A Escala de Bortle

Quem vive num centro urbano ou numa grande área urbanizada, ao olhar para o céu limpo, não conseguirá ver tantos corpos celestes quanto aqueles que aparecem nas imagens que tanto povoam livros e sites. Se formos para o interior, no entanto, em uma região pouco urbanizada, com pouca presença de civilização, o céu parece muito mais brilhante e visível. Por que isso? Isso tem a ver com a quantidade de luz e a intensidade da escuridão que são medidas pelas Escala de Bortle.




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Um céu completamente escuro, sem influência de luzes da cidade por exemplo, é essencial para a observação astronômica. Por isso, John E. Bortle publicou em 2001 o resultado de anos de observações e de coleta de informações sobre as condições do céu (baixe em PDF o artigo original em inglês). O avanço da urbanização prejudica a visão que temos do firmamento. Se há trinta anos era necessário uma hora de carro de distância de uma cidade grande para se ter total escuridão, hoje são necessários mais de 150 km para se livrar da poluição visual, isso se você não estiver numa grande região metropolitana. Regiões como a costa leste dos Estados Unidos, o distrito de Tóquio ou no sul da Inglaterra, isso não é mais possível.

A diferença entre um céu da cidade e um céu sem poluição luminosa.

Mesmo que o céu tenha alguma poluição, a luminosidade das estrelas ainda consegue atravessar, ao contrário de nebulosas e nuvens de poeira. A escala tem 9 classes:

Classe 9 - céu da cidade, fortemente iluminado, mesmo do ponto mais alto. Algumas constelações e estrelas mais brilhantes, como Alfa Centauro são visíveis. Planetas como Vênus e Marte também são aparentes, além da Lua.

Classe 8 - céu da cidade onde há um brilho cinzento ou alaranjado, tanto que é possível ler sem ajuda adicional. A olho nu as estrelas parecem um pouco mais brilhantes. Com um binóculo ou um telescópio é possível identificar mais algumas estrelas e aglomerados.

Classe 7 - surge uma transição entre o centro urbano e o subúrbio, que é menos iluminado. O fundo do céu tem uma cor acinzentada, porém fontes luminosas são evidentes em todas as direções. Via Láctea ainda não aparece e as nuvens são muito luminosas. Com um telescópio, é possível ver manchas de nebulosas, mas sem definição.

Classe 6 - céu de subúrbio, onde a luz zodiacal não pode ser vistas, mas traços da Via Láctea são vistos no zênite. Nuvens em qualquer ponto do céu parecem muito brilhantes. Mas é impossível observar com clareza objetos complexos do céu sem binóculo ou telescópio como a NGC 5128.

Classe 5 - céu de subúrbio, onde nas noites claras de primavera e outono alguns traços da luz zodiacal são visíveis. A Via Láctea parece muito desbotada, muito fraca ou até invisível. Em boa parte do céu, as nuvens são brilhantes e no horizonte, mas há fontes visíveis de luz evidentes em todas as direções do horizonte.

Classe 4 - surge uma transição entre o céu de subúrbio e o rural. Pontos de poluição luminosas são aparentes em várias regiões, mas não em todo o horizonte. A luz zodiacal é mais evidente e já é possível ver a estrutura da Via Láctea, mesmo que com poucos detalhes. Quando próximas do horizonte, as nuvens são mais claras e no zênite são mais escuras.

Classe 3 - céu rural, mas é possível ver alguma poluição visual no horizonte. Pouquíssima iluminação nas nuvens no horizonte, mas são negras no zênite. Estruturas complexas da Via Láctea são visíveis, mas aglomerados globulares não são distinguíveis a olho nu.

Classe 2 - local escuro, o brilho da atmosfera pode ser aparente ao longo do horizonte. A luz zodiacal ainda brilha e é distinguível por sua cor amarelada quando comparada ao branco-azulado da Via Láctea. Muitos objetos ainda são observáveis a olho nu.

Classe 1 - céu completamente escuro, ótimo para observações, com várias regiões da Via Láctea bem visíveis a olho nu e luz zodiacal visível. Galáxias e algumas nebulosas, como a de Órion são visíveis sem ajuda de binóculos ou telescópios. Objetos ao redor serão invisíveis devido à escuridão.

Sem poluição luminosa, com poluição luminosa

Até mais!

Luz zodiacal - uma luz fraca, de brilho triangular e esbranquiçada vista no céu noturno que se estende ao longo da eclíptica ou do zodíaco, causada pela luz solar espalhada pela poeira espacial. É muito fraca, só aparece em ambientes muito escurecidos. (Wikipedia)
Zênite - Ponto em que a vertical de um lugar encontra a esfera celeste. O zênite é oposto ao nadir, o ponto diretamente abaixo da cabeça do observador. Uma linha reta poderia ser traçada ligando o zênite, o centro da Terra e o nadir. (Dicionário Online de Português)


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