries, e milhões de dólares em produtos licenciados. Mas o mais marcante de tudo isso são suas mulheres. Dificilmente parecidas, cada uma com seus infernos particulares para enfrentar, elas são uma boa amostra de personagens reais em séries de ficção científica. Elas oscilam por caminhos perigosos, erram, precisam enfrentar inimigos alienígenas e ainda tentar levar uma vida pessoal.



No primeiro post, eu tratei apenas da série Stargate SG-1, por se tratar do maior spin off, com dez temporadas. Então, nesta segunda parte, serão mulheres dos outros dois spin offs menores, Stargate Atlantis e Stargate Universe.


STARGATE ATLANTIS

Elizabeth Weir
Esta série é interessante para quem curte o mito da Atlântida. Aqui, temos uma nave-cidade (sim, ela não só voa como vai para o espaço) que foi afundada no mar de um grande planeta para escapar de um ataque alienígena de grandes proporções. Dez mil anos depois, uma expedição humana vinda pelo Stargate acorda a cidade em uma outra galáxia do grupo-local. Esta equipe é liderada pela Dra. Elizabeth Weir, uma civil em meio a militares. Esse fato por si só já coloca em Weir uma pressão a mais, pois ela sabe o desrespeito que terá que enfrentar ao assumir o comando das missões pelo Stargate e depois da missão de Atlantis.
Elizabeth Weir, líder da missão Atlantis. 
Diplomata, especialista em política internacional, poliglota e mediadora em várias negociações nas Nações Unidas. Foi chamada pelo presidente para liderar o programa Stargate devido sua experiência em negociações. Depois, tornou-se a líder da nave-cidade Atlantis, onde tomou diversas decisões difíceis, negociou com inimigos e foi até mesmo invadida por nanites ultra avançados. Weir deixou o noivo na Terra, avisando que estava tomando uma decisão muito importante e que iria para longe. Tal ato desagradou muito fã recalcado, como se fosse proibido para uma mulher ter ambição. Ela se sente tão confortável no arriscado ambiente da galáxia Pégaso, que quando foi obrigada a voltar para casa, se sentiu deslocada e isolada.

Teyla Emagan
Outra mulher de fibra que podemos conhecer em Atlantis é Teyla. Ela é natural da galáxia Pégaso, tendo nascido no planeta Athos. Seu povo, desde tempos ancestrais, precisa conviver com os Wraith, uma perigosa raça alienígena que se alimenta da força vital dos humanos. Ela cresceu vendo familiares e amigos sendo levados nas colheitas, portanto conhece bem o inimigo e o que é sobreviver.
Teyla Emagan.
Teyla é uma guerreira corajosa. E também tem a habilidade de sentir a presença dos wraith à distância, o que ajudou seu povo a evitar novas colheiras e mais mortes. Teyla vive dividida entre estar com seu povo e lutar ao lado dos humanos para defender Atlantis. Entre criar seu filho, ao lado do pai da criança, ou lutar para evitar a infestação wraith pela galáxia. Que mulher nunca se sentiu dividida entre tantos sentimentos e obrigações? Que mulher nunca se viu cansada, sem conseguir retomar as rédeas de sua vida.


Jennifer Keller
A dra. Keller entrou para a Expedição Atlantis em um delicado momento para a equipe: eles tinham acabado de perder o médico-chefe em uma explosão e estavam todos ainda muito frustrados com isso. Jennifer entra e já se sente deslocada, duvidando de suas capacidades como médica e como membro da equipe. Os casos muitas vezes são inusitados, além de sua capacidade médica e ela se vê em situações que nunca imaginou estar. Civil, assim como Weir, e sem treinamento adequado para guerra, Jennifer reluta em ficar em Atlantis.
Dra. Jennifer Keller.
Seu trabalho era para ser temporário, mas com o tempo, tanto equipe quanto a própria Jennifer se sentem mais à vontade na companhia um do outro. Fica claro, logo de início, que Keller não é voltada para a ação. Em quase todas as vezes em que saiu da cidade, ela teve problemas. Mas o que é inegável é sua dedicação aos pacientes e tendo seu trabalho prejudicado, sem poder ajudar os outros, ela logo se desliga do programa.

STARGATE UNIVERSE

Uma pena que a série acabou prematuramente com apenas duas temporadas. O formato não agradou ao público fã do modelo tradicional, a audiência despencou e a MGM acabou fechando tudo. Mas diferente das outras duas, onde as operações com o Stargate são num lugar fixo, em Universe ela acontece em uma nave há milhões de anos-luz do nosso sistema solar. Parece um Lost versão espacial, mas a ideia tinha muito potencial.

Camile Wray
Camile é civil, tendo trabalhado no conselho que revisa as missões Stargate. Ela se vê presa à nave Destiny, junto de outros membros da Base Ícaro, impossibilitada de retornar para casa e para a esposa. Camile é uma das poucas personagens lésbicas da ficção científica e da televisão e a série soube mostrar os conflitos pelos quais Wray passa, como por exemplo não conseguir ser promovida, sem nem saber exatamente por que.
Camile Wray. 
Wray não tem treinamento militar, por isso ela se vê bastante perdida de início ao chegarem na Destiny. Ela defende seus ideais e bate de frente com a tripulação militar várias vezes, acreditando que o comando da nave deve ficar com ela e não com o Coronel Young. Defende que numa verdadeira democracia, para evitar abusos, os militares são comandados por um governo civil e tenta institucionalizar isso, não conseguindo levar a cabo o golpe. No final, acabamos sem saber o que de fato acontece com a tripulação já que a série terminou, mas Camile é, sem dúvida, um grande destaque na série.

Tamara Johansen
Primeiro-tenente, ou TJ para os amigos, é paramédica e acaba se tornando a médica à bordo da Destiny, tendo que se virar com pacientes doentes, poucos suprimentos, ataques alienígenas e seu conturbado relacionamento com o Coronel Young, com quem teve um relacionamento. Ela terminou tudo pouco antes dos acontecimentos que os levaram para a nave. Young tentou reerguer o casamento, enquanto TJ tentava sair do programa Stargate para cursar a universidade e ficar longe dele.
Tamara Johansen.
TJ é um personagem complexo, ela parece não conseguir encontrar seu lugar. Quando se viu à bordo da nave, perdida, longe de casa, tendo que conviver num ambiente estressante com pessoas assustadas, ela precisou assumir um posto que achava impossível de preencher. O psicológico de todos acabou caindo em suas mãos, enquanto descobria estar grávida de seu oficial superior. Essa foi uma discussão interessante da série: como dar à luz e criar uma criança em um ambiente tão perigoso?


Agora, uma crítica à franquia, ou melhor uma segunda crítica, já que a primeira foi sobre o Princípio de Smurfette. Se você acompanhou desde o primeiro post deve ter percebido a predominância de personagens brancos. Tirando Camile Wray, todas as outras são caucasianas, brancas. A série poderia ter explorado isso muito mais do que explorou, ao fazer uma tripulação mais plural, mais inclusiva. Contudo, tenho que aplaudir Stargate por não cair nos clichês óbvios que muitas séries perpetuam com suas personagens femininas. Vemos aqui mulheres militares, mulheres que lutam, que brigam por seus ideais. Elas não são meros receptáculos vazios para complementar os personagens masculinos.

Até mais!

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