A parafernália e a paranoia


O post foi inspirado pelo ótimo quadro Futuro: Modo de Usar, do repórter da GloboNews Rafael Coimbra. No dia em questão, 26 de maio, ele abordou o excesso de gadgets que deixariam o ser humano com o raciocínio mais lento. É um fato interessante de se pensar, pois as facilidades eletrônicas são tantas, existem tantos equipamentos e tanta redundância entre eles, que às vezes trabalhamos no piloto automático, amparados por essas facilidades e esquecemos do significado do restante.





O mundo vem abaixo quando o celular é perdido, todos os seus contatos estavam lá e a agenda eletrônica do aparelho já mostrava o nome do número armazenado. E lembrar destes números todos? Alguém ainda usa uma agenda de papel e faz o seu backup analógico? Eu faço por precaução, para nunca mais perder números após muitas perdas de aparelhos e um roubo. Com o computador, muita gente entra em pânico. Quando ocorrem problemas na internet então, os ânimos inflamam de tal maneira que as pessoas perdem a razão.

Esse mundo digital vem mostrando o quanto as pessoas dão valor aos equipamentos eletrônicos e como transferem sentimentos para os mesmos. O aparelho novo, com aquele cheiro hipnótico de produto que saiu da caixa não enche o saco, não reclama, não trai, não ofende, oferece entretenimento, facilidade e funcionalidade, sempre ali à mão. Pois então temos outro fenômeno, pois além de deixar as pessoas altamente dependentes, elas também deixam de lado as relações pessoais para conviver com um aparelho eletrônico.

Isso tornaria as pessoas superficiais, pois o excesso de informação impede que seja possível ler um livro em profundidade e refletir sobre ele, impede de acessar um único texto e assim conseguir lê-lo por inteiro pelo excesso de hiperlinks que redirecionam para centenas de informações diferentes. A ditadura da oferta enche nossos olhos com os milhões de cores das telas de tablets, celulares e notebooks e acaba isolando os seres humanos, mesmo que uma sala esteja cheia de gente. Se cada uma estiver no celular ou lendo no tablet, elas podem estar interconectadas, mas estão essencialmente sozinhas.

Engraçado. Aquilo que serve para conectar as pessoas acaba deixando-as isoladas, com excesso de informação. As multitarefas executadas ao mesmo tempo - neste exato momento estou escrevendo o post, com Twitter, email, blog e Facebook abertos - chega a impedir as pessoas de completar seus trabalhos e lições de casa, de se concentrar, de analisar. Isso sem dúvida atrapalha o raciocínio. Mesmo que o nosso cérebro seja adaptável, pois é a melhor máquina de calcular do mundo, todo mundo tem o seu limite.

Mas há também aqueles que dizem que essa multiplicidade de ferramentas estimula o pensamento, a lógica e a interconexão de informações, pois cada vez que postamos, comentamos ou deixamos nossas palavras pela internet ou até mesmo em cadernos (bem analógico) deixamos uma extensão da nossa mente ali.

Então seria uma forma de descarregar a tarefa da memória em ter que armazenar tudo possibilitando que todos tenham acesso às nossas impressões e pensamentos. O que de fato a geração tecnológica precisa ter é bom senso. O próprio Rafael Coimbra disse no quadro que ele se sente sufocado por ter em seu tablet 30 livros e não conseguir ler nenhum, pois tenta ler os 30 ao mesmo tempo. Não custa nada a gente permanecer um tempo off-line e de ter uma vida off-line, desplugando nossas emoções da máquina. Por mais controversos que os seres humanos sejam, a máquina não tem coração, não tem sentimentos, é um objeto inanimado e não podemos nos tornar um também.

Até mais!

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