Estação espacial: arte e conceito

Há algum tempo atrás eu listei algumas estações espaciais de filmes e séries de televisão, mas faltou falarmos da estrutura, da forma, o design. Mesmo que muitas delas ainda não tenham saído do papel e cuja construção esteja bem longe de acontecer, elas não foram projetadas a esmo. Existe toda uma lógica em seu conceito e hoje vou mostrar os mais importantes.

Estação Espacial Internacional
Arte da NASA para a Estação Espacial Internacional em órbita da Terra.


O termo estação espacial foi usado pela primeira vez em 1923 pelo cientista romeno Hermann Oberth, um dos precursores da astronáutica. Hermann foi o primeiro também a idealizar os foguetes de múltiplos estágios. Para ele, a estação seria um ponto de partida e chegada para as viagens à Lua e à Marte. Werner Von Braun, cientista alemão, também foi um grande idealizador de estações espaciais. A ficção científica pegou carona nos projetos espaciais no período pós-Segunda Guerra e corrida armamentista, pois muitos projetos visavam uma ocupação fora da Terra por conta de guerras nucleares.


Estações modulares
Estas são aquelas que nós conhecemos melhor, pois elas já foram construídas. Elas são montadas no espaço através da acoplagem de módulos pressurizados, circulares em geral para facilitar o transporte. Sua originalidade está em aceitar a acoplagem de vários módulos. Como a antiga URSS e os Estados Unidos foram os donos do mundo, partiram deles as primeiras iniciativas de construção e ocupação da órbita terrestre. Em 1971 a União Soviética deu a largada com a Salyut 1, que no entanto ficou mais conhecida pela morte dos três cosmonautas no retorno à Terra.
Estação russa MIR
Estação russa Mir, 1986

O acidente fez os cientistas soviéticos reformularem todo o programa espacial. Em 1973 foi a vez dos norte-americanos com o Skylab, que precisou ser abandonada após uma série de problemas causadas por uma forte tempestade solar e ela queimou na reentrada da atmosfera. Em 1986, a União Soviética lançou a Mir, com inovações e uma superioridade em relação aos projetos anteriores. Ela foi redirecionada e queimou na reentrada em 2001. Hoje contamos com a Estação Espacial Internacional e a estação chinesa Tiangong 1.


Estações giratórias e esféricas
Este foi o projeto precursor e inovador para alguns tipos de estações que serão vistos mais para frente. Ele foi criado por Herman Potocnik, cientista austro-húngaro, em 1929, para resolver o problema da gravidade artificial e servir de habitação no espaço. Ela consiste em uma roda fechada, girando em torno de um eixo, criando força centrífuga. A estação espacial 5, de 2001, Uma Odisseia no Espaço, é neste estilo. O conceito original pode ser traçado até 1903, com o russo Konstantin Tsiolkovsky, que pensou em girar corpos no espaço para criar gravidade artificial.


Toroide de Stanford
Toroide de Stanford, 1975
Toroide de Stanford, 1975
O nome é muito esquisito, mas o conceito é genial. Desenvolvido pela Universidade de Stanford em 1975 como uma proposta para ocupação prolongada e/ou permanente no espaço, ele consiste em uma forma circular, como um pneu, de tamanho variável, que gira em torno de um eixo para gerar uma gravidade artificial por meio da força centrífuga. Ele permanece ligado a um cubo central por raios, que pode servir como doca de atracação para naves espaciais. O interior do anel é usado como habitação, podendo ser criado um ambiente natural, com lavouras e casas.


Cilindro de O'Neill
Cilindro de O'Neill
Cilindro de O'Neill
O conceito foi elaborado pelo físico norte-americano Gerard O’Neill em 1976 como uma variação do Toroide de Stanford. A diferença entre ambos é que o projeto de O'Neill é completamente circular, formando um grande cilindro (como Babylon 5), enquanto o de Stanford é uma roda giratória presa em um eixo. Isso garante uma maior área de ocupação e vivência. Ele consiste em dois cilindros giratórios que rodam um ao contrário do outro para criar gravidade artificial pela força centrífuga. Grandes escotilhas permitem a entrada da radiação solar e podem ser protegidas para impedir tempestades solares.


Esfera de Bernal
Esfera de Bernal
Esfera de Bernal
Este projeto é semelhante ao Cilindro de O'Neill, mas é menor e duas vezes mais resistente por contar com proteção extra contra radiação e possíveis colisões em ambiente sem gravidade. O princípio é o mesmo: cilindros girando em sentindo contrário para criar gravidade. Apesar da proteção extra contra radiação e impactos, ela é bem menor que sua antecessora. Anéis externos para agricultura seriam adicionados e escotilhas conduziriam radiação solar para o vão central que serviria como local de habitação. Pode ser considerada a prima pobre dos cilindros de O'Neill.


Esfera de Dyson
Esfera de Dyson
Esfera de Dyson
Este modelo ultra futurista foi concebido para fornecer um incrível suprimento de energia para uma civilização espacial, proposto por Freeman Dyson, cientista inglês. Ela consiste em envolver uma estrela com uma rede de satélites e estações interligadas entre si, provendo assim o máximo de energia que a estrela é capaz de fornecer. Hipoteticamente falando, ela serviria para encontrar civilizações alienígenas, que buscando suprimento de energia abundante, recorreriam a esse modelo. Meio polêmico, acredito, mas a ideia é bem interessante.

Até mais!

Leia mais:
Sci fi Ideas
NASA

Bônus
Acompanhe a Estação Espacial Internacional em tempo real em sua órbita. Clique aqui.

Comentários

  1. Será que O'Neill se inspirou em Arthur Clarke? ou foi o contrário?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Provavelmente Clarke se inspirou em projetos anteriores, pois o Cilindro de O'Neill é uma variação do Toroide de Stanford.

      Excluir
  2. Destes, o meu favorito é a esfera de Dyson. O conceito de construir uma estrutura tão grande e complexa, o suficiente para envolver uma estrela, mesmo que pequena. Aliás, tem uma episódio de Nova Geração, em que a Enterprise encontra uma destas.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

ANTES DE COMENTAR:

Comentários anônimos, com Desconhecido ou Unknown no lugar do nome, em caixa alta, incompreensíveis ou com ofensas serão excluídos.

O mesmo vale para comentários:

- ofensivos e com ameaças;
- preconceituosos;
- misóginos;
- homo/lesbo/bi/transfóbicos;
- com palavrões e palavras de baixo calão;
- reaças.

A área de comentários não é a casa da mãe Joana, então tenha respeito, especialmente se for discordar do coleguinha. A autora não se responsabiliza por opiniões emitidas nos comentários. Essas opiniões não refletem necessariamente as da autoria do blog.

Form for Contact Page (Do not remove)