Malala Yusufzai

Malala Yusufzai
Acredito que todos já saibam quem é a paquistanesa de 14 anos Malala Yusufzai e o que lhe aconteceu. Ela era ameaçada de morte pelo grupo fundamentalista muçulmano Talibã e eles quase conseguiram matá-la a tiros poucos dias atrás. Seu crime? Querer estudar e querer que todas as meninas de seu país tenham o direito de ir à escola e se educar. Esse ato covarde mostra apenas o quão poderoso é o conhecimento e o medo que ele causa.



É preciso muita coragem para lutar por seus direitos quando se é mulher em regimes fundamentalistas patriarcais como é o Talibã. Malala vinha sendo ameaçada de morte não apenas por querer estudar, mas por defender e incentivar que todas as meninas de seu país fossem à escola, nem que fossem escondidas. Usar o uniforme escolar pelas ruas já as tornavam um alvo dos radicais que negam os direitos humanos mais básicos às minorias e em especial às mulheres.

Uma em cada dez crianças no mundo que não vão à escola primária moram no Paquistão.

O atentado contra Malala, que hoje se encontra no Hospital Queen Elizabeth na Inglaterra para tratamento depois dos dois tiros que levou (uma outra colega também ficou ferida com menos gravidade) não é um atentado apenas aos direitos das meninas e mulheres. Seria muito fácil dizer que é mais um crime machista. Ele não apenas é um crime machista, mas é um crime contra a dignidade humana e contra tudo o que a carta dos direitos humanos prega. À Malala e à todas as meninas e mulheres que são proibidas de estudar e de serem livres, a todos - homens e mulheres - que são perseguidos não apenas no Paquistão, como no Afeganistão e na Índia, por professarem uma fé diferente. É um crime que mostra o terrível mal estar que existe em algumas partes do mundo.

Bill Gates, em uma palestra na Arábia Saudita, foi questionado por um senhor se seria possível que seu país um dia fosse tão desenvolvido quanto os Estados Unidos ou os países da União Europeia. E Gates respondeu que não, a menos que eles incluíssem toda a sociedade saudita na empreitada, enquanto apontava para as poucas mulheres no salão.

Malala Yusufzai

O Talibã, em seus atos radicais, está entregando essas meninas ao obscurantismo e ao fanatismo, à perda completa de seus direitos e poucos grupos islâmicos estão mostrando solidariedade à família Yusufzai. O conhecimento é uma arma poderosa contra a opressão, é talvez a maior arma de todas e não é de se espantar que a educação formal nestes países dominados por radicais seja duramente combatida, com escolas queimadas e destruídas.

O trabalho que ela fez era maior aos olhos de Deus do que o que fazem os terroristas em nome da religião. Vamos continuar a defender essa causa notável."

Asif Ali Zardari, presidente do Pasquistão

Já no Brasil, escolas são destruídas ao bel prazer de vândalos, pelo descaso estatal, pela ignorância dos alunos e da sociedade. Se o que aconteceu a Malala pode ser usado como exemplo, isso mostra que a educação leva à liberdade, leva ao conhecimento de seus direitos, à uma compreensão melhor do mundo e das coisas que estão erradas nele. Insere as pessoas na sociedade, combate à desigualdade e tenta transformar o mundo em um lugar melhor para todos, homens e mulheres. Mas o mundo nunca será bom enquanto crianças e jovens são baleados. Seja porque querem estudar, seja porque entraram para o crime por falta de oportunidade de uma vida melhor.

Nada, absolutamente nada, justifica o que aconteceu à Malala, o que acontece com tantas outras meninas, mulheres, jovens, escolas e aos direitos humanos, que foram solapados pela ignorância Talibã e que são solapados todos os dias quando a alguém são negados seus direitos mais básicos.

Malala Yusufzai
E eu também.

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